A neurologista infantil Dra. Tamiris Mariano, CRM 21354-CE RQE 12337, alerta que certos comportamentos no ambiente familiar podem prejudicar o desenvolvimento cerebral dos bebês. Segundo a especialista, fatores como estresse tóxico, ausência de brincadeiras e falta de estímulo à autonomia impactam negativamente a construção das conexões neurais e o amadurecimento cognitivo da criança.
Com mais de 197 mil seguidores, Dra. Tami orienta pais e cuidadores sobre práticas simples, mas fundamentais, para garantir um desenvolvimento saudável. O cérebro infantil é moldado pelas experiências vividas nos primeiros anos de vida, e pequenas atitudes no dia a dia fazem toda a diferença.
Como brigas e gritos afetam o cérebro infantil?
Crianças expostas constantemente a brigas e gritos em casa desenvolvem uma percepção de ameaça contínua. O cérebro interpreta esse ambiente como hostil, o que ativa mecanismos de defesa e estresse. Quando essa exposição é repetida, ocorre o chamado estresse tóxico, que prejudica o hipocampo, área ligada à memória e aprendizado.
Além disso, estudos mostram que esse tipo de ambiente aumenta o risco de ansiedade, dificuldades escolares e problemas comportamentais ao longo da infância. A saúde emocional da criança está diretamente ligada ao equilíbrio do ambiente familiar.
Por que a ausência de brincadeiras pode atrasar o desenvolvimento?
Brincar não é apenas lazer, é uma das principais ferramentas de desenvolvimento na infância. Quando os pais não brincam com os filhos ou limitam esse momento, reduzem oportunidades importantes de aprendizado motor, social e emocional.

Através das brincadeiras, a criança explora o mundo, experimenta limites e aprende a lidar com emoções. Atividades lúdicas estimulam áreas do cérebro responsáveis por linguagem, memória, atenção e criatividade, sendo indispensáveis na rotina diária.
Qual a importância da autonomia na infância?
A autonomia é essencial para a formação da identidade e da autoestima infantil. Quando os pais fazem tudo pela criança, mesmo em tarefas simples, como escolher a roupa ou guardar brinquedos, estão impedindo que ela desenvolva habilidades fundamentais para a vida.
Estimular pequenas decisões e permitir que a criança participe do cotidiano favorece a maturidade emocional e a independência. Esses estímulos, além de fortalecerem o vínculo afetivo, também contribuem para o desenvolvimento cognitivo e da autoconfiança.
O que os pais podem fazer para estimular o cérebro dos filhos?
Criar um ambiente seguro, com afeto e rotina estruturada, é o primeiro passo. Evitar gritos, resolver conflitos com diálogo e dar espaço para a criança brincar e se expressar livremente são atitudes que transformam o ambiente familiar em um espaço de aprendizado.
Além disso, oferecer pequenas responsabilidades diárias e elogiar os avanços contribui para o fortalecimento das conexões neurais e do senso de competência. O desenvolvimento saudável depende da qualidade das interações nos primeiros anos de vida.
Fontes oficiais e referências
- Center on the Developing Child at Harvard University – conceito e impactos do toxic stress: https://developingchild.harvard.edu/key-concept/toxic-stress/
- Center on the Developing Child at Harvard University – importância das interações serve and return: https://developingchild.harvard.edu/key-concept/serve-and-return/