A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, autora reconhecida na área de neurociência comportamental, explica que o cérebro do psicopata possui alterações funcionais que comprometem a empatia. Estudos demonstram que essa condição não é apenas comportamental, mas também neurológica.
Segundo a especialista, pesquisas realizadas com exames de imagem funcional revelam que determinadas regiões do sistema límbico, especialmente a amígdala cerebral e o córtex orbitofrontal, não se ativam em psicopatas diante de cenas que provocariam comoção em pessoas comuns.
Como cientistas brasileiros comprovaram a diferença cerebral nos psicopatas?
Dois cientistas brasileiros, Ricardo Oliveira e Jorge Moll Neto, realizaram um experimento com vinte psicopatas em um presídio norte-americano. Eles foram submetidos a exames de ressonância magnética funcional enquanto assistiam a vídeos com cenas emocionalmente opostas: momentos de paz e violência extrema.
Enquanto pessoas comuns reagiam com empatia, desconforto ou repulsa diante de violência, os psicopatas apresentavam padrões cerebrais idênticos tanto para cenas agradáveis quanto para situações de sofrimento. Em alguns casos, houve ativação de áreas ligadas ao prazer durante exposição a imagens violentas.
O que esses achados significam sobre a empatia?
Esses estudos apontam que a empatia não é apenas um traço aprendido, mas também uma capacidade biologicamente determinada. A falta de conexão entre regiões cerebrais relacionadas à emoção e à interpretação de dor alheia pode explicar a frieza e crueldade nos comportamentos psicopáticos.

Isso também reforça a importância de diferenciar a psicopatia de outras condições de saúde mental, pois sua natureza está relacionada a um funcionamento cerebral específico e não a uma simples falta de valores ou educação.
Esses dados influenciam o tratamento de pessoas com traços psicopáticos?
Sim. A compreensão de que há bases neurológicas na psicopatia contribui para o desenvolvimento de estratégias específicas de controle e monitoramento de comportamentos nocivos. Não existe um tratamento que “cure” a psicopatia, mas a neurociência pode ajudar a prever riscos e formular abordagens de contenção adequadas.
Segundo a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, é essencial que a sociedade compreenda a psicopatia como um transtorno de personalidade complexo, com implicações éticas, legais e sociais.