Segundo o nutricionista Matheus D’Ávila, uma simples mudança na forma de preparo do pão pode impactar diretamente sua resposta glicêmica. Ao congelar e depois torrar o pão, parte do amido se transforma em amido resistente, um tipo de fibra que é digerida de forma mais lenta e, por isso, evita picos de glicose no sangue.
Essa estratégia é especialmente úvil para quem busca controlar o apetite, melhorar a saúde metabólica ou prevenir a resistência à insulina. A prática é simples, acessível e cientificamente embasada.
Por que o modo de preparo influencia na resposta glicêmica?
O amido dos alimentos passa por alterações físicas quando exposto a temperaturas extremas. No caso do pão, ao ser congelado e depois aquecido, parte do amido comum se reorganiza quimicamente e se torna amido resistente, que o corpo não digere totalmente.
Esse tipo de amido funciona como uma fibra solúvel: é fermentado no intestino grosso, contribui para a saúde intestinal e tem absorção mais lenta, o que evita a elevação rápida da glicose no sangue após a refeição.
Congelar e torrar o pão muda mesmo o efeito no corpo?
Sim. Um estudo publicado no British Journal of Nutrition demonstrou que o pão branco congelado e depois torrado apresentou a menor resposta glicêmica entre todas as formas testadas, incluindo o pão fresco e apenas torrado. O efeito foi cientificamente comprovado.
Além disso, esse processo não altera significativamente o sabor ou a textura do pão, o que permite a aplicação prática no dia a dia, especialmente por pessoas que não abrem mão do pãozinho matinal, mas querem torná-lo mais funcional.
O que é amido resistente e quais seus benefícios?
O amido resistente é uma forma de carboidrato que resiste à digestão no intestino delgado. Ele passa intacto até o cólon, onde é fermentado por bactérias intestinais, beneficiando a microbiota.

Esse processo produz ácidos graxos de cadeia curta, como o butirato, que têm efeitos anti-inflamatórios e auxiliam na sensibilidade à insulina. Também contribui para maior saciedade e menor liberação de insulina após as refeições.
Quem pode se beneficiar dessa técnica?
Pessoas com pré-diabetes, diabetes tipo 2, sobrepeso ou mesmo quem busca melhorar a saúde intestinal e o metabolismo podem adotar essa estratégia simples no dia a dia. A mudança no preparo não exige ingredientes diferentes, apenas um ajuste na rotina alimentar.
Matheus D’Ávila reforça que pequenas escolhas tên grande impacto na saúde e que não é preciso abrir mão do prazer de comer pão para fazer escolhas mais inteligentes.
Fontes oficiais e referências
- Harvard T.H. Chan School of Public Health sobre carboidratos e fibras – https://www.hsph.harvard.edu/nutritionsource/carbohydrates/fiber/
- PubMed – estudo sobre amido resistente e saúde metabólica: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23885994/