Recentemente, o Congresso Nacional do Brasil iniciou um esforço significativo para reavaliar e potencialmente expandir os benefícios da licença-paternidade para os trabalhadores. Atualmente, a licença é de cinco dias corridos, sendo considerada por muitos como insuficiente para dar suporte adequado à mãe e ao recém-nascido nos primeiros momentos após o parto. Essa discussão se torna cada vez mais relevante à medida que a sociedade avança para reconhecer a importância do papel paterno no contexto familiar, especialmente nos cuidados iniciais com o bebê.
A ampliação da licença-paternidade não é apenas uma questão de aumentar dias de descanso, mas também de incentivar um maior envolvimento dos pais nos primeiros dias de vida do bebê, promovendo uma cultura de igualdade de gênero e compartilhamento de responsabilidades familiares. Tais propostas não apenas colocam o Brasil em direção a normas internacionais de licença parental, mas também refletem uma mudança cultural essencial que busca um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal dos mais diversos tipos de famílias.
O debate sobre esse tema abrange ainda a inclusão de diferentes configurações familiares e a necessidade de garantir direitos iguais também para casais homoafetivos e para pais adotivos. Essa perspectiva amplia a compreensão de que a licença-paternidade deve ser justa e acessível a todos os tipos de famílias brasileiras, consolidando uma sociedade mais inclusiva e equitativa.
Como a licença-paternidade funciona atualmente?

Atualmente, a licença-paternidade é concedida aos trabalhadores formais sob o regime CLT por um período de cinco dias consecutivos. Em algumas situações, empresas que participam do Programa Empresa Cidadã podem estender esse período para até 20 dias. No entanto, essa extensão não é mandatória para todas as organizações, o que limita o acesso de muitos trabalhadores a esse benefício ampliado.
No setor público, determinados órgãos já dispõem de regras mais flexíveis podendo conceder licenças mais longas, enquanto na iniciativa privada predomina o prazo mínimo estabelecido pela legislação geral. Em ambos os casos, há um consenso crescente de que os dias atualmente previstos são insuficientes diante das demandas da família no pós-parto.
Por conta disso, cresce a pressão por mudanças que tornem a licença-paternidade mais abrangente e igualitária, possibilitando uma estrutura familiar mais estável e favorecendo o desenvolvimento infantil, especialmente nas primeiras semanas de vida.
Quais são as propostas de mudanças para a licença-paternidade?
Entre as propostas mais discutidas no Congresso está a extensão da licença-paternidade para além dos 20 dias, aproximando-se da licença-maternidade, que pode chegar a 120 dias. Essa equiparação visa fortalecer o papel do pai ou da segunda mãe nos cuidados com o recém-nascido e promover maior equilíbrio nas responsabilidades parentais.
Alguns projetos sugerem que a licença seja tornada obrigatória em períodos mais extensos, oferecendo proteção ao emprego do pai durante a ausência e permitindo maior participação em consultas pediátricas e rotina doméstica. Outra medida debatida é a ampliação do benefício para trabalhadores autônomos, informais e para pais em uniões homoafetivas, permitindo que esses grupos também tenham acesso a direitos parentais.
A aprovação dessas propostas colocaria o Brasil em sintonia com diretrizes da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que recomenda períodos maiores de licença parental e políticas que favoreçam o equilíbrio entre trabalho e família para todos.
Quais seriam os impactos dessa mudança?
A aprovação de uma licença-paternidade ampliada traz impactos positivos para o desenvolvimento da criança, garantido o suporte físico e emocional do pai ou da responsável em um momento delicado para toda a família. Esse envolvimento potencializa vínculos afetivos e reduz o estresse da mãe, contribuindo para a saúde mental e o equilíbrio do lar.
No ambiente de trabalho, empresas precisariam adaptar processos internos para cobrir a ausência de funcionários, implementando planejamento estratégico para garantir continuidade das operações. Em contrapartida, organizações podem se beneficiar de colaboradores mais motivados e satisfeitos por terem suas demandas familiares atendidas.
Além disso, a mudança impulsiona discussões sobre igualdade de gênero e a responsabilidade compartilhada nos cuidados infantis, contribuindo para a desconstrução de papéis rígidos atribuidos a homens e mulheres no contexto do trabalho e da família.
O papel da licença-paternidade na igualdade de gênero
A ampliação da licença-paternidade é uma ferramenta importante na luta pela igualdade de gênero. Ao atribuir oficialmente responsabilidades de cuidado aos pais, a legislação contribui para distribuir tarefas domésticas e familiares de maneira mais equitativa entre homens e mulheres.
Essa medida desafia a ideia de que cuidar dos filhos é uma atividade exclusiva das mães e incentiva a participação ativa dos pais desde o nascimento da criança. O resultado é uma sociedade mais equilibrada, onde homens e mulheres têm oportunidades iguais de vivenciar e compartilhar experiências parentais.
A igualdade de direitos nesta área ainda é essencial para combater discriminações no ambiente de trabalho, já que empresas tendem a valorizar profissionais cuja vida pessoal não interfira nas demandas laborais, um fator que afeta principalmente as mulheres sem o devido suporte paterno.
Tendências internacionais sobre licença parental
Nos últimos anos, diversos países têm ampliado significativamente a duração da licença-paternidade, reconhecendo os benefícios para a infância e para o desenvolvimento familiar. Na Noruega e Suécia, por exemplo, licenças de até 10 semanas para pais são comuns, com incentivos adicionais para garantir divisão igualitária entre ambos os genitores.
Em Portugal, a licença-paternidade obrigatória é de 20 dias úteis, podendo ser prolongada em algumas situações, deixando o Brasil ainda atrás em termos de proteção ao recém-nascido e apoio familiar. Esses exemplos mostram que políticas mais amplas são viáveis e trazem desempenhos positivos em diferentes indicadores sociais.
O debate brasileiro pode se inspirar em modelos internacionais bem-sucedidos para consolidar direitos que favoreçam tanto o bem-estar da criança quanto a igualdade entre pais e mães, promovendo padrões de convivência saudáveis desde os primeiros dias de vida.
Desafios para implementação e debates futuros
A ampliação da licença-paternidade enfrenta desafios como o impacto financeiro sobre pequenas empresas, ajustes administrativos e definição clara sobre quem tem direito ao benefício. A necessidade de financiamento, fiscalização e adesão do setor privado são pontos centrais na discussão.
Outra preocupação é a conscientização sobre a importância do papel do pai desde os primeiros dias do bebê, fomentando um debate mais amplo reservado não só à legislação, mas também à cultura da sociedade brasileira. Campanhas educativas e incentivos à adesão das empresas ao Programa Empresa Cidadã podem ser estratégias úteis nesse sentido.
O debate continua ativo no Congresso e entre especialistas, com expectativa de que futuras leis possam promover avanços reais para as famílias, garantindo direitos iguais e fortalecendo o desenvolvimento infantil no Brasil. A ampliação do benefício traduz o compromisso com um país mais justo e igualitário no cuidado e proteção das novas gerações.