Alimentar-se adequadamente à medida que envelhecemos pode ser fundamental para manter uma boa função cognitiva, especialmente em idosos com múltiplas condições crônicas de saúde. Um estudo recente publicado na revista Nutrients sugere que incluir certos alimentos na dieta pode oferecer proteção contra o declínio cognitivo, um problema comum que afeta uma proporção significativa da população idosa.
No contexto de um mundo cada vez mais envelhecido, a atenção ao declínio cognitivo e à demência ganha relevância. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2021, mais de 57 milhões de pessoas viviam com demência, principalmente em países de renda média e baixa. Esse número não para de crescer, com quase dez milhões de novos casos anualmente. Especialmente em idosos com multimorbidade, a perda de capacidades cognitivas pode ser um grande desafio, afetando sua independência e qualidade de vida.
Quais alimentos ajudam a manter a função cognitiva em idosos?
O estudo realizado pela Southern Medical University e pela Universidade de Pequim analisou dados de 3.443 idosos com múltiplas doenças crônicas, utilizando o Mini-Mental State Examination (MMSE) para avaliar sua função cognitiva. Os participantes responderam perguntas sobre a frequência de consumo de diversos grupos alimentares. Dentre eles, os cogumelos, produtos lácteos e oleaginosas se destacaram como especialmente benéficos para a saúde cerebral.

Os resultados sugeriram que esses alimentos influenciam positivamente a rede cognitiva, atuando como “pontes” entre a dieta e funções cerebrais importantes. Em especial, o consumo de cogumelos e algas foi muito destacado, seguido de perto pelos produtos lácteos e oleaginosas, que demonstraram uma ligação importante com capacidades como memória e atenção.
Como o uso da análise de redes contribui para a pesquisa?
Para compreender melhor como esses alimentos afetam a cognição, foi utilizada a análise de redes, uma metodologia estatística que permite visualizar as conexões entre alimentos e sintomas cognitivos. A técnica mostrou como certos alimentos não apenas contribuem individualmente, mas também fortalecem a rede geral de capacidades cerebrais, funcionando como nós cruciais que conectam diferentes elementos.
Além disso, alguns alimentos apresentaram ligações específicas com determinadas funções cognitivas. Por exemplo, o consumo de frutas frescas associou-se fortemente à capacidade de orientação, enquanto os vegetais, embora benéficos, mostraram um impacto menos evidente no tecido cognitivo de maneira geral.
Pequenas mudanças na dieta podem ter grande impacto?
Embora o estudo forneça evidências encorajadoras, os autores destacam que mais pesquisas são necessárias para confirmar esses achados e explorar sua aplicação a longo prazo. Entretanto, sugerem que pequenas modificações na dieta, como incorporar nozes no consumo diário ou adicionar cogumelos às refeições, podem ter um impacto significativo na manutenção das funções cognitivas.
Estabelecer hábitos alimentares mais saudáveis representa uma opção acessível para melhorar a saúde física e mental na velhice. Ao escolher alimentos que beneficiam a função cognitiva, os idosos não só podem melhorar seu bem-estar diário, mas também manter um envelhecimento mais saudável e autônomo. Vale destacar que profissionais de saúde recomendam acompanhamento individualizado para ajustes alimentares baseados na condição clínica de cada pessoa.