O governo federal apresentou recentemente ao Congresso a proposta de orçamento para o próximo ano, trazendo à tona previsões significativas que moldarão as políticas fiscais do Brasil. Destacando-se nessa proposta, o novo valor do salário mínimo está previsto para R$ 1.631, refletindo um aumento de 7%, orientado pela inflação e pelo crescimento econômico. Este aumento está em consonância com o teto de gastos estabelecido pelo arcabouço fiscal, que dirige as despesas do governo. O reajuste do salário mínimo, além de impactar diretamente o poder de compra dos trabalhadores, influencia também benefícios previdenciários e outros repasses feitos pelo governo.
Com este aumento, espera-se que mais famílias tenham maior capacidade de consumo, movimentando a economia interna. Por outro lado, o custo fiscal de cada real a mais no salário mínimo eleva exponencialmente as despesas obrigatórias, demandando um equilíbrio delicado entre responsabilidade fiscal e garantia de direitos sociais. O desafio do governo é manter esse equilíbrio diante das limitações impostas pelo arcabouço fiscal, que determina quanto o governo pode gastar sem comprometer a saúde financeira do país.
Despesas obrigatórias e percentuais no orçamento

Quando se pensa nas despesas do governo, espera-se um incremento de 9%, sendo que mais de 92% destas são obrigatórias. O componente de maior impacto nesse orçamento é indiscutivelmente os benefícios da Previdência, com um custo superior a R$ 1,1 trilhão, um aumento de 11% em relação ao ano anterior. Esta despesa está intrinsecamente ligada ao reajuste do salário mínimo, uma equação que frequentemente recebe críticas devido à sua rigidez e impacto fiscal.
Além dos benefícios previdenciários, as despesas obrigatórias também incluem folha de pagamento de servidores públicos, encargos sociais e transferências constitucionais para estados e municípios. Essas despesas comprometem grande parte das receitas do governo federal, restando pouca margem para gastos discricionários, como investimentos em áreas estratégicas. A rigidez desse cenário orçamentário impõe desafios à flexibilização das políticas públicas, pois há pouquíssimo espaço para cortes de gastos sem afetar obrigações legais e constitucionais.
Principais contas do governo
Além da Previdência, as contas do governo abarcam outros gastos compromissados, que incluem folha de pagamento de pessoal e encargos sociais. Programas sociais como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) também figuram entre as despesas essenciais. Adicionalmente, para 2025, o governo destinou mais de R$ 40 bilhões para emendas parlamentares impositivas, destinadas a senadores e deputados, representando um incremento de quase R$ 2 bilhões em comparação ao orçamento atual.
Outro destaque no orçamento é o volume destinado a investimentos. Em um ano de eleições, a alocação de recursos para obras e projetos se torna ainda mais relevante, com R$ 83 bilhões previstos, sinalizando um aumento de 12%. Além disso, despesas com saúde, educação e segurança pública também representam parte considerável do orçamento federal, ressaltando a importância dessas áreas para o bem-estar social e o desenvolvimento do país.
Impacto das despesas no orçamento
Apesar do planejamento orçamentário parecer robusto em termos de despesas e investimentos, a realidade econômica pode apresentar desafios. O governo planeja um superávit de mais de R$ 34 bilhões, mas na prática, espera-se um déficit de R$ 23 bilhões. Isso se deve à exclusão de certas despesas do cálculo, como gastos com precatórios e dívidas judiciais, influenciando a percepção do balanço fiscal.
Como resultado desse descompasso entre expectativa e realidade, organismos de controle e agências de avaliação de risco seguem atentamente os movimentos do governo, alertando para a necessidade de maior realismo nas previsões. Especialistas destacam que a sustentabilidade fiscal exige tanto crescimento econômico quanto gestão eficiente das despesas. Caso contrário, poderão surgir entraves para a manutenção de serviços públicos e de investimentos fundamentais para o avanço do país.
A política de receitas e desafios fiscais
Para reforçar o caixa, o governo deve investir em medidas de combate à sonegação, revisão de benefícios fiscais e busca por novas fontes de arrecadação, como impostos sobre grandes fortunas e ajustes setoriais.
No entanto, há resistência política a medidas impopulares, e o Congresso muitas vezes impede cortes profundos ou mudanças estruturais. Assim, a capacidade de equilibrar receitas e despesas dependerá não só da arrecadação, mas também da disposição de revisar políticas históricas e ajustar programas conforme indicadores de desempenho e resultados entregues à sociedade.
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e investimentos públicos
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) também observa um aumento no seu orçamento, com um incremento de 6,5%, alcançando quase R$ 53 bilhões. O PAC, ao longo dos anos, tem sido primordial para impulsionar investimentos em infraestrutura e outras áreas estratégicas para o desenvolvimento nacional. Obras como estradas, portos, ferrovias, construção de escolas e hospitais são prioridades do programa, contribuindo para o crescimento econômico e geração de empregos.
No cenário de 2025, o incremento nos recursos destinados ao PAC demonstra o esforço do governo federal em atender demandas por melhorias em infraestrutura e qualidade de vida. O desafio, contudo, está em garantir a execução eficiente dos projetos, evitando paralisações, atrasos e desvios de recursos. A transparência na aplicação desses investimentos será fundamental para que os benefícios do PAC alcancem verdadeiramente a população e impactem positivamente o desenvolvimento nacional.
Perspectivas e conclusões para o orçamento 2025
Em suma, o orçamento proposto pelo governo federal apresenta uma mistura de aumentos em áreas estratégicas e um cuidado com as despesas obrigatórias, tudo dentro dos limites do arcabouço fiscal. Contudo, a real eficácia dessas medidas dependerá não apenas da execução cuidadosa, mas também da capacidade do governo de ajustar suas estratégias financeiras às realidades econômicas do próximo ano.
O cenário de 2025 será marcado por eleições e pela pressão por investimentos sociais e em infraestrutura. Assim, o desafio não será apenas garantir o cumprimento do orçamento, mas avançar na sustentabilidade das contas públicas para assegurar o crescimento equilibrado do país. A avaliação e o monitoramento constantes serão fundamentais para que o Brasil supere os gargalos históricos e alcance um cenário de maior justiça fiscal e desenvolvimento econômico.