A gordura abdominal não é apenas uma questão estética, mas um indicativo das condições internas do corpo. Enquanto muitos atribuem sua presença à genética ou à idade, existem razões mais profundas que explicam por que a gordura se acomoda teimosamente ao redor da cintura. Dr. Alok Chopra, MD, MBBS, Consultor em Cardiologia e Medicina Funcional, chamou a atenção, em uma postagem recente nas redes sociais, para o fato de que a gordura abdominal se tornou “algo que muitos carregam como se fosse normal”. Contudo, não deveria ser assim. Vamos desmembrar cinco razões frequentemente negligenciadas que explicam por que isso acontece e por que não é simplesmente uma questão de “comer menos, mover-se mais”.
Um dos principais culpados é o consumo excessivo de carboidratos, um hábito comum em muitas casas. Iniciar o dia com pão, almoçar arroz e jantar, com essa rotina acumula carboidratos de forma silenciosa, de acordo com Dr. Alok Chopra. O corpo transforma esses carboidratos em glicose, e o problema surge quando essa glicose não é queimada: ela acaba armazenada, geralmente na região abdominal.
Por que o estresse agrava a gordura abdominal?
O estresse altera a química corporal. Horas de trabalho prolongadas, comer por emoção e dormir mal aumentam os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. O cortisol não apenas cria uma sensação de inquietação, mas também sinaliza ao corpo para reter gordura, especialmente ao redor do abdômen. Isso explica por que, mesmo após mudanças significativas na dieta, muitas pessoas ainda percebem a gordura persistente se o sono é insatisfatório ou a mente está constantemente agitada. Além disso, estudos recentes da Universidade de São Paulo apontam que altos níveis de estresse crônico podem também afetar negativamente o metabolismo, favorecendo ainda mais o acúmulo de gordura abdominal.

Qual é a importância da atividade física intensa?
Embora uma caminhada tranquila tenha seus benefícios, ela não é intensa o suficiente para queimar a gordura visceral, o tipo perigoso ao redor do abdômen. Dr. Alok Chopra observa que muitas pessoas caminham pelo mesmo parque há duas décadas, mas a barriga permanece. Para perder gordura, o corpo precisa de atividades cardiovasculares que elevem a frequência cardíaca, como caminhar rapidamente, correr ou pedalar, por pelo menos 40 minutos diários. Uma caminhada devagar não é suficiente; a queima de gordura exige um movimento que faça o corpo suar. Pesquisas recentes publicadas na revista British Journal of Sports Medicine reforçam essa abordagem, sugerindo que a combinação de exercícios aeróbicos e musculação é ainda mais eficaz para reduzir a gordura localizada, inclusive no abdômen.
Como a alimentação processada afeta o acúmulo de gordura?
Os alimentos processados retiram as fibras e sobrecarregam o corpo com grãos refinados, que agem como açúcar. Isso retarda a digestão, aumenta os desejos e promove o armazenamento de gordura. Além disso, é comum o consumo diário excessivo de laticínios, como iogurte, o que gera um excesso calórico desnecessário. Dr. Alok Chopra sugere limitar a ingestão de laticínios a uma vez ao dia, concentrando-se em frutas inteiras, vegetais e grãos ricos em fibras para uma melhor digestão e redução da gordura abdominal. Dados recentes da Organização Mundial da Saúde também alertam para os perigos do consumo frequente de alimentos ultraprocessados, que elevam significativamente o risco de obesidade abdominal.
Genética ou estilo de vida: o que influencia mais?
Embora os genes determinem como o corpo tende a armazenar gordura, as escolhas de estilo de vida decidem se esses genes serão expressos ou silenciados. Muitas pessoas de famílias com histórico de cinturas maiores desistem cedo, acreditando que a mudança é impossível. Contudo, pesquisas indicam que correções consistentes na dieta, gerenciamento do estresse e exercícios direcionados podem superar tendências genéticas. Em suma, a árvore genealógica pode explicar o ponto de partida, mas não define o resultado final. O acompanhamento de profissionais qualificados como os da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia pode ajudar quem está em busca de orientação específica para lidar com esses fatores no dia a dia.