Em meio ao cenário econômico do Brasil em 2025, observa-se que uma parcela significativa da renda dos brasileiros está destinada ao pagamento de obrigações financeiras diversas. De acordo com dados compilados pela Serasa Experian, 70,5% da renda média dos brasileiros está comprometida com contas a pagar, variando entre faturas de cartão de crédito, contas de serviços públicos e outras dívidas. Em média, restam R$ 968 para o consumo mensal, refletindo um quadro desafiador para a gestão financeira das famílias.
A situação se agrava quando analisada a partir de diferentes faixas salariais. Indivíduos que ganham até um salário mínimo, equivalente a R$ 1.804, enfrentam um comprometimento extremo de 90,1% de sua renda, o que lhes deixa apenas R$ 120 disponíveis para outras despesas. Aqueles com rendimentos de até dois salários mínimos enfrentam um cenário também complicado, com 79,4% da renda comprometida, sobrando em torno de R$ 410 mensais. Com o aumento da renda, essa relação tende a melhorar, mas ainda representa um desafio significativo para muitos brasileiros.
Como a renda comprometida impacta a economia familiar?

O elevado índice de comprometimento da renda tem repercussões significativas na dinâmica econômica das famílias brasileiras. Com uma parte substancial da renda destinada a cobrir obrigações financeiras, há uma redução no poder de compra, o que, por sua vez, afeta o consumo e o bem-estar das famílias. Em um cenário onde quase metade dos brasileiros possui algum nível de inadimplência, este comprometimento acaba por limitar oportunidades de melhoria de qualidade de vida e de investimentos em áreas como educação e saúde.
Além disso, o comprometimento excessivo com dívidas reduz a capacidade de poupança das famílias, tornando-as mais vulneráveis a emergências financeiras. A falta desse colchão financeiro pode piorar ainda mais o quadro de inadimplência, criando um círculo vicioso difícil de romper, principalmente em momentos de instabilidade econômica ou imprevistos.
Fatores que elevam o comprometimento da renda
Vários fatores podem ser identificados como contribuintes para o alto nível de comprometimento da renda. Entre eles, o alto custo de vida, a falta de educação financeira, e as elevadas taxas de juros aplicadas em produtos financeiros como empréstimos e cartões de crédito desempenham um papel crucial. Apesar de uma queda progressiva na porcentagem de renda comprometida nos últimos anos, conforme apontado pela Serasa Experian com 72,3% em 2022, 72% em 2023, e 70,9% em 2024, a inadimplência ainda persiste como um problema crescente.
Outro fator que merece destaque é o desemprego ou subemprego, que reduz o fluxo constante de renda, levando famílias a recorrerem mais ao crédito para cobrir necessidades básicas. A insuficiência de políticas governamentais que combatam os altos custos de serviços essenciais também contribui para agravar esse quadro ao restringir o orçamento disponível para consumo e poupança.
Perspectivas econômicas para o futuro
O futuro financeiro dos brasileiros dependerá em grande medida de políticas eficazes voltadas para o estímulo à renda e à educação financeira. Como menciona Eduardo Mônaco, Vice-Presidente de Crédito e Plataformas da Serasa Experian, mesmo com um mercado de trabalho aquecido, é crucial que os aumentos de renda se traduzam em capacidades melhoradas de gerenciamento financeiro familiar e redução da inadimplência. Isso requer não apenas melhores condições de crédito, mas também a implementação de programas amplos de educação financeira que preparem os consumidores para tomar decisões mais informadas.
Especialistas apontam que, além do crescimento do emprego formal, é essencial que haja uma revisão das taxas de juros praticadas no país e a ampliação do acesso a produtos e serviços financeiros justos. Essas medidas podem ajudar a descongestionar o orçamento das famílias no médio e longo prazo, promovendo um ambiente mais saudável para o consumo e para o crescimento econômico como um todo.
Alternativas para reduzir o comprometimento da renda
Para melhorar a capacidade de pagamento da média familiar, é necessário adotar abordagens que combinem educação, acesso a crédito com juros justos e políticas de proteção ao consumidor. Campanhas de educação financeira podem capacitar os indivíduos a tomarem decisões mais informadas sobre orçamento doméstico e a utilização de crédito. Além disso, iniciativas governamentais que visem controlar os altos custos de serviços essenciais podem liberar uma maior proporção da renda para o consumo, promovendo um ciclo de consumo mais sustentável e benéfico à economia global do país.
Outra alternativa importante é a renegociação de dívidas, que pode oferecer alívio imediato para o orçamento das famílias. Plataformas digitais que facilitam a negociação direta entre credores e devedores têm se mostrado eficazes nesse sentido, além de campanhas de quitação com descontos, que oferecem oportunidades para quem deseja regularizar sua situação financeira.
O papel da educação financeira
A educação financeira desempenha um papel fundamental na prevenção do superendividamento e na promoção de uma vida financeira equilibrada. Investir em programas que atinjam todas as faixas etárias, desde o ensino fundamental, contribui para a formação de consumidores mais conscientes, capazes de planejar e administrar melhor seus recursos.
Com uma população mais informada, é possível reduzir casos de inadimplência e incentivar a criação de reservas financeiras. A inclusão de temas como orçamento doméstico, planejamento de compras, uso responsável do crédito e investimentos pode transformar o comportamento das famílias, tornando-as mais preparadas para enfrentar imprevistos e aproveitar oportunidades.
Leia mais: Descontos de até 99%! Renegocie suas dívidas com o Nubank e Serasa
Soluções sustentáveis para o orçamento familiar
A situação financeira dos brasileiros em 2025 continua sendo um reflexo das complexidades econômicas do país. Embora haja leves indícios de recuperação, conforme a porcentagem de renda comprometida vem diminuindo nos últimos anos, o desafio permanece robusto. Soluções eficazes dependerão de um enfoque multifacetado que combine estratégias de políticas públicas com iniciativas educacionais, visando criar um ambiente financeiro mais equilibrado e sustentável para o futuro.
Por fim, fortalecer a comunicação entre setor público e privado, promover o acesso responsável ao crédito e estimular a retomada do consumo consciente são caminhos possíveis para melhorar a saúde financeira das famílias brasileiras. A construção de um ambiente favorável ao controle e ao crescimento do orçamento familiar será fundamental para assegurar uma economia mais justa e resiliente nos próximos anos.