Um estudo propõe que a origem do ânus foi inicialmente reprodutiva, não excretora: ancestrais marinhos teriam um orifício para liberar esperma que depois se uniu ao tubo digestivo, mudando nossa compreensão da evolução animal.
- Xenacoelomorfos oferecem evidências genéticas inesperadas.
- Genes como Caudal e Brachyury aparecem no gonoporo.
- Hipótese desafia ideias sobre perda ou origem do ânus.
Por que se acredita que o ânus surgiu como abertura reprodutiva?
Pesquisadores analisaram pequenos invertebrados chamados xenacoelomorfos, que têm intestino cego e um orifício genital masculino (gonoporo). Esses animais usam a boca para quase tudo, o que revelou pistas sobre funções ancestrais do orifício posterior.
A comparação genética mostrou expressão de genes ligados ao desenvolvimento posterior em torno do gonoporo, sugerindo que o orifício reprodutivo poderia ter dado origem à abertura anal em bilaterianos ao se integrar ao endoderma digestivo.

Que evidências sustentam essa hipótese?
Várias linhas de evidência sustentam a hipótese: estudos moleculares e microscópicos mostram que marcadores do intestino posterior, como Caudal e Brachyury, são ativados ao redor do gonoporo em diferentes xenacoelomorfos, o que é inesperado se fossem estruturas sem relação.
- Expressão de genes hindgut ao redor do gonoporo em espécies como Hofstenia miamia.
- Microscopia revelou espermaductos e abertura posterior em Xenoturbella bocki.
- Análise filogenética sugere que essa explicação é mais parcimoniosa que perdas múltiplas do ânus.
Será que o ânus foi perdido em algumas linhagens ou nunca existiu?
O debate persiste: alguns especialistas propõem que certos linhagens perderam o ânus ao longo da evolução, enquanto outros defendem que o gonoporo seria o precursor original. Essa distinção molda interpretações sobre ancestralidade e perda estrutural.
Especialistas citam razões filogenéticas e comparativas: a explicação de que o ânus evoluiu a partir do gonoporo é mais parsimoniosa em alguns modelos, mas aceitar perda secundária também é plausível dependendo da árvore filogenética adotada.
Quais são as consequências evolutivas de um intestino com duas aberturas?
A emergência de um intestino completo (boca e ânus separados) foi crucial: permitiu digestão contínua, especialização de tecidos e aumento do tamanho corporal, impulsionando a complexidade morfológica dos bilaterianos ao longo do tempo.
- Maior eficiência digestiva e especialização de órgãos.
- Possibilidade de maior taxa metabólica e crescimento corporal.
- Diversificação morfológica facilitada pelo intestino especializado.

Que curiosidades e dicas práticas esse estudo traz?
O trabalho lembra que aberturas corporais são versáteis: exemplos atuais mostram que reprodução e excreção podem compartilhar estruturas, o que ajuda a interpretar fósseis e modelos de desenvolvimento comparado em anatomia comparada.
- Aves e monotremados usam cloaca, mostrando função dupla de um mesmo orifício.
- Cnidários e platelmintos exemplificam uso da boca para excreção e reprodução.
- Entender homologia ajuda a contextualizar achados fósseis e testes genéticos.