Inflammaging, termo que se refere à inflamação crônica de baixo grau, é um fenômeno biológico que ganha especial relevância durante a transição para a menopausa. Esse tipo de inflamação, diferentemente da inflamação aguda que atua como resposta rápida as infecções ou lesões, é persistente e sistêmica. Surge e se acumula ao longo do tempo devido a fatores como estresse prolongado, vida sedentária, alimentação inadequada e exposição a toxinas ambientais. Durante a perimenopausa e a menopausa, o corpo feminino passa por uma complexa transição fisiológica que intensifica a visibilidade desse terreno inflamado.
Além das mudanças hormonais, a menopausa implica em um ajuste integral do ecossistema interno do corpo. Isso abrange modificações no metabolismo, na microbiota e nos sistemas nervoso e endócrino. Um componente crucial desse processo é o eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal (HHS), responsável por gerenciar a resposta ao estresse. Com a redução na produção hormonal ovariana, as glândulas suprarrenais são obrigadas a assumir um papel mais relevante, sobrecarregando um sistema possivelmente já saturado. Esse desafio é melhor administrado em pessoas com um ambiente metabólico estável e boa gestão do estresse anterior.
Como as emoções influenciam a inflamação na menopausa?
Emoções positivas, como alegria, gratidão e empatia, desempenham papel fundamental na modulação do estado inflamatório do corpo durante a menopausa. Esses estados emocionais não apenas geram sensações agradáveis, mas também impactam biologicamente, recalibrando eixos hormonais críticos e reduzindo a inflamação. A ciência já mostrou que as emoções não apenas são vivenciadas, mas também metabolizadas, deixando marcas significativas no organismo.

Quando uma mulher permanece em estado de estresse crônico, seu eixo HHS está constantemente ativado, elevando os níveis de cortisol e afetando negativamente neurotransmissores-chave como serotonina. Isso resulta em prejuízos na saúde intestinal, piora do sono e maior resistência à insulina. Por outro lado, experimentar emoções positivas ativa o sistema nervoso parassimpático, liberando moléculas como oxitocina e dopamina, que possuem efeitos anti-inflamatórios e reparadores. Essas experiências reforçam ainda uma noção de segurança biológica para o organismo, permitindo processos regenerativos.
Que papel têm as relações sociais na saúde durante a menopausa?
As relações sociais significativas e o pertencimento a uma rede de apoio exercem importante influência na saúde neste período. Pesquisas mostraram como essas redes podem diminuir a inflamação sistêmica, melhorar o funcionamento imunológico e promover longevidade. A interação social de qualidade transforma-se em um suporte não apenas emocional, mas também fisiológico, oferecendo um reequilíbrio endócrino e neurológico.
A redescoberta dessa “tribo feminina” durante a menopausa não só traz conforto, mas também pode reconfigurar biologicamente os sistemas internos. Brincar, compartilhar emoções, desenvolver empatia e conectar-se profundamente com outras pessoas gera uma cascata de benefícios bioquímicos, fortalecendo o sistema imunológico e promovendo um ambiente corporal anti-inflamatório.
Como a alimentação e o estilo de vida influenciam esse processo?
Além das emoções e das relações, adotar hábitos de alimentação saudável e práticas de estilo de vida equilibradas é crucial para manejar a inflamação durante essa transição. Priorizar o consumo de vegetais variados, gorduras saudáveis como o ômega-3 e proteínas magras, evitando alimentos ultraprocessados e açúcares refinados, contribui significativamente para um estado inflamatório reduzido.
Mesmo pequenas práticas de bem-estar, como minutos diários de respiração profunda ou pausas conscientes, são ferramentas poderosas na regulação do sistema nervoso. Essas ações não precisam ser perfeitas, mas sim consistentes, mostrando que o bem-estar integral durante a menopausa pode ser alcançado por meio de pequenas, mas significativas, mudanças nos hábitos diários.