A gripe não é causada pela chuva, Drauzio Varella lembra que essa crença comum entre famílias e escolas é um mito que persiste há gerações. O verdadeiro responsável é o vírus influenza, que se espalha pelo ar quando pessoas infectadas falam, tossem ou espirram.
Drauzio Varella, médico e comunicador científico do portal Drauzio Varella, ressalta que confundir frio, chuva e até abrir a geladeira com a causa da gripe leva a interpretações erradas e, muitas vezes, a cuidados ineficazes. Compreender a diferença entre mitos e fatos é fundamental para proteger a saúde.
Afinal, o que realmente causa a gripe?
A gripe é uma infecção respiratória causada pelo vírus influenza. A transmissão ocorre principalmente pelo contato com gotículas expelidas por pessoas infectadas ao falar, tossir ou espirrar. Diferente do que muitos acreditam, andar descalço, tomar chuva ou comer sorvete em dias frios não transmitem o vírus, embora mudanças bruscas de temperatura possam facilitar sua ação no organismo. O corpo, quando exposto a frio intenso, pode sofrer uma redução temporária na imunidade local das vias aéreas, o que favorece a entrada do vírus, mas nunca cria a doença por si só.
Esse esclarecimento é importante para evitar confusões entre gripe, resfriado comum e crises alérgicas. Muitos episódios de tosse ou espirros ao entrar em contato com ar gelado são apenas reações alérgicas, sem relação direta com o influenza.
Por que a sensação de frio pode aumentar a vulnerabilidade?
O desconforto causado pelo frio não gera gripe, mas pode contribuir para que o vírus encontre menos barreiras no corpo. Segundo Varella, quando uma pessoa está aquecida e sofre um choque térmico, como tomar chuva ou entrar em ambiente refrigerado, pode haver redução da defesa natural das mucosas nas vias respiratórias. Além disso, o ar-condicionado, ao ressecar o ar, deixa as mucosas mais frágeis e expostas, facilitando tanto infecções virais quanto quadros alérgicos confundidos com resfriado.

Esse cenário explica por que muitas pessoas associam erroneamente o frio à origem da gripe. O frio, em si, não carrega vírus, mas cria condições mais favoráveis para a instalação da infecção, caso haja contato com alguém gripado.
Quais os principais sintomas da gripe?
A gripe costuma se manifestar com febre alta, congestão nasal, dor de garganta, dores musculares, dor de cabeça e mal-estar generalizado. Esses sintomas podem durar alguns dias, e em pessoas vulneráveis como idosos, gestantes e crianças pequenas, podem evoluir para complicações, incluindo pneumonia. É importante não confundir gripe com resfriado, que geralmente tem sintomas mais leves e sem febre alta.
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Segundo a Organização Mundial da Saúde, a gripe é responsável por milhões de casos anuais e milhares de mortes em todo o mundo, reforçando a necessidade de prevenção e vacinação.
Como se proteger do vírus influenza?
A forma mais eficaz de prevenção é a vacinação anual contra a gripe, recomendada especialmente para grupos de risco. Além disso, hábitos simples ajudam a reduzir a transmissão: lavar as mãos com frequência, evitar contato próximo com pessoas gripadas, cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar e manter uma alimentação equilibrada para fortalecer a imunidade.
Essas medidas são reforçadas por entidades como o Ministério da Saúde, que organiza campanhas anuais de vacinação. Vale destacar que a vacinação não apenas protege o indivíduo, mas também reduz a circulação do vírus na comunidade, protegendo indiretamente quem não pode receber a vacina.

Então, abrir a geladeira ou tomar chuva não traz risco?
Não. Quando alguém tosse ou espirra ao abrir a geladeira, isso não significa que contraiu gripe por causa do ar frio. Trata-se, na maioria das vezes, de um reflexo alérgico causado pelo choque térmico. O vírus influenza não está presente em geladeiras, tampouco na água da chuva. O que realmente transmite a doença é o contato com pessoas infectadas e superfícies contaminadas.
O frio pode ser desconfortável e favorecer sintomas respiratórios, mas não é a causa direta da gripe. O cuidado deve estar em manter bons hábitos de higiene, vacinação em dia e atenção aos primeiros sinais de infecção.