A insônia emergiu nas últimas décadas como um desafio significativo para a saúde pública. Embora muitos busquem tratamento para melhorar essa condição, alguns preferem encontrar justificativas para sua permanência, evitando soluções efetivas. A especialista em sono, Nuria Roure, identificou as principais desculpas que as pessoas usam para não enfrentar esse problema. Dormir não é apenas uma questão de desconectar. Durante o repouso, o corpo engaja em funções críticas como a fixação de memórias, regulação do metabolismo, fortalecimento do sistema imunológico e equilíbrio hormonal.
A carência de sono, seja em quantidade ou qualidade, interrompe esses processos essenciais, expondo o corpo a várias consequências indesejadas. Estudos recentes realizados em Estados Unidos e Brasil reforçam que até mesmo pequenas perdas de sono já impactam significativamente o desempenho cognitivo e emocional do indivíduo.
Com mais de vinte anos de experiência, Roure ajudou muitas pessoas a melhorar suas rotinas de sono e alerta que muitos acreditam não haver solução para seus problemas de sono. Ela destaca frases como “dormir mal já virou parte da minha vida” como exemplos de uma percepção equivocada e defende que negligenciar o sono pode levar a problemas de saúde, ansiedade e dificuldades sociais e econômicas. A especialista enfatiza a importância do sono de qualidade, que não deve ser relegado a um segundo plano, pois o corpo sempre buscará compensá-lo mais tarde.
Quais são as principais justificativas para ignorar a insônia?
Um dos argumentos comuns que as pessoas utilizam para não buscar tratamento é a crença de que “sempre fui assim”. Roure refuta essa ideia, apontando que muitas vezes isso esconde um problema de saúde tratável. A normalização do sono ruim é algo que pode e deve ser corrigido. Outro ponto levantado por ela é a dependência de medicamentos para dormir. Acreditar que uma pílula pode resolver todos os problemas de sono afasta as pessoas de uma verdadeira mudança nos hábitos e na qualidade do sono.
Um mês de mau sono deixa marcas e assim mostra a IA. 8 horas hábitos saudáveis, 4 horas hábitos não saudáveis.
“Seu cérebro sempre reflete seus hábitos e lembra de cada hora de sono que você tira dele!”
Como estabelecer hábitos saudáveis para o sono?
Para se combater a insônia e promover o sono reparador, é necessário implementar rotinas e hábitos saudáveis. Manter horários regulares para dormir e acordar é essencial. Construir uma rotina de relaxamento antes de deitar, evitando o uso de telas, é outro passo fundamental. Além disso, Roure sugere controlar o estresse e ajustar a alimentação para melhorar a qualidade do sono. Técnicas de mindfulness, bastante estudadas em Estados Unidos, também têm se mostrado eficazes para reduzir quadros de insônia e promover bem-estar.
É possível reaprender a dormir bem?
Roure afirma que o sono reparador é uma habilidade que pode ser aprendida e cultivada. Isso requer uma abordagem integral, muitas vezes sob a orientação de profissionais. Ela ressalta que, embora talvez o momento não tenha sido oportuno ou as estratégias não tenham sido as adequadas, é sempre possível readaptar o corpo a dormir de forma natural, com o tratamento e acompanhamento corretos. A terapia cognitivo-comportamental, já validada por pesquisas em Brasil e em outros países, tem se destacado como uma estratégia promissora para quem sofre de distúrbios do sono.
Por fim, é crucial compreender que dormir mal não é algo trivial. Pelo contrário, isso pode ter efeitos reais e negativos na saúde. A especialista aconselha buscar orientação profissional e evitar desculpas, pois, com dedicação e esforço, é possível alcançar um sono melhor e mais reparador.