Cerca de 55 milhões de pessoas no mundo enfrentam algum tipo de demência, sendo a doença de Alzheimer a responsável por entre 60% e 70% dos casos. Estimativas apontam que, se não houver intervenções eficazes, esse número poderá triplicar até 2050. No contexto brasileiro, aproximadamente 1,8 milhão de pessoas vivem com esse diagnóstico, exercendo pressão não apenas sobre os sistemas de saúde, mas principalmente sobre as famílias, que assumem o cuidado diário.
Ainda que uma cura definitiva para o Alzheimer não tenha sido descoberta, a ciência busca novas soluções com celeridade. Avanços têm sido observados em terapias inovadoras, como os anticorpos monoclonais que miram o amiloide, uma proteína ligada à doença. Paralelamente, cresce a atenção sobre como o estilo de vida pode contribuir para a proteção cerebral e o retardamento do declínio cognitivo. Em 2023, por exemplo, pesquisadores anunciaram novas moléculas sintéticas em fase de estudo, que também buscam reduzir a formação de placas amiloides de modo menos invasivo, indicando que a inovação continuará nos próximos anos.
Quais são os estudos mais relevantes sobre a prevenção do Alzheimer?
Um estudo notável é o ensaio US-POINTER, realizado nos Estados Unidos, inspirado pelo estudo FINGER da Finlândia. Ele mostrou que intervenções intensivas no estilo de vida podem aprimorar a memória e outras funções cognitivas em idosos em risco. Tais intervenções englobam melhorias no exercício físico, dieta e participação social, propondo que a prevenção pode estar amplamente sob controle pessoal. A Organização Mundial da Saúde também lançou recentemente um relatório reforçando esses achados e incentivando políticas públicas de promoção da saúde cerebral.

Como o exercício físico se relaciona com o risco de Alzheimer?
Atividades físicas como caminhar rapidamente, andar de bicicleta e nadar, por pelo menos 150 minutos semanais, estão associadas a um melhor desempenho cognitivo e menor risco de declínio cognitivo. O US-POINTER destacou que a incorporação de exercícios aeróbicos adequados a cada faixa etária pode resultar em benefícios tangíveis para a memória. Outros estudos internacionais de 2023 analisaram modalidades como o tai chi e descobriram impactos positivos semelhantes para idosos com mobilidade reduzida, ampliando as alternativas disponíveis.
A alimentação pode influenciar no desenvolvimento da demência?
A dieta MIND, que combina elementos de dietas mediterrânea e DASH, é vista como protetora contra o declínio cognitivo. Essa abordagem alimentar é rica em frutas, vegetais verdes, grãos integrais, peixes, leguminosas, frutos secos e azeite, enquanto limita carnes vermelhas e alimentos ultraprocessados. No US-POINTER, uma alimentação equilibrada se mostrou essencial para conquistar benefícios cognitivos. Recentemente, universidades na Austrália também publicaram revisões apontando que pequenas mudanças na dieta já produzem efeitos benéficos em grupos de risco.

De que maneira os aspectos sociais e intelectuais contribuem para a prevenção do Alzheimer?
O engajamento em atividades intelectuais e sociais também é central na defesa contra a demência. Atividades como leitura, aprendizado de um novo idioma, tocar um instrumento, ou participar de grupos sociais, fortalecem a reserva cognitiva, ajudando a mitigar os efeitos adversos da doença. Estudos populacionais indicam que indivíduos socialmente e intelectualmente ativos tendem a estar menos propensos a desenvolver demência. Em Buenos Aires, algumas iniciativas comunitárias baseadas em jogos de tabuleiro e oficinas artísticas foram reconhecidas recentemente por sua eficácia no estímulo intelectual de idosos.
A ciência continua sua busca por tratamentos inovadores, como anticorpos monoclonais antiamiloide, que ensaios clínicos de fase 3 indicaram serem capazes de retardar a progressão da doença. Além disso, o desenvolvimento de biomarcadores no sangue facilita diagnósticos mais precoces e acessíveis, trazendo esperanças na luta contra o Alzheimer. Frente a esse cenário, a conscientização e o cuidado preventivo podem fazer uma diferença significativa para o futuro cognitivo de muitos.