Pesquisas recentes sugerem que mulheres sentem o nojo com maior intensidade, reação ligada à sobrevivência e à prevenção de doenças. Estudos com primatas e humanos descrevem mecanismos biológicos, efeitos na gravidez e impactos no comportamento.
- Diferenças consistentes em primatas e humanos apontadas por pesquisas;
- Vínculo com prevenção de doenças e hábitos de higiene cotidianos;
- Efeitos específicos na gravidez e implicações para longevidade.
O que os estudos mostram sobre diferenças entre mulheres e homens?
Estudos com primatas e humanos descrevem diferença consistente entre os sexos. Mulheres tendem a pontuar mais alto em medidas de nojo. Pesquisadoras como Cécile Sarabian, do Instituto de Estudos Avançados de Toulouse, e Tara Cepon-Robins, da Universidade do Colorado, relatam respostas mais intensas.
Relatos compilados pela National Geographic associam repulsa elevada a hábitos de higiene e menores infecções. Em testes visuais ou narrativos, mulheres costumam avaliar cenários repulsivos como mais ameaçadores, padrão que também surge em espécies próximas aos humanos.

Quais mecanismos biológicos explicam essa maior sensibilidade?
A biologia oferece pistas para a maior sensibilidade feminina. Hormônios e imunidade modulam a aversão a patógenos. Sinais de risco acionam circuitos de proteção que integram olfato, memória e avaliação de contágio, ajustando o comportamento em segundos.
- Ajustes hormonais aumentam sensibilidade olfativa e náuseas;
- Sistema imune e percepção de contágio disparam evitamento rápido;
- Memória de perigos e aprendizado social reforçam prudência.
Como a gravidez potencializa a resposta de nojo?
Durante a gestação, o sistema imune materno sofre ajustes para tolerar o embrião. Na gestação, a repulsa a cheiros e alimentos suspeitos aumenta. Pesquisas citadas por Tara Cepon-Robins descrevem esse aumento como uma camada protetora.
Em populações tradicionais observadas pela equipe de Robins, pessoas com menor aversão a situações repulsivas exibiram mais infecções; naquela amostra, a diferença por sexo não apareceu, dado relatado em pesquisa publicada na PNAS, possivelmente pela modernização.

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Quais são as raízes evolutivas dessa diferença?
A evolução favoreceu estratégias que reduzem riscos para quem gesta e cuida da prole. Evitar fontes de contágio eleva a sobrevivência de mães e filhotes. Entre macacas-japonesas, Sarabian observou fêmeas limpando alimentos antes do consumo.
Em babuínos-oliva, fêmeas rejeitam machos com sinais de infecção; em gorilas ocidentais, podem até abandonar o grupo. Esses comportamentos reduzem parasitas intestinais e ajudam a explicar por que fêmeas, inclusive humanas, costumam viver mais que os machos.
Como aplicar esses achados no dia a dia com saúde?
Traduzir evidências em hábitos diários potencializa benefícios de saúde. Aplicar o que a ciência mostra facilita prevenção simples e efetiva. As recomendações abaixo se baseiam nos achados sobre aversão, higiene e risco de contágio.
- Priorize higiene em superfícies e alimentos, reduzindo exposição a patógenos;
- Gestantes: evitem odores e comidas suspeitas; prefiram alimentos frescos;
- Use a repulsa como gatilho para checagens e descarte seguro.