O sistema de saúde no Brasil, com sua notória divisão entre os setores público e privado, continua a exibir disparidades significativas no acesso a Exames de Imagem cruciais, como revela o Atlas da Radiologia no Brasil 2025. Este levantamento, conduzido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, baseia-se em dados oficiais do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), destacando tanto a quantidade de exames realizados quanto a disponibilidade de equipamentos necessários para essas práticas diagnósticas em todo o território nacional.
Em 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi responsável pela realização de mais de 101 milhões de exames, correspondendo a aproximadamente 60% dos procedimentos de imagem do país. No entanto, ao analisar a densidade dos exames — ou seja, a proporção de procedimentos por mil usuários — fica claro que as pessoas com planos de saúde têm um acesso consideravelmente maior a esses exames. Essa diferença, embora já reduzida desde 2014, aponta ainda para um cenário de vantagem do setor privado no que diz respeito à frequência dos exames realizados.
Quais são as desigualdades entre o SUS e os planos de saúde?
Os dados do Atlas mostram que a maioria dos exames experimentou uma redução na desigualdade de acesso entre 2014 e 2023. Procedimentos como raios-X, ultrassonografias, tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas apresentaram um aumento na densidade dentro do SUS, juntamente com uma diminuição do Indicador de Desigualdade Público/Privado (IDPP). Contudo, as mamografias desafiaram inicialmente essa tendência, registrando uma maior diferença até 2020. Mesmo com melhorias posteriores, a desigualdade permanece maior em 2023 do que em 2014, uma indicação de que as usuárias de planos realizam mais exames do que as do SUS.
A disparidade mais acentuada está na ressonância magnética, com beneficiários de planos realizando 13,13 vezes mais exames que usuários do SUS. Em contraste, o exame de raio-X revelou um menor índice de desigualdade. Para o governo e suas políticas públicas, entender essas diferenças é crucial para aprimorar o acesso equitativo aos cuidados de saúde entre os brasileiros.

Como está distribuída a disponibilidade de equipamentos de diagnóstico?
O estudo também destaca a variabilidade na disponibilidade de equipamentos essenciais para diagnósticos no Brasil. Existem quase 27 aparelhos de ultrassom e cerca de 16 equipamentos de raio-X para cada 100 mil habitantes, embora a oferta de tomógrafos, mamógrafos e ressonâncias permaneça escassa. A Região Sudeste possui a maior quantidade absoluta de aparelhos, mas a densidade de equipamentos é excepcionalmente elevada no Centro-Oeste para a maioria dos casos, à exceção do raio-X.
- No Nordeste, o acesso a tomógrafos é limitado, com apenas 1,1 equipamento de ressonância a cada 100 mil habitantes.
- A Região Norte enfrenta desafios semelhantes, particularmente em termos de disponibilidade de ultrassons, mamógrafos e aparelhos de raio-X.
Qual é a relação entre a oferta de equipamentos e a desigualdade no sistema de saúde?
O Indicador de Desigualdade Público/Privado também mensura a disparidade na disponibilização de equipamentos. A menor diferença é observada no raio-X, enquanto a maior está nos aparelhos de ultrassom, onde há mais de três vezes a quantidade disponível nos serviços cobertos por planos privados em comparação com o SUS. Este cenário evidencia a necessidade de investimentos estratégicos na infraestrutura pública para minimizar as disparidades e garantir que todos os brasileiros tenham acesso igualitário aos serviços de saúde.
Em suma, enquanto o Brasil avançou na redução das desigualdades no acesso a exames desde 2014, particularmente no SUS, importantes diferenças ainda prevalecem. Fortalecer o sistema público e melhorar a distribuição de equipamentos são passos essenciais para mitigar essas desigualdades e avançar em direção a um sistema de saúde mais justo e acessível.
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Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
CRM-GO 33.271
