Por Dr. Baltazar Leão, Neurocirurgião.
Pequeno, muitas vezes assintomático, mas com potencial devastador — o Aneurisma Cerebral é uma das condições neurológicas mais temidas da medicina moderna.
O que é um Aneurisma Cerebral?
O Aneurisma Cerebral — também chamado de aneurisma intracraniano — é uma dilatação anormal de um vaso sanguíneo no cérebro, semelhante a uma pequena bolha na parede da artéria. Essa fragilidade aumenta o risco de ruptura e de hemorragia grave.
A localização mais comum é na base do cérebro, na região conhecida como Círculo de Willis. Embora qualquer pessoa possa desenvolver um aneurisma, ele é mais frequente em adultos e mulheres, e está associado a fatores como:

- Hipertensão arterial
- Tabagismo
- Aterosclerose
- Histórico familiar e predisposição genética
O aneurisma pode existir em silêncio
Estima-se que 2 a 3% da população carreguem aneurismas cerebrais sem nunca apresentar sintomas. Muitos são descobertos por acaso, em exames de imagem solicitados por outros motivos.
O problema é que, em alguns casos, o aneurisma cresce e se rompe, levando à hemorragia subaracnóidea (HSA) — uma emergência médica gravíssima, com risco de sequelas irreversíveis ou até morte em mais da metade dos casos.
Sintomas que exigem atenção imediata
O aneurisma pode permanecer silencioso por anos, mas quando rompe, geralmente provoca sinais dramáticos:
- Dor de cabeça súbita e intensa, muitas vezes descrita como “a pior dor da vida”
- Náuseas e vômitos
- Rigidez de nuca
- Visão turva ou dupla
- Alteração do nível de consciência
- Déficits neurológicos súbitos (como fraqueza em um lado do corpo)
Diante desses sintomas, é essencial procurar atendimento de urgência. Cada minuto conta.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico inicial costuma ser feito por exames de imagem como a angiotomografia ou a ressonância magnética com angio-RM. A confirmação detalhada vem da angiografia cerebral, que avalia o formato, o tamanho e a localização do aneurisma — informações decisivas para o tratamento.
Tratamento: prevenção da ruptura é a prioridade
A estratégia de manejo depende do risco de ruptura:
- Aneurismas pequenos e estáveis: podem ser apenas monitorados com exames periódicos, associados ao controle rigoroso da pressão arterial e abandono do tabagismo.
- Aneurismas de maior risco: exigem intervenção ativa. As principais opções são:
- Clipagem cirúrgica: o neurocirurgião abre o crânio e coloca um clipe metálico na base do aneurisma, isolando-o imediatamente da circulação.
- Embolização endovascular: realizada por dentro dos vasos sanguíneos, consiste na colocação de espirais minúsculas de metais (“coils”) ou dispositivos modernos (“stents”) que redirecionam o fluxo sanguíneo, selando progressivamente o aneurisma.
Quem cuida do paciente com aneurisma?
O manejo de um aneurisma cerebral não é tarefa de um único profissional, mas sim de uma equipe altamente especializada, que une neurocirurgiões vasculares e neurorradiologistas intervencionistas. Essa integração permite avaliar cada caso de forma individualizada, escolhendo a melhor estratégia para prevenir a ruptura ou tratar a hemorragia já instalada.
Com o suporte de tecnologias avançadas de imagem e técnicas minimamente invasivas, os especialistas conseguem oferecer hoje tratamentos mais seguros, eficazes e adaptados ao perfil de cada paciente (individualização do tratamento).
O neurocirurgião desempenha um papel central em todas as fases do tratamento do aneurisma cerebral: da avaliação inicial e definição da conduta até a execução da intervenção, seja por meio da clipagem microcirúrgica ou da embolização endovascular. Sua presença é fundamental para assegurar precisão técnica, segurança máxima e os melhores resultados possíveis, especialmente nos casos mais complexos e no manejo de eventuais intercorrências.
Avanços que trazem esperança
Nos últimos anos, a medicina tem avançado de forma impressionante. A introdução de stents redirecionadores de fluxo, evolução das técnicas microcirúrgicas, técnicas híbridas e métodos de monitoramento intraoperatório ampliaram as opções terapêuticas e melhoraram os prognósticos.
Além disso, a conscientização sobre estilo de vida saudável e prevenção cardiovascular segue como a principal arma para reduzir o risco de aneurismas e suas complicações.