Especialistas alertam que os algoritmos das mídias sociais moldam a forma como crianças e adolescentes pensam e sentem, afetando autoestima, concentração e o desenvolvimento emocional saudável.
- Algoritmos priorizam recompensas rápidas e mantêm atenção fragmentada
- Adolescentes ficam mais vulneráveis a ansiedade e baixa autoestima
- Famílias devem impor limites e promover autonomia emocional
O que os algoritmos fazem com crianças e adolescentes?
As redes sociais utilizam algoritmos para oferecer conteúdos personalizados de acordo com hábitos e interações digitais. Esse processo não distingue se o conteúdo é positivo ou negativo, apenas reforça o que mais desperta interesse.
Segundo Andrés Luccisano, psiquiatra infantojuvenil do Hospital Italiano de Buenos Aires, isso amplia a exposição a padrões irreais de vida e estética, gerando impacto direto na autoestima e no desenvolvimento psicológico.

Quais impactos emocionais foram identificados por especialistas?
Os psiquiatras Andrés Luccisano e Fabián Triskier destacaram que os efeitos psicológicos se refletem em diferentes áreas do comportamento juvenil:
- Exposição contínua a modelos irreais gera ansiedade e depressão
- A busca por curtidas e visualizações alimenta o medo de exclusão (FOMO)
- A comparação constante fragiliza a autoestima e promove isolamento interno
Como a gratificação imediata influencia o cérebro adolescente?
De acordo com Luccisano, cada curtida ou interação nas redes funciona como recompensa instantânea, criando um ciclo de prazer difícil de interromper. O cérebro adolescente é naturalmente mais vulnerável a esse mecanismo de busca por gratificação rápida.
Triskier acrescenta que, nessa fase da vida, a autorregulação emocional ainda está em desenvolvimento. Isso faz com que jovens tenham mais dificuldade de lidar com frustrações e tornem-se dependentes de estímulos digitais constantes.

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Que consequências isso traz para atenção e aprendizado?
A exposição contínua a recompensas imediatas enfraquece a capacidade de concentração, segundo Triskier. Jovens passam a ter menos tolerância ao tédio e menor motivação para concluir tarefas complexas e de longo prazo.
Luccisano reforça que o excesso de estímulos digitais reduz a atenção sustentada e a tolerância à frustração. Esse cenário prejudica diretamente o desempenho acadêmico e o desenvolvimento de habilidades cognitivas fundamentais.
Quais estratégias podem reduzir os riscos do uso excessivo?
Especialistas defendem que famílias e escolas precisam criar rotinas e limites para o uso das redes sociais. Veja algumas recomendações apontadas pelos psiquiatras:
- Adiar o uso de celulares em crianças pequenas e limitar nas escolas
- Criar “higiene digital” com espaços livres de telas em casa
- Estimular conversas sobre conteúdos consumidos e desenvolver pensamento crítico