Recentemente, a Medida Provisória nº 1.300/2025 trouxe potenciais mudanças significativas para o setor de energia solar no Brasil. Sancionada em 17 de setembro de 2025, essa medida promete reformular normas vigentes do setor elétrico, com ênfase nas tarifas e compensações ligadas à energia solar. O texto original da medida prevê a possibilidade de a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) implementar tarifas que vão além do consumo real de energia, alterando as condições até então vigentes, onde a compensação pela energia gerada era integral.
Embora essa reforma cause preocupações entre os investidores solares, ela também introduz vantagens como a expansão no acesso ao mercado livre de energia. A proposta prevê isenções na conta de luz para famílias de baixa renda, amenizando impactos, e ainda amplia a liberdade para que consumidores escolham seus fornecedores de energia. Essas mudanças são vistas como positivas para melhorar o acesso à energia, além de incentivar uma competitividade saudável no setor.
Quais os impactos econômicos da MP para a energia solar?

A principal questão econômica gira em torno da nova estrutura tarifária proposta pela Medida Provisória. A inclusão de custos adicionais poderá reduzir os retornos financeiros dos sistemas de energia solar. Isso espanta novos investimentos no setor, especialmente de pequenos produtores que contribuíram significativamente para o crescente uso de energia renovável no Brasil. Reduzindo o incentivo econômico, há o risco de desacelerar o volume de novas instalações solares.
Além disso, especialistas do setor apontam que, com a alteração nos mecanismos de compensação, deve haver uma necessidade de readequação dos modelos de negócio das empresas de energia solar. Pequenos produtores podem enfrentar dificuldades para manter suas operações sustentáveis, enquanto empresas de maior porte poderão buscar alternativas, como a oferta de sistemas híbridos ou integração a outras fontes renováveis, para diversificar receitas e driblar os possíveis impactos negativos da medida.
Como a nova MP afeta o mercado livre de energia?
Apesar das adversidades para a energia solar, a Medida Provisória aparentemente beneficia o mercado livre de energia. Proporcionando mais liberdade para os consumidores na escolha de seus fornecedores, há uma expectativa de dinâmica renovada nesse setor. Além disso, o estímulo para consumidores com menor poder aquisitivo é um passo importante para a democratização do acesso à energia. Essa abertura de mercado visa modernizar e torná-lo mais competitivo e eficiente.
Com a abertura gradual do mercado livre para novos perfis de consumidores, inclusive residenciais e pequenas empresas, há um potencial de ampliação da competição entre fornecedores, o que pode resultar em preços mais atrativos e serviços personalizados. Contudo, essa transição também exige maior atenção do consumidor quanto à escolha dos contratos e fornecedores, já que o novo ambiente traz responsabilidades e desafios em relação à gestão do consumo e aos riscos do mercado.
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O que muda para a indústria com a reforma tarifária?
As mudanças tarifárias propostas também impõem desafios adicionais à indústria brasileira. Com a eliminação de incentivos tarifários e a inclusão de consumidores livres no rateio de despesas antes exclusivas aos cativos, a indústria antecipa um aumento nos custos de cerca de 20%. A retirada de descontos na “tarifa-fio“, especialmente para grandes consumidores que utilizam energia renovável, destaca ainda mais desafios para o crescimento do setor. A adoção de inovações tecnológicas e a necessidade de adaptação à nova separação contratual e contábil são algumas das respostas que a indústria precisará encontrar.
Em suma, estas alterações na MP nº 1.300/2025 geram um leque de desafios e oportunidades no setor elétrico brasileiro. O papel central da ANEEL na definição das novas regras tarifárias ganha importância, enquanto a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) precisa ajustar a gestão de contratos para atender ao novo cenário. As distribuidoras, por sua vez, terão de adotar rapidamente novas tecnologias e práticas para acompanhar o ritmo das mudanças.