O termo “Brain rot” ou “podridão cerebral” passou das redes sociais para o debate científico e levanta dúvidas sobre como o uso excessivo de smartphones pode afetar a saúde mental dos jovens, mas especialistas alertam que as evidências ainda são limitadas.
- Estudos indicam possíveis alterações no cérebro ligadas ao celular
- Especialistas pedem cautela contra diagnósticos precipitados
- Discussão envolve neuroplasticidade e adaptação mental
O que significa o conceito de podridão cerebral?
A expressão ganhou força nas redes sociais em 2024 e chegou a ser eleita Palavra do Ano pela Oxford. No entanto, pesquisadores apontam que ela descreve mais um temor social do que uma condição médica já comprovada.
A Smithsonian observou que o termo passou dos memes para o debate acadêmico. Já o neurocientista Ben Becker alerta que usá-lo em contextos científicos pode ser enganoso e alimentar medos injustificados sem base sólida.

Quais pesquisas já associaram celulares a alterações cerebrais?
Alguns estudos sugerem que o uso excessivo de smartphones pode estar relacionado a mudanças na estrutura cerebral, mas a literatura ainda é considerada insuficiente para conclusões definitivas, segundo especialistas.
- Estudo de 2020 com 48 jovens indicou menor massa cinzenta em usuários compulsivos
- Robert Christian Wolf destacou relação entre alterações e autorregulação
- Becker e Montag revisaram 26 pesquisas e apontaram limitações metodológicas
Como diferenciar vício em celular de uso frequente?
O psiquiatra Wolf relatou casos de pacientes incapazes de reduzir o tempo de tela, com impactos no humor e na concentração. Para ele, a perda de controle e o desconforto sem o aparelho podem caracterizar vício comportamental.
A psicóloga Tayana Panova contesta esse rótulo, lembrando que repetir um hábito não significa automaticamente dependência clínica. Especialistas recomendam avaliar o impacto individual antes de classificar o uso como vício.

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Quais fatores sociais influenciam a percepção de risco?
A pandemia ampliou a dependência digital e coincidiu com aumento de 25% nos casos de ansiedade e depressão em jovens, segundo a OMS. Esse contexto intensificou a preocupação pública com celulares e saúde mental.
Becker ressalta que termos alarmistas, como “apodrecimento cerebral”, podem estigmatizar usuários. Ele sugere critérios objetivos de medição, como o tempo de tela automatizado, para diferenciar hábitos comuns de padrões nocivos.
O que a neurociência revela sobre adaptações do cérebro?
A neuroplasticidade mostra que o cérebro pode se reorganizar diante de estímulos digitais. Alterações estruturais não significam, necessariamente, danos, mas podem refletir processos adaptativos em jovens.
- Parisa Gazerani destaca diferença entre uso passivo e uso intencional
- Montag considera provável que os celulares mudem o cérebro sem efeito sempre negativo
- Especialistas defendem equilíbrio e mais estudos antes de conclusões definitivas