A regulamentação da licença-paternidade no Brasil é um tema que vêm ganhando destaque no cenário legislativo. Atualmente, a legislação prevê apenas cinco dias de licença para os novos pais, conforme estabelecido no dispositivo transitório da Constituição de 1988. No entanto, a Câmara dos Deputados está discutindo a possibilidade de expandir esse período, o que pode representar um impacto significativo para a sociedade brasileira. A proposta visa aumentar gradualmente a licença-paternidade até alcançar 30 dias em 2031. Essa medida é vista como um passo importante na promoção da equidade de gênero e no apoio à primeira infância.
O relator do projeto, deputado Pedro Campos (PSB-PE), apresentou alterações ao texto original proposto pela deputada Tabata Amaral (PSB-SP). A nova versão do projeto prevê um aumento gradual dos dias de licença, começando com 10 dias em 2027 e atingindo 30 dias em 2031. Essa abordagem gradual busca amenizar o impacto fiscal, que é uma das principais preocupações apontadas pelos opositores do projeto. O impacto financeiro estimado é substancial e se espera que alcance R$ 11,87 bilhões anuais a partir de 2031.
Por que aumentar a licença-paternidade?

O aumento da licença-paternidade é frequentemente justificado por diversos fatores sociais e econômicos. Primeiramente, há um reconhecimento crescente da importância do envolvimento paterno nos primeiros dias de vida do bebê. Estudos indicam que a presença do pai pode ter efeitos positivos no desenvolvimento infantil e no fortalecimento dos laços familiares. Além disso, a medida pode contribuir para a igualdade de gênero, uma vez que divide de forma mais equitativa as responsabilidades parentais entre homens e mulheres.
Além das questões familiares e sociais, outros argumentos de especialistas sugerem que a ampliação do benefício pode fortalecer vínculos sociais e possibilitar mais apoio à mãe no pós-parto. A experiência internacional, por exemplo, em países nórdicos, aponta que períodos maiores de licença-paternidade contribuem para uma divisão mais justa das tarefas domésticas e para o desenvolvimento emocional mais saudável das crianças.
- Fortalecimento do vínculo familiar
- Apoio à mãe após o parto
- Promoção da equidade de gênero
- Melhora no desenvolvimento infantil
Quais são as principais resistências ao projeto?
Apesar dos benefícios sociais previstos, o projeto enfrenta resistência significativa na Câmara dos Deputados. A principal preocupação gira em torno do impacto fiscal da medida, com projeções indicando altos custos para o erário público. Até o momento, o projeto não possui consenso político, e muitos legisladores expressam a necessidade de um debate mais aprofundado antes de qualquer votação. Outra preocupação levantada é a viabilidade administrativa de implementar um aumento tão significativo na licença-paternidade, especialmente em um período econômico delicado.
Entre os argumentos citados pelos opositores do projeto, destacam-se a necessidade de identificar fontes de financiamento para a expansão e as possíveis dificuldades que pequenas e médias empresas poderiam enfrentar para lidar com as ausências prolongadas de funcionários. Além disso, há quem questione se o aumento da licença resultaria, de fato, em maior presença paterna, sugerindo que políticas de incentivo e conscientização sejam implementadas em paralelo.
- Impacto fiscal elevado
- Desafios para pequenas e médias empresas
- Necessidade de fontes de financiamento
- Dúvidas sobre a efetividade da medida
Quais seriam as etapas de implementação da nova licença-paternidade?
A implementação da licença-paternidade de 30 dias seria realizada de forma progressiva. A ideia é evitar um impacto abrupto no orçamento, permitindo que o governo se ajuste gradualmente às novas despesas. Inicialmente, o período de licença aumentaria para 10 dias em 2027, seguido por um incremento de cinco dias a cada ano subsequente, alcançando os 30 dias em 2031. Essa progressão planeja acomodar melhor a economia do país e permitir que as empresas se adaptem à mudança.
O projeto também prevê acompanhamento regular de seus impactos por meio de avaliações anuais, o que permitirá ajustes ao longo do processo. Governos municipais e estaduais poderão adotar medidas complementares para ampliar ainda mais a proteção às famílias. O próprio governo federal está considerando campanhas de conscientização para garantir que a nova licença seja usufruída segundo os propósitos sociais da legislação.
- Aumento gradual: de 10 dias (2027) até 30 dias (2031)
- Avaliações e ajustes anuais
- Iniciativas locais para apoiar a implementação
- Campanhas de conscientização
Leia mais: Licença-maternidade passa a ser contada apenas após a alta hospitalar
Qual o papel do STF na regulamentação da licença-paternidade?
O Supremo Tribunal Federal (STF) tem desempenhado um papel ativo no processo de regulamentação da licença-paternidade. Em 2023, o tribunal determinou que o Congresso deveria estabelecer uma legislação até julho daquele ano, embora o prazo não tenha sido cumprido. Essa decisão reforça a urgência da questão e sinaliza a necessidade de uma solução legislativa que satisfaça tanto as demandas sociais quanto as restrições econômicas.
O STF, ao impor este prazo ao Legislativo, buscou garantir o cumprimento do direito constitucional à licença-paternidade, que estava há décadas pendente de regulamentação definitiva. O tribunal ainda pode ser chamado a atuar em eventuais disputas judiciais sobre a implementação da nova legislação, servindo como árbitro de possíveis conflitos entre empregadores, trabalhadores e o Estado.
- Determinação de prazos ao Congresso
- Pressão para aprovação da lei
- Garantia de direitos constitucionais
- Possível atuação em litígios futuros
Em conclusão, enquanto a proposta de expandir a licença-paternidade no Brasil enfrenta desafios significativos, ela também representa uma oportunidade importante para promover mudanças sociais necessárias. A busca por um equilíbrio entre responsabilidade fiscal e justiça social continua a ser a chave para o avanço desse projeto tão relevante para a sociedade brasileira.