O Banco Central do Brasil anunciou novas atualizações para reforçar a segurança do sistema de transferências instantâneas conhecido como Pix. As mudanças concentram-se nas melhorias do Mecanismo Especial de Devolução (MED), tornando-o mais robusto no rastreamento e recuperação de valores transferidos indevidamente por meio de fraudes. Com as novas regras, o Banco Central busca adaptar-se ao cenário de crimes financeiros cada vez mais sofisticados, fortalecendo a proteção dos usuários e a confiança no sistema.
O aprimoramento do MED faz parte de um conjunto de esforços para deter a movimentação veloz de valores ilícitos, uma estratégia frequente dos fraudadores para dificultar a retomada do dinheiro pelas vítimas. As alterações também visam melhorar a cooperação entre as instituições financeiras, agilizando os processos de análise e bloqueio em casos suspeitos. Essa resposta proativa integra a agenda do Banco Central para garantir a evolução contínua do Pix em segurança.
A consolidação das melhorias está prevista para ocorrer até 23 de novembro, tornando-se obrigatória a partir de 2 de fevereiro de 2026. O objetivo é oferecer tempo adequado para as instituições ajustarem suas plataformas e processos internos, favorecendo uma adoção eficaz e sem impactos negativos para os clientes.
Como funciona o rastreio avançado do pix

Uma das novidades mais marcantes é a possibilidade de rastrear o caminho completo das transferências, permitindo que as instituições acompanhem o valor mesmo após múltiplas movimentações entre contas. Antes, o foco estava somente na conta de origem da fraude, o que limitava a recuperação em esquemas complexos. Agora, o sistema poderá seguir o fluxo do dinheiro, aumentando as chances de identificar contas participantes de fraudes e efetuar bloqueios em diferentes etapas.
A ampliação do rastreamento tem como objetivo dificultar que fraudadores dissociem o dinheiro das contas iniciais rapidamente. Além disso, essa medida deve permitir a cooperação ativa entre diferentes instituições bancárias, compartilhando informações para melhor atuação diante de golpes disseminados. O Banco Central prevê que a funcionalidade contribua significativamente para a diminuição dos prejuízos causados por crimes digitais.
Este incremento na rastreabilidade está alinhado com as melhores práticas internacionais de combate à lavagem de dinheiro, fortalecendo as defesas do sistema financeiro brasileiro. O acompanhamento detalhado do fluxo dos recursos permitirá ações corretivas mais rápidas e eficientes para proteger os clientes do Pix.
Facilidades no autoatendimento para contestação
Outra evolução importante é a implantação do autoatendimento dentro dos aplicativos das instituições para contestação de transações suspeitas. A partir de outubro de 2025, os usuários poderão reportar possíveis fraudes diretamente pelo app, sem precisar acionar um atendente. Essa inovação traz mais comodidade, rapidez e autonomia para que o cliente possa agir ao menor sinal de golpe.
Com a automação, o bloqueio do valor fica mais ágil, reduzindo o tempo necessário para evitar que o dinheiro saia das mãos do fraudador. O autoatendimento também uniformiza o processo para todas as instituições participantes, padronizando o tratamento de ocorrências e facilitando o acompanhamento dos clientes. O uso de tecnologias de inteligência artificial pode ajudar ainda mais na análise das reclamações recebidas.
Ao tornar o processo mais amigável e rápido, o Banco Central pretende ampliar o uso do MED, principalmente entre os usuários que ainda têm receio ou desconhecem a funcionalidade. O objetivo é fomentar o engajamento dos clientes e proporcionar maior sensação de segurança nas operações via Pix.
Passo a passo do novo processo do MED
O novo processo começa com a análise do pedido de contestação realizado pelo cliente via autoatendimento ou canais tradicionais. A instituição financeira verifica se a solicitação se enquadra nos critérios do MED, conforme diretrizes do Banco Central.
Havendo indícios ou confirmação de fraude, a quantia contestada é bloqueada imediatamente, garantindo que o valor fique indisponível na conta suspeita durante a investigação. A apuração deve ser realizada em até 7 dias, período em que são checados detalhes da transação, histórico do recebedor e eventuais evidências.
Ao final do processo, se a fraude for confirmada, a devolução à vítima ocorre em até 96 horas, considerando o saldo disponível na conta bloqueada. Caso não se detecte fraude, o valor é liberado ao legítimo recebedor. Com esse fluxo, o MED aprimora a resposta às ocorrências e reduz o tempo de solução.
Devoluções parciais e monitoramento prolongado
Quando não é possível devolver todo o valor imediatamente — devido ao saldo insuficiente na conta do fraudador —, o sistema passa a realizar monitoramento contínuo durante até 90 dias. Toda nova entrada de recursos na conta suspeita pode ser bloqueada para completar a devolução ao lesado.
Esse acompanhamento oferece mais chances para que as vítimas recuperem os valores, sobretudo em fraudes envolvendo rapidamente movimentação dos fundos. A medida atende tanto casos de golpe quanto situações de erro operacional, como transferências duplicadas ou equivocadas.
Além da vigilância, as instituições ficam obrigadas a informar os clientes sobre o andamento das tentativas de recuperação, proporcionando maior transparência ao processo. O mecanismo busca equilibrar os interesses dos dois lados: proteger vítimas sem afetar injustamente contas legítimas.
O papel das instituições e as falhas operacionais
Em contextos de falhas operacionais, como transferências replicadas por erro do sistema, o MED também pode ser acionado para corrigir rapidamente a situação. As instituições são obrigadas a solucionar esses casos e restituir ao cliente a quantia em até 24 horas.
Esses casos exigem atuação rápida e eficiente, pois envolvem falhas técnicas que podem causar insatisfação ou prejuízo financeiro temporário. O MED, nesse sentido, fornece uma solução padronizada e célere, resguardando a confiança dos usuários mesmo em contextos não relacionados a fraude.
Para evitar reincidências, o Banco Central recomenda a constante atualização dos sistemas das instituições, bem como treinamento dos funcionários para identificação e resolução ágil dos problemas operacionais. O acompanhamento estatístico dos episódios ajuda a aprimorar protocolos preventivos.
Impactos e futuro da segurança no pix
O conjunto de melhorias representa um passo decisivo na elevação da confiabilidade do Pix, especialmente em um cenário de ameaças digitais crescentes. A combinação de rastreamento amplo, automação de atendimento e monitoramento pós-bloqueio fortalece as barreiras contra fraudes.
A expectativa é de que as inovações não apenas reduzam a quantidade de golpes bem-sucedidos, mas também sirvam para dissuadir tentativas de fraudes, tornando o Pix um ambiente ainda mais seguro para os brasileiros e para o sistema financeiro em geral.
No futuro, o Banco Central pode expandir as funcionalidades do MED e da plataforma Pix, integrando soluções de inteligência artificial e análise comportamental para identificar padrões suspeitos de modo proativo. O compromisso é garantir que o Pix continue referência global em pagamentos instantâneos e segurança bancária.