Um estudo genético recente revelou que um rebanho de vacas abandonado na Ilha de Amsterdã sobreviveu e se adaptou por 130 anos. A análise revelou mutações únicas e uma combinação genética surpreendente, desafiando conceitos sobre endogamia e evolução insular.
- Seis vacas foram deixadas na ilha em 1871 e prosperaram até formar uma população de cerca de 2.000 animais.
- Geneticamente, combinam gado Jersey europeu (75%) e zebu do Oceano Índico (25%).
- Desenvolveram mutações adaptativas que permitiram sobrevivência em condições extremas.
Como essas vacas sobreviveram em um ambiente tão inóspito?
A Ilha de Amsterdã apresenta ventos fortes, ondas intensas e escassez de água doce, tornando a sobrevivência de grandes animais desafiadora. Ainda assim, o rebanho prosperou, mostrando notável capacidade de adaptação biológica ao ambiente subantártico.
Os pesquisadores sugerem que a seleção inicial feita pelo fazendeiro Heurtin, cruzando Jersey e zebu, pode ter favorecido animais com resistência climática e capacidade de prosperar mesmo em condições extremas, criando uma população resiliente ao longo de mais de um século.

Que características genéticas tornaram essas vacas únicas?
O estudo identificou que a população apresentou uma combinação genética rara: aproximadamente 75% de gado Jersey e 25% de zebu. Essa mistura forneceu diversidade suficiente para evitar os efeitos negativos da endogamia, permitindo uma população saudável apesar do isolamento.
- Expressão genética sem defeitos deletérios comuns em populações endogâmicas.
- Resiliência a doenças e manutenção da saúde reprodutiva.
- Comportamento adaptativo que favoreceu a sobrevivência em condições extremas.
Qual foi o papel da mutação e do nanismo insular?
As vacas desenvolveram mutações adaptativas que aumentaram sua capacidade de sobreviver no ambiente da ilha. Esse fenômeno se encaixa na dinâmica de nanismo insular, na qual espécies de grande porte tendem a diminuir de tamanho em ecossistemas isolados.
Essa adaptação evolutiva não apenas permitiu que sobrevivessem por mais de um século, mas também transformou a população em um exemplo de como a genética e a seleção natural podem interagir para enfrentar desafios extremos de ecossistemas isolados.

Por que o rebanho foi eliminado da ilha?
Apesar de seu valor científico, o rebanho de vacas foi eliminado em 2010 por razões ambientais e conservacionistas. A Ilha de Amsterdã é uma reserva natural e patrimônio mundial da UNESCO, e o pastoreio excessivo ameaçava espécies endêmicas, como a Phylica arborea e o albatroz-de-amsterdã.
- Proteção de espécies endêmicas que corriam risco de extinção.
- Preservação do ecossistema e controle de impactos ambientais.
- Manutenção da ilha como santuário natural para pesquisa e conservação.
Que lições a ciência aprendeu com essas vacas isoladas?
O caso demonstra como populações isoladas podem desenvolver adaptabilidade genética e resistir a condições extremas. Também ilustra a importância de estudar ilhas como laboratórios naturais para compreender evolução, endogamia e seleção natural em longo prazo.
- Populações isoladas podem purgar mutações deletérias e permanecer saudáveis.
- Mix de genética diversa ajuda a evitar doenças e aumentar resiliência.
- Estudos em ilhas fornecem insights únicos sobre evolução e adaptação.