O reajuste do salário mínimo nacional, que passou a vigorar oficialmente em janeiro, começou a refletir nos contracheques dos trabalhadores em fevereiro de 2025. A atualização tardia é decorrente do costume de pagamentos mensais serem efetuados no mês subsequente ao trabalhado. O novo valor estabelecido é de R$ 1.518, um acréscimo de R$ 106 sobre o valor anterior, representando um ajuste percentual de 7,5%. Este aumento supera a inflação do período, mas ficou aquém do esperado devido às medidas de contenção fiscal implementadas no final de 2024.
O papel do salário mínimo não se restringe apenas ao seu aspecto remuneratório. Ele exerce uma função fundamental na economia, servindo de base para o cálculo de uma série de benefícios previdenciários e assistenciais geridos pelo governo federal. Em 2025, o aumento determinado foi superior ao índice de inflação visto pelo IPCA, entretanto, o valor final do salário não atingiu os R$ 1.525, que poderiam ter sido alcançados caso o modelo anterior de reajuste tivesse sido seguido.
Como é calculado o salário mínimo no Brasil?

Historicamente, o cálculo do salário mínimo no Brasil baseava-se na reposição da inflação medida pelo INPC, mais favorável ao trabalhador, e no crescimento do PIB. No entanto, com o novo modelo, foi introduzido um teto de aumento de 2,5% nas despesas, limitando os ajustes. Em 2024, apesar do PIB ter crescido 3,2%, os ajustes no salário mínimo respeitaram este limite, evitando aumentos que pudessem sobrecarregar o orçamento público.
Além disso, a atualização do salário mínimo tornou-se tema recorrente nos debates do Congresso Nacional, especialmente pela pressão de centrais sindicais e setores da sociedade civil que defendem uma política de valorização mais robusta. O cálculo também leva em consideração análises do Ministério da Fazenda e do Planejamento, que buscam compatibilizar as necessidades sociais com a saúde das contas públicas, realizando simulações e projeções antes do anúncio oficial do novo valor.
Qual o impacto do salário mínimo sobre benefícios previdenciários e sociais?
O ajuste do salário mínimo tem impactos diretos sobre aposentadorias, especialmente aquelas pagas pelo INSS, e programas sociais. Ele provoca um efeito cascata, elevando o custo destes benefícios e, por conseguinte, a pressão sobre o orçamento federal. Diante disso, o governo busca equilibrar os reajustes para que não comprometam as finanças públicas, especialmente em períodos que demandam austeridade fiscal.
Vale destacar que milhares de brasileiros recebem benefícios vinculados ao salário mínimo, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), o abono salarial do PIS/Pasep e pensões. Qualquer mudança no salário mínimo influencia diretamente o valor destes benefícios, gerando impacto tanto na vida financeira das famílias quanto nos gastos do setor público. Por isso, a discussão sobre o valor do salário mínimo extrapola o universo dos trabalhadores formais, atingindo amplos segmentos da população.
Leia mais: BPC garante salário mínimo para idosos e pessoas com deficiência
O que motivou a adoção de um teto de reajuste?
A mudança na política de reajuste do salário mínimo, que impôs um teto de 2,5% para o aumento das despesas, surgiu em um contexto de necessidade de controle das contas públicas. Medidas de contenção fiscal foram aprovadas no fim de 2024 com o objetivo de evitar desequilíbrios econômicos mais profundos. Assim, mesmo com um crescimento econômico razoável, o governo optou por um aumento mais conservador no salário mínimo para manter a estabilidade financeira.
Além do cenário fiscal, outra motivação para a adoção do teto foi garantir que o Brasil mantivesse credibilidade junto a agentes econômicos nacionais e internacionais, sinalizando comprometimento com metas de responsabilidade fiscal. Especialistas ressaltam que, apesar do desejo por avanços em justiça social, o governo precisa administrar pressões inflacionárias e o endividamento público, buscando fórmulas equilibradas para futuros reajustes.
Em meio a discussões sobre o impacto do salário mínimo na economia, a busca por uma fórmula de cálculo que alie justiça social a sustentabilidade fiscal continua sendo um desafio nas políticas econômicas brasileiras.