Com o envelhecimento, muitas pessoas passam a acordar antes do amanhecer. Esse hábito não é apenas cultural: ele está ligado a mudanças biológicas, hormonais e cerebrais que afetam diretamente o sono.
- Alterações no relógio biológico reduzem a precisão do sono
- Queda da melatonina e aumento do cortisol antecipam o despertar
- Problemas de saúde e medicamentos também influenciam o horário
O que acontece com o relógio biológico conforme envelhecemos?
O relógio interno, controlado pelo núcleo supraquiasmático, perde precisão com a idade. Esse avanço de fase pode chegar a duas horas, fazendo o idoso sentir sono mais cedo e acordar antes do amanhecer.
Esse fenômeno é conhecido como síndrome da fase avançada, afetando cerca de 70% das pessoas após os 60 anos. Assim, a tendência não é voluntária, mas sim uma consequência fisiológica inevitável do envelhecimento.

Quais hormônios explicam o despertar antecipado?
O envelhecimento reduz a produção de melatonina e altera a liberação de cortisol. Essa combinação fragiliza a profundidade do sono e intensifica a tendência de acordar cedo. Confira os principais efeitos:
- Menos melatonina: noites mais curtas e sono fragmentado
- Cortisol em alta antes da hora: sinal precoce de vigília
- Desequilíbrio hormonal: alteração da arquitetura do sono
Como o cérebro e os estímulos externos perdem força?
Com a idade, o cérebro se torna menos responsivo à luz e às interações sociais. Essa perda de sincronização faz com que o organismo antecipe os sinais de sono e reduza o alerta no fim do dia.
A visão prejudicada também contribui: doenças oculares comuns em idosos filtram até 70% da luz azul, confundindo o relógio interno e fazendo o corpo acreditar que já é noite, mesmo em plena tarde.

Leia mais: Por que demoramos para dormir e como melhorar a qualidade do sono?
Por que o sono dos idosos se torna mais leve e fragmentado?
A partir dos 30 anos, a fase de sono profundo diminui gradualmente, chegando a 60% de redução aos 70 anos. Essa perda aumenta os microdespertares e compromete o descanso reparador.
Os ciclos noturnos também encurtam após os 65 anos, reduzindo em média 30 minutos cada. O resultado é um sono leve, pouco restaurador e marcado pela sensação de cansaço ao longo do dia.
Que fatores práticos podem intensificar ou reduzir esse efeito?
Problemas de saúde, medicamentos e hábitos diários podem reforçar ou amenizar o despertar precoce. Algumas medidas simples ajudam a reduzir os impactos:
- Manter boa iluminação natural em casa para regular o relógio biológico
- Controlar doenças como apneia e dores crônicas que fragmentam o sono
- Ajustar horários de medicamentos que atrapalham o descanso noturno