Um levantamento do Monitor RGF revelou que 29% das empresas que deixaram a recuperação judicial no segundo trimestre de 2025 não resistiram e acabaram falindo. O estudo aponta desafios na execução dos planos e o aumento do número de companhias em reestruturação no país.
- Mais de 4.900 empresas estão em recuperação judicial no Brasil.
- Quase um terço das que saíram do processo acabou em falência.
- Setor agropecuário lidera com maior índice de risco financeiro.
Por que tantas empresas faliram após sair da recuperação judicial?
Segundo o especialista Rodrigo Gallegos, da RGF, o dado evidencia que “aprovar o plano não é o suficiente — o que sustenta a virada é disciplina na execução”. A falta de gestão eficiente e o cenário econômico instável aumentam as chances de retrocesso financeiro.
O levantamento mostra que 29% das companhias que encerraram a recuperação judicial no segundo trimestre acabaram falindo. Outros 13% foram considerados inativos por pendências cadastrais, enquanto apenas 58% voltaram a operar normalmente após o processo.

Qual foi o comportamento geral das empresas em recuperação no trimestre?
No total, o Brasil registrou 4.965 empresas com processos ativos de recuperação judicial no segundo trimestre de 2025 — o maior número desde o início da série histórica. O aumento foi de 1,7% em relação ao trimestre anterior, indicando desaceleração no ritmo de crescimento.
- 1º trimestre de 2025: 4.881 processos (+6,9%)
- 2º trimestre de 2025: 4.965 processos (+1,7%)
- Índice IRJ-RGF caiu levemente de 1,98 para 1,97, devido ao aumento da base de empresas ativas.
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Quais setores enfrentam maior risco de colapso financeiro?
A análise setorial mostra que a agropecuária lidera o ranking de risco, com crescimento de 13,8% nas empresas em recuperação, passando de 341 para 388 casos. O índice IRJ atingiu 11,49, o mais alto entre todos os setores avaliados.
Em seguida, aparecem serviços com 1.127 empresas (+2%), indústria com 1.121 (+0,8%) e comércio com 1.003 (+0,7%). Apenas o setor de construção, energia e saneamento apresentou leve queda de 0,9%.
O que explica a alta vulnerabilidade das empresas brasileiras?
- Restrição de crédito e altas taxas de juros limitam o acesso a capital de giro.
- A instabilidade global afeta exportações e previsibilidade financeira.
- Falta de gestão ágil e renegociação estratégica agravam o endividamento.
Gallegos destaca que empresas que priorizam o controle de caixa e ajustes operacionais rápidos conseguem atravessar melhor períodos de crise. A recuperação judicial, segundo ele, exige disciplina e planejamento contínuo após a aprovação do plano.
Quais lições as empresas podem tirar desses resultados?
- O plano de recuperação deve incluir metas de execução e acompanhamento rigoroso.
- Monitorar o fluxo de caixa e revisar contratos é essencial para evitar recaídas.
- Buscar consultoria especializada aumenta as chances de retomada sustentável.
Os dados do Monitor RGF reforçam que o desafio das empresas não termina ao sair da recuperação judicial. A sustentabilidade financeira depende da capacidade de adaptação, renegociação e eficiência na gestão — fatores decisivos para garantir sobrevivência em um cenário econômico cada vez mais desafiador.