Estudos recentes têm lançado luz sobre as razões que tornam o cérebro das mulheres mais propenso a doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer e a esclerose múltipla. A pesquisa, publicada na revista Science Translational Medicine, revela que o gene Kdm6a, localizado no cromossomo X, desempenha um papel crucial na proteção do sistema nervoso central. O mau funcionamento desse gene pode deixar as células cerebrais mais vulneráveis à inflamação e à morte neuronal.
O Kdm6a é mais ativo em mulheres, que possuem dois cromossomos X, em contraste com os homens, que têm apenas um. Embora isso pareça uma vantagem genética, essa mesma característica pode se tornar um risco. Quando o gene é desativado ou alterado, perde-se o efeito protetor, levando a um desequilíbrio na função das microglias, células que defendem o cérebro de infecções e inflamações. Essa falha de regulação pode influenciar no desenvolvimento de doenças como o Alzheimer e a esclerose múltipla.

Qual é o impacto do gene Kdm6a nas doenças neurodegenerativas?
As microglias, células essenciais na defesa do cérebro, tornam-se disfuncionais sem a regulação adequada proporcionada pelo Kdm6a, contribuindo para a progressão de doenças como Alzheimer. Esta enfermidade é a forma mais comum de demência e afeta majoritariamente os idosos. Os sinais iniciais são frequentemente a perda de memória recente, evoluindo para dificuldades em lembrar fatos antigos, lapsos na percepção de tempo e espaço, irritabilidade e alterações na comunicação.
Em experimentos com camundongos, a remoção do Kdm6a nas microglias resultou em inflamações cerebrais severas e danos neuronais similares aos encontrados em humanos. As fêmeas mostraram reações inflamatórias mais intensas, indicando que o impacto do gene está de fato relacionado ao sexo biológico, refletindo nas diferenças associadas ao cromossomo X.
Como a esclerose múltipla se relaciona com o gene Kdm6a?
A esclerose múltipla é uma doença autoimune que atinge o sistema nervoso central, gerando lesões nos nervos e problemas na comunicação entre o cérebro e o corpo. Sintomas como fraqueza muscular, dormência, cansaço extremo e distúrbios de fala são comuns. Estudos indicam que mulheres têm maior probabilidade de desenvolver essa condição em comparação aos homens, o que pode estar correlacionado com diferenças genéticas e fatores imunológicos.
Embora a doença não tenha cura, existem tratamentos que retardam sua progressão e aliviam os sintomas. Além dos medicamentos, a fisioterapia desempenha um papel significativo na manutenção da força muscular e na prevenção da atrofia. Segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla, cerca de 40 mil pessoas convivem com essa condição no Brasil.
Quais são as implicações dos estudos sobre Kdm6a para a medicina de precisão?
A identificação do papel do Kdm6a abre portas para abordagens personalizadas no tratamento de doenças neurológicas, considerando as diferenças biológicas entre homens e mulheres. Essa pesquisa constitui um passo promissor para a medicina de precisão, que visa tratamentos adaptados a dados genéticos específicos.
Embora o foco atual seja o gene Kdm6a, novos estudos são necessários para explorar como outros fatores, como hormônios sexuais e envelhecimento, interagem com ele. A busca contínua por uma compreensão mais profunda dessas interações poderá levar ao desenvolvimento de medicamentos específicos voltados para proteger o cérebro feminino, reduzindo a prevalência de doenças neurodegenerativas.
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Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
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