O recente episódio da aprovação do Projeto de Lei 1.087/2025 no Senado brasileiro marca um passo relevante nas políticas tributárias do país, ao elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda para 5 mil reais mensais, estratégia que deve beneficiar cerca de 16 milhões de contribuintes e influenciar os debates sobre justiça fiscal no Brasil.
Quais estratégias políticas garantiram a aprovação?
A decisão de manter o texto aprovado pela Câmara dos Deputados foi essencial para acelerar o processo legislativo. Renan Calheiros, relator da proposta, conduziu as articulações no Senado para evitar que emendas atrasassem a tramitação, possibilitando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancione rapidamente a medida.

O governo considerou essa aprovação como uma das principais promessas de campanha, associando-a a um pacote mais amplo de alívio tributário. O texto aprovado contempla a isenção integral para salários até 5 mil reais e reduz o imposto de renda, de forma escalonada, para quem recebe entre 5 mil e 7.350 reais.
Além disso, houve intenso diálogo entre líderes partidários para evitar dissidências e garantir maioria confortável durante a votação. A articulação incluiu também a negociação de contrapartidas com setores econômicos afetados pela compensação na receita.
Como será a implementação da nova tabela?
A nova tabela do Imposto de Renda inclui alterações importantes além da simples ampliação da faixa de isenção. Para rendimentos entre 5 mil e 7.350 reais, a redução será gradual, enquanto salários acima desses valores continuam sujeitos à alíquota máxima de 27,5%.
Para garantir o equilíbrio fiscal diante das novas isenções, o governo anunciou algumas medidas de compensação. Entre elas:
- Tributação sobre lucros e dividendos superiores a 600 mil reais anuais, variando até 10%
- Manutenção da neutralidade fiscal, para evitar queda na arrecadação
- Previsão de entrada em vigor a partir de 2026
No sistema de processamento, a Receita Federal deve atualizar seus sistemas e oferecer informações claras para a adaptação do contribuinte. A educação fiscal também será intensificada para esclarecer dúvidas sobre as mudanças na declaração anual.
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O que muda para bancos e fintechs?

Além do projeto principal, houve a votação de uma proposta paralela que aumenta a tributação sobre instituições financeiras, fintechs e empresas do setor de apostas. Essa iniciativa buscou proteger a arrecadação diante da ampliação da faixa de isenção para pessoas físicas.
Renan Calheiros e o senador Eduardo Braga prepararam um texto adicional para fortalecer o caixa do governo, com estimativa de arrecadação de até 6,6 bilhões de reais até 2028, ampliando ainda mais o alcance das novas diretrizes fiscais.
Adicionalmente, especialistas alertam que essa mudança pode gerar discussões sobre a competitividade dos bancos menores e das fintechs, exigindo acompanhamento nos próximos anos para ajustes, caso necessário.
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Quais são as próximas etapas do sistema tributário?
O início da vigência da medida em 2026 é visto como forma de aliviar a carga tributária dos cidadãos e fortalecer o apoio popular ao governo. O sucesso da articulação política no Senado possibilitou a aprovação ágil de um projeto que cumpre promessa eleitoral e representa passo importante na trajetória das reformas fiscais.
Ainda que a medida não encerre o debate sobre política fiscal, ela delineia uma estratégia de combinação entre técnica legislativa e habilidade política, podendo servir de referência para discussões futuras sobre ajustes no sistema tributário brasileiro.
O governo já sinalizou que deve priorizar futuros projetos que modernizem a cobrança de impostos indiretos e promover a digitalização dos processos tributários, fortalecendo ainda mais o compromisso com a justiça fiscal e a transparência.




