Em diversas partes do mundo, cidades costeiras enfrentam um desafio crescente: o afundamento do solo, fenômeno conhecido como subsidência. Esse processo tem alterado drasticamente a paisagem urbana e impactado a vida de milhões de pessoas, especialmente em regiões densamente povoadas e com infraestrutura vulnerável. O problema é agravado pela elevação do nível do mar, tornando áreas inteiras mais suscetíveis a enchentes e outros riscos ambientais.
Estudos recentes apontam que a subsidência não é exclusiva de uma região ou continente. Cidades na Ásia, África, Europa e Américas apresentam taxas preocupantes de rebaixamento do solo, muitas vezes superiores a 1 centímetro por ano. Esse cenário coloca em risco tanto a segurança das populações quanto a integridade de construções, vias públicas e sistemas de abastecimento.
O que causa o afundamento do solo nas cidades costeiras?
A principal causa da subsidência urbana está relacionada à extração excessiva de água subterrânea. À medida que a demanda por água aumenta, especialmente em grandes centros urbanos, poços profundos são perfurados para suprir residências, indústrias e agricultura. Esse processo retira água dos aquíferos, provocando a compactação do solo e, consequentemente, o rebaixamento da superfície.
Além da retirada de água, outros fatores contribuem para o afundamento, como:
- Construção de grandes estruturas e obras de infraestrutura
- Mineração e escavações subterrâneas
- Compactação natural do solo ao longo do tempo
- Movimentos tectônicos e terremotos, embora em menor escala
Em cidades como Jacarta, na Indonésia, e Lagos, na Nigéria, a rápida urbanização e o crescimento populacional intensificam o uso de recursos hídricos subterrâneos, tornando o problema ainda mais grave.
Quais cidades estão mais vulneráveis à subsidência?
Segundo pesquisas da Universidade Tecnológica de Nanyang, cidades costeiras de baixa altitude são as mais afetadas. Locais construídos sobre deltas de rios, como Jacarta, Bangcoc, Xangai e Ho Chi Minh, apresentam taxas de subsidência elevadas. Em algumas áreas, o solo afunda mais de 10 centímetros por ano, comprometendo casas, estradas e serviços públicos.
O impacto direto é sentido por milhões de pessoas. Estima-se que, em 2025, cerca de 76 milhões de habitantes vivam em zonas urbanas que afundam pelo menos 1 centímetro anualmente. O resultado são enchentes frequentes, rachaduras em edificações e, em casos extremos, a necessidade de evacuação de bairros inteiros.

Entre as cidades monitoradas, destacam-se:
- Tianjin (China): taxas de até 18,7 cm por ano em áreas industriais
- Jacarta (Indonésia): metade da cidade já está abaixo do nível do mar
- Lagos (Nigéria): alagamentos recorrentes e infraestrutura comprometida
- Houston (EUA): subsidência ligada à extração de água e petróleo
- Bangcoc (Tailândia): construção sobre solo alagadiço e uso intenso de aquíferos
Como as cidades podem enfrentar o afundamento do solo?
Diante do avanço da subsidência, diferentes estratégias têm sido adotadas para mitigar seus efeitos. Uma das soluções mais eficazes é a regulamentação da extração de água subterrânea. Tóquio, por exemplo, conseguiu estabilizar o solo ao impor restrições rigorosas e investir em sistemas alternativos de abastecimento. A capital japonesa também desenvolveu uma rede eficiente de gestão de águas pluviais, reduzindo o risco de enchentes.
Outras cidades apostam em métodos inovadores, como a injeção de água no subsolo, utilizada em Xangai, ou a criação de áreas verdes e superfícies permeáveis, conhecidas como “cidades-esponja”. Essas iniciativas ajudam a absorver o excesso de água das chuvas e diminuem a pressão sobre os sistemas de drenagem.
Além disso, algumas regiões optam pela construção de diques, muros de contenção e estações de bombeamento para proteger áreas vulneráveis. No entanto, especialistas alertam para o chamado “efeito tigela”, em que as barreiras acabam retendo a água dentro das cidades, aumentando o risco de alagamentos internos.
Quais são os desafios para o futuro das cidades costeiras?
O combate à subsidência urbana exige planejamento de longo prazo e investimentos significativos em infraestrutura. Muitas soluções, como a limitação do uso de aquíferos ou a transformação de áreas urbanas em espaços mais permeáveis, dependem de políticas públicas consistentes e do engajamento da sociedade.
Sem mudanças estruturais, o número de pessoas expostas a enchentes e danos materiais tende a crescer. A experiência de cidades como Tóquio e Taipé mostra que é possível conter o avanço do afundamento, mas a aplicação dessas medidas em larga escala ainda enfrenta obstáculos financeiros, técnicos e políticos.
Com a elevação contínua do nível do mar e o aumento da população urbana, a subsidência do solo se consolida como um dos principais desafios ambientais do século XXI. A busca por soluções sustentáveis e adaptáveis será fundamental para garantir a segurança e a qualidade de vida nas cidades costeiras ao redor do mundo.
Quais são os impactos sociais e econômicos da subsidência?
A subsidência causa sérios prejuízos sociais e econômicos. O rebaixamento do solo leva à desvalorização imobiliária, aumento dos custos com reparos em infraestrutura, perda de moradias e deslocamento de famílias inteiras. Empresas podem sofrer grandes perdas, especialmente em setores como o turismo e o comércio, devido a inundações frequentes e danos materiais. Os governos precisam investir ainda mais em serviços de emergência, reconstrução de vias públicas e infraestrutura de drenagem para lidar com situações cada vez mais extremas.
Que alternativas tecnológicas podem ajudar a monitorar e prevenir a subsidência?
O avanço de tecnologias como imagens de satélite e sensores de solo tem permitido monitoramento mais preciso e em tempo real das áreas de risco. Cidades já começam a utilizar softwares de inteligência artificial para prever pontos críticos de subsidência e orientar intervenções antecipadas. Soluções como o uso de materiais sustentáveis na construção civil e sistemas inteligentes de captação de água pluvial também despontam como estratégias promissoras para enfrentar o problema.