A demissão por justa causa ocorre quando o empregador encerra o contrato de trabalho devido a uma falta grave cometida pelo empregado. Essa modalidade de desligamento está prevista na legislação trabalhista brasileira e exige que haja uma justificativa clara e fundamentada para sua aplicação. Entre as principais razões estão atitudes que comprometem a confiança ou a integridade do ambiente de trabalho.
Para que a dispensa seja considerada legítima, é necessário que o ato praticado pelo trabalhador esteja listado entre as hipóteses previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Dessa forma, a empresa deve apresentar provas concretas da conduta inadequada, garantindo que o processo seja realizado de maneira transparente e respeitando os direitos do empregado.
Quais são os principais motivos que podem levar à justa causa?

Diversas situações podem resultar em demissão por justa causa, desde atos de indisciplina até crimes cometidos no ambiente de trabalho. Entre os exemplos mais comuns estão o abandono de emprego, a insubordinação, o furto, a embriaguez durante o expediente e a violação de segredos da empresa. Essas condutas são consideradas graves e comprometem a relação de confiança entre as partes.
Além disso, a prática de assédio, agressões físicas ou verbais, bem como a utilização inadequada de recursos da empresa, também podem justificar esse tipo de desligamento. É importante ressaltar que cada caso deve ser analisado individualmente, levando em conta as circunstâncias e a gravidade do ocorrido.
Quais direitos o trabalhador mantém após a demissão por justa causa?
Mesmo sendo dispensado por justa causa, o empregado ainda possui alguns direitos garantidos por lei. Entre eles estão o recebimento do saldo de salário, que corresponde aos dias trabalhados até o momento da rescisão, e o pagamento de férias vencidas, caso existam. Esses valores devem ser quitados pelo empregador no prazo estabelecido pela legislação.
No entanto, benefícios como aviso prévio, multa do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e acesso ao seguro-desemprego não são devidos nesse tipo de desligamento. O trabalhador também perde o direito ao saque do FGTS depositado durante o contrato, exceto em situações específicas previstas em lei.
Como deve ser feito o processo de comunicação da justa causa?
A comunicação da demissão por justa causa deve ser formalizada de maneira clara e objetiva, preferencialmente por escrito. O documento precisa detalhar o motivo do desligamento, mencionando a conduta que motivou a decisão e a data em que ocorreu o fato. Esse procedimento visa garantir a transparência e evitar questionamentos futuros.
Além disso, é recomendável que o empregador reúna provas e testemunhas que possam comprovar a falta grave cometida pelo empregado. Caso o trabalhador discorde da justificativa apresentada, ele pode buscar orientação jurídica para contestar a decisão e, se necessário, ingressar com uma ação trabalhista.
O empregado pode recorrer em caso de demissão por justa causa?
Sim, o trabalhador tem o direito de contestar a demissão por justa causa caso considere que a medida foi injusta ou desproporcional. Para isso, pode procurar o sindicato da categoria, órgãos de defesa do trabalhador ou até mesmo ingressar com uma reclamação na Justiça do Trabalho. O objetivo é analisar se a dispensa atendeu aos requisitos legais e se houve excesso por parte do empregador.
Durante o processo, o juiz avaliará as provas apresentadas por ambas as partes e decidirá se a justa causa deve ser mantida ou revertida para dispensa sem justa causa. Em caso de reversão, o empregado pode ter direito ao recebimento de verbas rescisórias adicionais, como aviso prévio, multa do FGTS e acesso ao seguro-desemprego.
Quais cuidados o empregador deve ter ao aplicar a justa causa?
Antes de optar pela demissão por justa causa, é fundamental que o empregador avalie a gravidade da conduta e verifique se não há possibilidade de advertência ou suspensão como medidas disciplinares alternativas. A aplicação da justa causa deve ser proporcional ao ato cometido, evitando decisões precipitadas que possam gerar questionamentos judiciais.
Outro ponto importante é garantir que todo o processo seja documentado, desde as advertências até a comunicação da dispensa. Isso contribui para a segurança jurídica da empresa e reduz o risco de futuras ações trabalhistas. O respeito aos direitos mínimos do trabalhador e o cumprimento das normas legais são essenciais para evitar problemas e manter um ambiente de trabalho equilibrado.