A ideia de que “vinho faz bem para o coração” ou que “cerveja traz benefícios por conter lúpulo” é amplamente disseminada — mas, segundo o médico Dr. Alexandre Duarte (CRM-SP 162757), essa crença está baseada em uma distorção da realidade. Em seu perfil no Instagram @dralexandreduarte, ele explica de forma direta: o problema não está nas substâncias isoladas, como o resveratrol ou o lúpulo, mas sim no veículo onde elas estão — o álcool.
Segundo ele, a indústria usa compostos naturais saudáveis como pretexto para justificar o consumo de bebidas alcoólicas. Mas a verdade é que nenhuma dose de álcool é considerada segura para o organismo humano.
O álcool realmente traz algum benefício para a saúde?
A resposta curta, de acordo com o Dr. Alexandre, é: não. Não há comprovação de que o álcool, em si, ofereça qualquer tipo de ganho funcional ao corpo. Os eventuais benefícios associados ao vinho tinto, por exemplo, se referem ao resveratrol, um antioxidante presente na uva, que pode ser obtido facilmente de outras fontes — como frutas vermelhas e suplementos.
Da mesma forma, o lúpulo presente na cerveja tem propriedades relaxantes, mas seu potencial positivo é neutralizado pelos danos provocados pelo etanol. Assim, ao consumir bebidas alcoólicas com base nesses argumentos, o indivíduo está se iludindo com uma falsa justificativa.
Existe uma “dose segura” de álcool?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há nível seguro de consumo de álcool. Qualquer quantidade representa algum risco à saúde — especialmente em relação ao fígado, ao sistema cardiovascular e ao cérebro.
Estudos apontam que mesmo o consumo social esporádico pode aumentar o risco de:
- Câncer de fígado, esôfago e mama
- Pressão arterial elevada
- Depressão e ansiedade
- Comprometimento cognitivo a longo prazo
Fonte: OMS – Álcool e Saúde Pública
E se eu beber só ocasionalmente? Ainda faz mal?
O Dr. Alexandre Duarte deixa claro que sim: ainda há impactos negativos, mesmo que mínimos. O segredo, segundo ele, está no equilíbrio e nas escolhas conscientes. Se o restante do estilo de vida está saudável — com alimentação balanceada, exercícios regulares e sono de qualidade —, o eventual consumo pontual pode gerar apenas pequenos prejuízos.
Mas o problema surge quando o “excepcional” se torna rotina. A frequência elevada, somada a uma dieta pobre e sedentarismo, multiplica os danos do álcool e acelera processos degenerativos.
Então é preciso cortar tudo o que dá prazer?
Não necessariamente. O especialista destaca que não há problema em gostar de bolo, hambúrguer, pizza ou até mesmo de uma taça de vinho. A questão está em transformar isso em hábito diário. O excesso contínuo e sem controle é o que mina a saúde silenciosamente.

Por isso, é fundamental escolher os seus prazeres com sabedoria. Se você gosta muito de vinho, reserve momentos específicos para isso — e compense com escolhas saudáveis no restante do dia. O que não pode acontecer é viver em um ciclo onde “todo dia é dia de tudo”, como ele próprio diz.
Fontes confiáveis utilizadas neste conteúdo
- Organização Mundial da Saúde – Consumo de álcool e riscos: https://www.who.int
- Ministério da Saúde – Informações sobre álcool e doenças crônicas: https://www.gov.br/saude
- Instituto Nacional de Câncer (INCA) – Riscos do álcool: https://www.inca.gov.br
- CDC – Center for Disease Control and Prevention (USA): https://www.cdc.gov/alcohol