A hipertensão arterial, popularmente conhecida como pressão alta, é uma das condições de saúde mais comuns no Brasil e no mundo. Apesar disso, ainda existem muitos mitos sobre a doença, especialmente a ideia de que ela sempre apresenta sinais claros. Segundo o cardiologista Dr. André Chateaubriand (CRM-BA), especialista pela USP e com atuação em Feira de Santana (BA), essa é uma crença perigosa.
De acordo com o médico, a hipertensão é uma doença silenciosa e, na maioria dos casos, não apresenta sintomas, mesmo quando os níveis de pressão estão muito elevados. Isso significa que muitas pessoas convivem com a pressão alta sem sequer saber, o que aumenta o risco de complicações graves, como infarto, AVC e insuficiência cardíaca.
Por que a hipertensão é chamada de “doença silenciosa”?
A pressão alta, quando se instala de forma gradual, permite que o organismo desenvolva mecanismos de adaptação. Ou seja, mesmo que os níveis estejam muito acima do normal, a pessoa pode não sentir nada. Dr. André relata casos de pacientes com pressões extremamente elevadas (como 28×13) que não apresentaram sintomas aparentes.
O perigo está justamente nesse “silêncio” da doença. Sem sinais de alerta, muitos acreditam que não precisam de tratamento, quando, na verdade, estão expostos a riscos sérios. A longo prazo, a hipertensão descontrolada pode comprometer órgãos vitais, como coração, rins, cérebro e olhos.
Quais os riscos de não tratar a pressão alta?
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a hipertensão está entre os principais fatores de risco para acidente vascular cerebral (AVC), infarto do miocárdio, insuficiência renal crônica e até aneurismas. A cada aumento de 20 mmHg na pressão sistólica (o número maior) ou de 10 mmHg na pressão diastólica (o número menor), o risco de complicações cardiovasculares praticamente dobra.
Além disso, a hipertensão não controlada pode levar a um processo chamado hipertrofia ventricular, em que o coração precisa trabalhar com mais força para bombear sangue, aumentando o risco de insuficiência cardíaca.
É perigoso baixar a pressão de forma rápida?
Dr. André Chateaubriand explica que, em casos de hipertensão crônica descontrolada, reduzir a pressão de forma brusca pode ser arriscado. O corpo de quem convive há anos com pressão alta já se adaptou a essa condição, e uma queda repentina pode causar tontura, desmaios e até falta de irrigação cerebral, aumentando o risco de AVC.
Por isso, o tratamento deve ser gradual e monitorado por um cardiologista, com ajustes de medicação e mudanças de estilo de vida feitas de forma controlada.
Como saber se você tem hipertensão?
A única forma de identificar a pressão alta é através da medição regular, que pode ser feita em casa com aparelhos digitais confiáveis ou em consultas médicas. A pressão considerada normal é em torno de 12×8 mmHg. Valores iguais ou acima de 14×9 mmHg já são classificados como hipertensão e merecem investigação.

A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que todas as pessoas façam a aferição da pressão ao menos uma vez por ano, mesmo na ausência de sintomas. Quem tem histórico familiar de hipertensão ou doenças cardiovasculares deve redobrar a atenção.
O que fazer para controlar a pressão?
O controle da pressão arterial não depende apenas de medicamentos. Mudanças no estilo de vida são essenciais para manter os níveis sob controle. Entre as recomendações mais importantes, destacam-se:
- Reduzir o consumo de sal e alimentos ultraprocessados, ricos em sódio.
- Praticar atividade física regularmente, como caminhadas, musculação ou exercícios aeróbicos.
- Manter um peso saudável e evitar o sobrepeso.
- Diminuir o consumo de álcool e eliminar o tabagismo.
- Adotar uma alimentação equilibrada, rica em frutas, legumes, verduras, grãos integrais e proteínas magras.
- Controlar o estresse e buscar boas noites de sono.
Quando essas medidas não são suficientes, o uso de medicamentos anti-hipertensivos é indicado, sempre com prescrição médica.
Por que o diagnóstico precoce salva vidas?
A hipertensão é responsável por uma grande parcela das mortes por causas cardiovasculares, que ainda são as principais causas de óbito no Brasil. Quanto antes a condição for diagnosticada, maiores as chances de prevenção de complicações graves, como o AVC, que pode deixar sequelas irreversíveis, ou o infarto, que pode ser fatal.