Beber quando está triste pode parecer inofensivo, mas segundo a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa (@draanabeatriz11), essa é uma das atitudes mais prejudiciais ao bem-estar emocional. O álcool, ao contrário do que muitos pensam, não alivia a dor emocional: ele é um depressor do sistema nervoso e tende a intensificar sentimentos negativos, como tristeza, angústia e solidão.
A especialista explica que o consumo de bebida alcoólica deve estar associado a momentos de celebração e prazer genuíno, nunca como uma forma de fuga emocional. Quando a bebida passa a ser usada como recurso para enfrentar dificuldades, ela perde seu papel social e passa a representar um sintoma de sofrimento.
Quais situações indicam que o álcool está agravando o estado emocional?
Quando a bebida entra como resposta à tristeza, ansiedade ou solidão, ela atua como um agravante da saúde mental. Isso porque o álcool reduz a atividade cerebral ligada ao controle emocional e amplifica sentimentos negativos. Nessa condição, a sensação de alívio é temporária e rapidamente substituída por culpa ou vazio.
Ana Beatriz alerta que beber para se desinibir, para esquecer ou para lidar com emoções é um sinal de que o uso do álcool está saindo do controle. Esse padrão de comportamento tende a gerar dependência emocional e prejudicar relações pessoais e profissionais.
Por que o consumo emocional de álcool pode ser perigoso para a saúde mental?
O uso frequente do álcool para lidar com sentimentos difíceis está diretamente ligado ao aumento de casos de depressão, ansiedade e outros transtornos mentais. Isso ocorre porque o organismo se adapta aos efeitos da bebida, gerando tolerância e necessidade de consumir doses cada vez maiores.
Com o tempo, o álcool deixa de ter efeito relaxante e passa a ser gatilho para crises de ansiedade, agressividade e impulsividade. Além disso, interfere no sono, na memória e na capacidade de tomada de decisão, enfraquecendo o bem-estar geral.
O que significa a visão do filósofo Epíteto sobre desejo e felicidade?
Ana Beatriz cita Epíteto para explicar que a verdadeira felicidade só é possível quando não somos escravizados pelos nossos desejos. O álcool, quando usado como ferramenta de escape, representa um desejo que saiu do controle e que, ao invés de trazer liberdade, aprisiona o indivíduo em padrões autodestrutivos.
Esse pensamento filosófico traduz bem o que ocorre quando a bebida vira um apoio emocional. Para conquistar bem-estar verdadeiro, é preciso desenvolver autonomia emocional, enfrentar desafios com consciência e buscar suporte adequado quando necessário.
Como identificar que o uso de bebida tornou-se hábito emocional?
Se você tem o hábito de beber quando está triste, inseguro ou com raiva, é sinal de que o consumo já ultrapassou os limites sociais. Outro indício é quando a pessoa depende da bebida para se sentir mais solta, corajosa ou aceita em ambientes sociais.

Esse tipo de comportamento costuma vir acompanhado de arrependimento, falhas de memória ou comportamentos impulsivos. A dependência emocional do álcool pode se instalar silenciosamente e comprometer diversos aspectos da vida.
O que priorizar para preservar bem-estar emocional em vez de consumir álcool?
A psiquiatra recomenda buscar alternativas saudáveis para lidar com emoções desafiadoras. Práticas como atividade física, meditação, terapia e conexão com pessoas queridas ajudam a criar um alicerce emocional mais estável.
Substituir o álcool por hábitos positivos fortalece o autocuidado e promove bem-estar real. Em vez de usar substâncias para tapar buracos emocionais, o foco deve estar em construir ferramentas internas para enfrentá-los.
Fontes oficiais consultadas
- Organização Mundial da Saúde (OMS): www.who.int
- Ministério da Saúde (Brasil): www.gov.br/saude
- Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA): www.cisa.org.br
- National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA): www.niaaa.nih.gov