A psicóloga Andressa Leal alerta para um problema silencioso e devastador: o transtorno do jogo. Diferente do que muitos pensam, não se trata apenas de “falta de controle” ou “vício passageiro”. É um transtorno sério, que isola a pessoa, compromete finanças e destrói vínculos sociais. Segundo Andressa, o problema raramente é visível para quem está de fora, justamente porque quem sofre tende a se afastar de ambientes e relações que possam expor sua situação.
Ela explica que esse distanciamento social é acompanhado por perdas significativas: amizades, relações familiares e até o emprego. O ciclo é alimentado por gatilhos emocionais e pela alta acessibilidade a jogos e apostas, potencializados pela influência de figuras públicas que lucram explorando a vulnerabilidade de seus seguidores.
Por que o transtorno do jogo é tão difícil de identificar?
A invisibilidade do transtorno do jogo acontece porque a pessoa afetada tende a se isolar. Muitas vezes, ela já gastou todos os recursos financeiros, acumulou dívidas e evita lugares e pessoas que possam questionar seu comportamento. Esse afastamento dificulta que familiares e amigos percebam o problema cedo.
Andressa ressalta que, ao contrário do que se imagina, não basta “decidir parar” para que o jogo deixe de ser um problema. Trata-se de uma questão de saúde mental complexa, que requer acompanhamento profissional e, em muitos casos, apoio psicológico e terapêutico especializado.
Qual é o papel dos influenciadores nesse cenário?
Segundo a psicóloga, alguns influenciadores digitais criam ambientes extremamente atrativos para pessoas vulneráveis ao jogo, incentivando comportamentos que podem levar ao vício. A promessa de ganhos rápidos e o uso de narrativas envolventes funcionam como gatilhos potentes para quem já apresenta propensão ao transtorno.

Esse tipo de influência, alerta Andressa, não é apenas marketing — é um risco real à saúde mental. O cenário atual mostra que a preocupação em proteger o público é muitas vezes menor que o interesse em manter a lucratividade.
Por que o transtorno do jogo é considerado perigoso?
O transtorno do jogo não atinge apenas a vida financeira, mas também a saúde emocional e mental. A facilidade de acesso, seja por meio de aplicativos, plataformas online ou cassinos, aumenta o risco. Assim como outras formas de dependência, o jogo ativa mecanismos de recompensa no cérebro, dificultando que a pessoa consiga interromper o comportamento sem ajuda.
A longo prazo, o vício pode gerar ansiedade, depressão, estresse crônico e até ideação suicida. O impacto social e familiar também é profundo, prejudicando a rede de apoio que poderia auxiliar na recuperação.
Como buscar ajuda para o transtorno do jogo?
O primeiro passo é reconhecer que se trata de um problema de saúde mental e não apenas de “falta de disciplina”. É fundamental procurar psicólogos ou psiquiatras especializados em dependências comportamentais. Grupos de apoio e programas terapêuticos específicos para jogadores compulsivos também podem ser aliados no processo de recuperação.
Para familiares e amigos, a recomendação é manter um diálogo aberto, livre de julgamentos, e incentivar o tratamento. Quanto mais cedo a intervenção, maiores as chances de evitar consequências irreversíveis.
Fontes oficiais consultadas:
- Organização Mundial da Saúde (OMS): www.who.int
- Ministério da Saúde (Brasil): www.gov.br/saude
- Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS): www.paho.org