O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) recentemente anunciou um esforço significativo para retificar descontos irregulares em benefícios previdenciários, o que impactou 1,64 milhão de beneficiários. Essa iniciativa visa corrigir falhas em cobranças identificadas pela Polícia Federal, que culminaram em mudanças na liderança do instituto. A devolução abrange casos ocorridos entre março de 2020 a março de 2025, período durante o qual muitos aposentados e pensionistas foram pegos de surpresa com deduções não autorizadas em seus benefícios.
Ainda permanece um grande número de beneficiários que não buscaram o ressarcimento a que têm direito. Aproximadamente 800 mil aposentados e pensionistas não se manifestaram para aderir ao acordo proposto pelo INSS, mesmo tendo sofrido os descontos irregulares. Isso significa que apenas um segmento dessa população teve seus direitos restituídos, apesar de a estimativa da devolução já cobrir quase totalidade dos prejudicados.
A iniciativa do INSS também envolveu parcerias com órgãos de controle e associações de defesa do consumidor, buscando ampliar a divulgação dos direitos e facilitar o acesso ao processo de ressarcimento para todos os beneficiários que ainda não fizeram a solicitação.
Como identificar descontos indevidos no benefício?

Verificar descontos indevidos é fundamental para garantir a integridade do benefício previdenciário. Os segurados devem acessar mensalmente o extrato do benefício pelo aplicativo “Meu INSS” ou pelo site oficial, observando descontos de entidades não reconhecidas ou débitos desconhecidos.
A consulta detalhada do extrato pode revelar cobranças de associações, clubes ou sindicatos que o beneficiário nunca autorizou. É importante analisar cada linha e identificar qualquer valor que foge do habitual.
Caso encontre irregularidade, o beneficiário deve anotar os dados do desconto, como valor, período e nome da entidade, para facilitar o processo de contestação e posterior ressarcimento junto ao INSS.
Quais os principais tipos de descontos irregulares?
Grande parte dos descontos irregulares está relacionada a associações e entidades de classes, sem autorização prévia, além de convênios não reconhecidos. Essas deduções podem variar de valores pequenos a montantes significativos.
Em alguns casos, os descontos englobam serviços não solicitados, até mesmo seguros e contribuições para entidades desconhecidas, surpreendendo aposentados e pensionistas.
O cruzamento de informações entre bancos e o INSS, juntamente com investigações da Polícia Federal, permitiu identificar o padrão dessas cobranças e estabelecer mecanismos de correção conjunta.
Passo a passo para solicitar o ressarcimento
Para requerer a devolução dos valores, o beneficiário deve acessar o aplicativo “Meu INSS“, realizar o login e buscar pela função “Consultar Descontos de Entidades Associativas“. A listagem mostrará todos os descontos realizados no período.
Após analisar a lista, basta marcar os descontos que o beneficiário considera indevidos, fornecer os dados de contato – como telefone e e-mail –, e enviar o pedido de ressarcimento.
Com a solicitação em andamento, o acompanhamento pode ser feito pelo próprio aplicativo ou pela Central de Atendimento 135, garantindo transparência na tramitação do processo até a devolução dos valores.
Como acompanhar o pedido de devolução
Uma vez protocolada a solicitação de ressarcimento, o acompanhamento é feito diretamente pelo “Meu INSS“. O sistema atualiza o status do processo para informar se há necessidade de documentos adicionais ou se o ressarcimento foi aprovado.
Além disso, a Central 135 está disponível para sanar dúvidas, esclarecer prazos e informar sobre o andamento do procedimento, oferecendo suporte ao beneficiário.
Em casos de demora, o cidadão pode registrar uma reclamação para acelerar o processo, ou até mesmo buscar orientação com entidades de defesa do consumidor.
Alternativas e direitos do beneficiário
O beneficiário também pode optar por ações judiciais caso o ressarcimento administrativo seja indeferido ou demore além do razoável. Entretanto, aderir ao acordo direto com o INSS costuma ser mais rápido e menos burocrático, bastando desistir do processo judicial em andamento.
A legislação assegura ao aposentado e pensionista o direito à restituição integral de valores descontados sem autorização, além de possível indenização, em caso de prejuízo comprovado.
É importante o beneficiário conhecer seus direitos para evitar novos descontos abusivos e exigir a devida reparação caso seja novamente lesado.
Prevenção e orientação para novos casos
Para evitar novas ocorrências, especialistas recomendam que aposentados e pensionistas nunca forneçam dados pessoais a terceiros e evitem assinar documentos sem leitura atenta.
Manter o cadastro atualizado no portal Gov.br e no “Meu INSS” ajuda na identificação rápida de tentativas de fraude ou desconto não autorizado, tornando o monitoramento mais seguro.
A orientação constante de familiares, entidades do setor e campanhas de conscientização são fundamentais para prevenir fraudes e garantir que todos saibam como agir caso se deparem com irregularidades.
Impacto da iniciativa e perspectivas futuras
A iniciativa do INSS marca um passo importante para restabelecer a confiança entre os beneficiários e o órgão, demonstrando compromisso com transparência e eficiência.
Espera-se que, com o fortalecimento dos sistemas e atualização contínua de protocolos, situações semelhantes não voltem a ocorrer, protegendo aposentados e pensionistas contra irregularidades futuras.
Além disso, o processo de ressarcimento pode servir de modelo para outros órgãos públicos, promovendo a defesa de direitos, agilidade nas soluções e respeito ao cidadão.