Beber café todos os dias pode parecer um hábito inofensivo, mas seus efeitos no corpo vão muito além da simples energia matinal. É isso que explica o nutricionista Matheus D’Avila (CRN-4 21102824), que compartilhou em suas redes os impactos fisiológicos e metabólicos da cafeína ao longo do tempo. Com mais de 900 mil seguidores e linguagem acessível, Matheus alerta, os resultados são reais, mas é preciso saber como consumir.
Em seu vídeo, o especialista divide os efeitos do café em três fases, após uma semana, um mês e um ano de consumo diário. A explicação ganha força por estar alinhada com evidências científicas sólidas sobre os mecanismos da cafeína no organismo. Entender essas fases pode ajudar a usar o café a favor da saúde, sem cair nos efeitos colaterais do exagero.
O que acontece com seu corpo na primeira semana tomando café diariamente?
Logo nos primeiros dias de consumo contínuo de café, é comum sentir um aumento notável de disposição, foco e até melhora do humor. Isso acontece porque a cafeína age diretamente no sistema nervoso central, bloqueando a adenosina, substância responsável por induzir o sono, e estimulando neurotransmissores como dopamina e noradrenalina. O resultado é uma sensação de energia extra e maior motivação para o dia.
Outro efeito imediato é o leve aumento no metabolismo. A cafeína acelera o gasto calórico de repouso, promovendo a oxidação de gorduras e preparando o corpo para usar melhor a energia. Essa ação pode representar um empurrão interessante para quem está em fase de emagrecimento, especialmente quando combinada a uma rotina alimentar balanceada e prática de exercícios.
O café realmente melhora o desempenho após um mês de uso?
Segundo o nutricionista, após cerca de um mês tomando café regularmente, os efeitos começam a se consolidar. O rendimento nos treinos pode melhorar significativamente, já que a cafeína atua como substância ergogênica, aumentando a resistência e reduzindo a percepção de esforço. Isso facilita treinos mais intensos e duradouros, potencializando a queima de gordura.
Além disso, há benefícios cognitivos comprovados. A memória de curto prazo, o tempo de reação e a concentração tendem a melhorar com o uso contínuo da cafeína, como apontam diversos estudos. Mas é importante lembrar que a resposta à cafeína pode variar bastante entre os indivíduos, e o ideal é sempre ajustar a quantidade ao seu próprio organismo.
O consumo diário de café pode causar dependência ou efeitos colaterais?
Após um ano ou mais de consumo diário, é comum que uma única xícara já não faça o mesmo efeito. Esse fenômeno está ligado à tolerância à cafeína, quanto mais se consome, menos sensível o corpo fica aos seus efeitos. Com isso, muitas pessoas acabam aumentando a dose para manter os mesmos benefícios, o que pode levar a efeitos indesejados.
Entre os principais problemas do consumo excessivo estão a dificuldade para dormir, mesmo dormindo as oito horas recomendadas, além de refluxo e azia mais frequentes. A dependência também pode se manifestar na forma de dores de cabeça, irritabilidade e fadiga quando o café é retirado abruptamente da rotina. Por isso, o consumo deve ser moderado e consciente.
A cafeína ajuda mesmo a queimar gordura durante o treino?
Sim, de forma comprovada. A cafeína estimula a liberação de catecolaminas, como a adrenalina, que aumentam a mobilização de ácidos graxos no sangue. Isso significa que, durante o exercício físico, o corpo usa mais gordura como fonte de energia, tornando a queima mais eficiente. Esse efeito é potencializado quando a cafeína é consumida entre 30 e 60 minutos antes da atividade física.
No entanto, a eficácia depende de fatores como sensibilidade individual, alimentação e intensidade do treino. O ideal é que o consumo de café seja parte de uma estratégia nutricional personalizada, com orientação profissional. Assim, é possível aproveitar seus benefícios sem ultrapassar os limites de segurança, que ficam em torno de 400 mg por dia, segundo especialistas.
Quais são os riscos reais de exagerar no café?
Embora a cafeína seja segura quando usada com moderação, o exagero pode trazer consequências. Ingerir mais de 400 mg por dia, o equivalente a 4 xícaras grandes de café, pode causar insônia, ansiedade, arritmia, aumento da pressão arterial e distúrbios digestivos como azia e refluxo. Pessoas com gastrite ou sensibilidade gastrointestinal devem redobrar o cuidado.

A longo prazo, o excesso pode prejudicar o ciclo circadiano e dificultar a produção natural de energia sem estímulos externos. Ou seja, o corpo “esquece” como manter o ritmo sozinho. Isso reforça a importância de usar o café como aliado, e não como muleta. Uma boa prática é variar os horários e evitar o consumo à noite, para preservar a qualidade do sono.
Como usar o café a seu favor sem comprometer a saúde?
Segundo Matheus D’Avila, a chave está no equilíbrio. A cafeína é uma das substâncias mais estudadas da nutrição, com ampla segurança reconhecida por órgãos internacionais como a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas isso só vale quando usada dentro dos limites.
Para isso, evite ultrapassar 3 a 4 xícaras por dia, prefira o café puro (sem açúcar ou creme) e distribua as doses ao longo do dia. Evitar o consumo à noite também é essencial para não comprometer o sono. Se sentir que o café já não causa efeito, o ideal é fazer uma pausa estratégica de alguns dias para reduzir a tolerância natural.
Fontes oficiais utilizadas neste artigo
- Organização Mundial da Saúde (OMS): https://www.who.int/
- Hospital Israelita Albert Einstein: https://vidasaudavel.einstein.br/efeitos-colaterais-da-cafeina/
- EFSA (Autoridade Europeia para Segurança Alimentar): https://www.efsa.europa.eu