Angela P. R. S., psicóloga clínica, compartilha como traços de personalidade como alta responsabilidade, excesso de amabilidade e neuroticismo podem estar ligados à ansiedade e como acolher esses padrões com flexibilidade e autocompaixão.
Ela destaca que pessoas autoexigentes, rigidez mental e perfeccionismo costumam ser valorizadas desde crianças, mas podem manter um ciclo de ansiedade. Com base na fala, e corroborando com dados científicos e fontes confiáveis, este artigo oferece uma leitura leve, acessível e atemporal.
Por que alta responsabilidade tende a ocorrer com ansiedade?
Altas expectativas, disciplina e a busca constante pela perfeição criam um terreno fértil para a ansiedade. Angela reforça que ser responsável é admirado, mas quando se transforma em rigidez mental, pode prender a pessoa em padrões inflexíveis e difíceis de sustentar no dia a dia.
Esse excesso de exigência pessoal impede a adaptação a mudanças, limitando a flexibilidade mental necessária para lidar com imprevistos e manter equilíbrio emocional. Quando exigimos demais de nós mesmos, criamos um ciclo de frustração que amplia a ansiedade. A saída é aprender a diminuir o ritmo, acolher os erros e cultivar uma postura mais leve perante a responsabilidade.
Como o “excesso” de amabilidade impacta o autocuidado?
A amabilidade — generosidade, cooperação e altruísmo — é uma virtude quando equilibrada, mas Angela pontua que quem é excessivamente amável costuma ter dificuldade de impor limites, priorizando os outros acima do próprio bem-estar.
Com o foco sempre voltado para fora, o autocuidado acaba ficando em segundo plano. Essa característica pode levar à sobrecarga emocional e ao desgaste silencioso. O desafio é aceitar essa tendência e aprender a praticar o autocuidado ativo. Quando a pessoa passa a colocar limites de forma saudável, reduz o risco de viver constantemente ansiosa por tentar agradar a todos.

O que o neuroticismo tem a ver com ansiedade?
Angela aponta que pessoas com alto neuroticismo são mais instáveis emocionalmente, impulsivas e vivem em estado constante de alerta. Pequenos estímulos, como um barulho, uma crítica ou um imprevisto, afetam intensamente seu equilíbrio interno.
Pesquisas mostram que o neuroticismo, um dos traços do modelo Big Five, está associado à reatividade emocional e maior vulnerabilidade à ansiedade. Pessoas com essa característica tendem a sentir emoções negativas de forma mais intensa e persistente. Uma das formas de lidar com esse perfil é buscar atividades que promovam calma, como técnicas de respiração, exercícios físicos moderados e práticas de relaxamento, fortalecendo a estabilidade emocional a longo prazo.
Qual é a chave para lidar com esses padrões de forma compassiva?
Segundo Angela, a chave está em nos olharmos com uma “mirada flexível e compassiva” — aceitar nossas tendências sem permitir que nos aprisionem. É evitar a armadilha da autoexigência, perfeccionismo e frustração, acolhendo quem somos sem deixar que isso nos limite.

Esse olhar está alinhado com abordagens psicológicas modernas, como a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), que busca aumentar a flexibilidade psicológica. Esse conceito significa aprender a lidar com pensamentos e emoções sem lutar contra eles, mas sim aceitando-os e escolhendo atitudes alinhadas a valores pessoais. Com a prática, essa postura reduz a intensidade da ansiedade e ajuda a construir uma vida mais equilibrada.
Onde encontrar informações confiáveis sobre ansiedade e personalidade?
Ao abordar temas ligados à saúde mental, é fundamental buscar fontes oficiais e atualizadas. Organizações de saúde e bases científicas reconhecidas reforçam a relação entre traços de personalidade e transtornos ansiosos, validando a fala da psicóloga. Entre os pontos mais citados, destacam-se o impacto da autoexigência no bem-estar, os efeitos do altruísmo excessivo no autocuidado e o papel do neuroticismo na vulnerabilidade emocional.
Buscar apoio profissional é sempre o caminho mais indicado para lidar com essas questões, mas a informação confiável também é um recurso poderoso. O aprendizado sobre si mesmo, aliado a estratégias comprovadas de manejo da ansiedade, pode transformar a forma como encaramos nossas próprias características de personalidade.