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O time de cidade de 1.500 habitantes que pode conquistar liga de país vice-campeão da Copa

Mjällby, modesta equipe sueca, caminha para o título nacional, com 11 pontos à frente do segundo colocado e cinco rodadas a disputar

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O time de cidade de 1.500 habitantes que pode conquistar liga de país vice-campeão da Copa
O time de cidade de 1.500 habitantes que pode conquistar liga de país vice-campeão da Copa (Equipe do Mjällby antes de vitória pelo Campeonato Sueco)

É praticamente impossível que um time de uma cidade de 1.500 habitantes, com um estádio para seis mil pessoas e receita dez vezes menor que a do principal concorrente do país, certo?

Não para o Mjällby, da Suécia, que caminha a passos largos para vencer o Campeonato Sueco pela primeira vez.

Com cinco rodadas pendentes para o fim da Liga Sueca, a equipe, sediada na pequena vila de Hällevik, tem 11 pontos de vantagem sobre o vice-líder Hammarby (60 pontos, contra 49) e acredita cada vez mais na possibilidade de realizar um sonho inimaginável até pouco tempo atrás.

A melhor colocação da história do clube foi o quinto lugar em 2024. Neste ano, todavia, já são 18 vitórias em 25 jogos até então, sendo o Strandvallen (estádio do clube, que comporta quatro vezes a população da cidade) um grande trunfo: a equipe não perde como mandante desde julho de 2024

Disparidade orçamentária é desafio

A trajetória do clube é ainda mais notável quando se compara o orçamento disponível ao clube e aqueles utilizados pelos rivais.

O Malmo, “bicho papão” do futebol sueco, que venceu quatro dos últimos torneios nacionais, faz uma campanha aquém das expectativas e ocupa a quinta colocação, com 42 pontos. O orçamento do gigante sueco é oito vezes maior que o dos azarões.

O Goteborg, outro grande clube do torneio, está em quarto, com 44 pontos.

Hammarby e Djugarden, equipes tradicionais do país, têm cerca de sete vezes mais receitas que o Mjällby, e oucpam a segunda e sétima colocações respectivamente.

O AIK, equipe tradicional de Estocolmo, fatura somente em bilheteria valores superiores à totalidade dos recebidos pelo líder do campeonato.

História do clube: ‘o time que sempre regressa’

O Mjällby, clube fundado em 1939, tem raízes humildes ligadas à pesca e agricultura, em razão da proximidade que o sul da Suécia tem do Mar Báltico. É uma instituição pequena, que participou pela primeira vez do Campeonato Sueco em 1980 e soma 11 participações na elite da nação, desde então.  

Na Suécia, a equipe é conhecida como “o time que sempre regressa”, em razão das oscilações relacionadas aos acessos e descensos enfrentados recorrentemente.

A título de exemplo, o clube jogou a Primeira Divisão de 2010 a 2014, foi rebaixado, chegou a disputar a Terceira Divisão, mas retornou à Segunda Divisão em 2019, conquistou novo acesso em 2020 e desde então está no primeiro nível do futebol sueco.

Há nove anos, inclusive, o clube esteve próximo de ser rebaixado à Quarta Divisão, na temporada de 2016.

Empréstimos como base, vendas como caminho

A fim de superar os anos difíceis, bem como buscar manutenções mais tranquilas no primeiro escalão, o clube traçou uma estratégia inicial: pegar jogadores emprestados dos gigantes do país, desenvolvê-los e devolvê-los “prontos”.

A tática foi providencial, mas gerava um desafio anual de reformulação praticamente integral do elenco.

Este ciclo só foi quebrado quando a equipe conseguiu duas vendas vultosas, de quase três milhões de euros, que renderam uma base financeira para que gradativamente contratações fossem realizadas.

Colin Rosler, de 25 anos, foi vendido ao Malmo por 1,1 milhão de euros (R$ 6,8 milhões) em 2024, sendo que chegou ao clube sem custos. Nicklas Rojkjaer, de 27 anos e grande destaque do clube, também foi vendido, mas para o Nordsjaelland-NOR, por cerca de 1,6 milhão de euros (R$ 9,9 milhões).

(foto: AFP)
(foto: AFP)

Treinador que ‘abandonou’ a escola

Anders Torstensson, treinador da equipe, chegou a trabalhar no clube até 2013. Após, deixou o futebol e foi trabalhar como diretor escolar.

O retorno ao futebol e consequente saída do ramo educacional veio em 2021, quando assumiu o clube novamente. O técnico saiu brevemente, mas retornou de forma definitiva em 2023 e desde então coleciona boas campanhas.

DNA traçado e metodologia definida

Somada à busca pelo treinador, o clube definiu padrões e ajustou processos, em prol de criar uma “identidade futebolística” a ser reproduzida no âmbito da instituição de forma perene.

Em 2024, Karl Marius Aksum foi contratado como membro da comissão técnica em 2024.

Com doutorado em perceção visual aplicada ao futebol, o jovem norueguês tem tentado aplicar conceitos modernos ao jogo da equipe, como, por exemplo: valorização à posse de bola, pressão alta, futebol ofensivo e melhora na tomada de decisões dos atletas, sobretudo no “mapeamento” do campo.

Chutões e ligações diretas são mecanismos que não agradam a equipe atualmente. As táticas parecem ter surtido efeito: são 45 gols em 25 jogos no campeonato até então.

Aposta inusitada

O título sueco seria uma façanha tão grandiosa, que fez com que Jacob Lennartsson, diretor do clube, fizesse uma aposta inusitada: prometeu, no início da competição, que correria nu pela vizinhança do clube na hipótese da conquista do título nacional.

A aposta ousada, feita quando a possibilidade de título era apenas um “conto de fadas”, dimensiona a grandiosidade do feito que está prestes a ser conquistado.

(foto: MATHILDA SCHULER/Bildbyran/Sipa USA/Reuters)
(foto: MATHILDA SCHULER/Bildbyran/Sipa USA/Reuters)

Suécia no futebol mundial

Apesar de não ser uma das nações mais vitoriosas no cenário futebolístico mundial, a Suécia conseguiu desempenhos notáveis na história das Copas do Mundo:– foi vice em 1958, terceira em 1950 e quarta em 1994.

Na Eurocopa de 1992, a Seleção ocupou a quarta posição.

Dois suecos foram grandes jogadores de importantes equipes europeias: Zlatan Ibrahimovi?, maior goleador da história do país, com 116 gols, e passagens por Juventus, Inter de Milão, Milan e Barcelona; e Henrik Larsson, que viveu bons momentos em Barcelona e Celtic.

A notícia O time de cidade de 1.500 habitantes que pode conquistar liga de país vice-campeão da Copa foi publicada primeiro no No Ataque por Vitor de Araújo

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