Na quarta-feira (13) é realizada a última reunião de política monetária do ano nos Estados Unidos e no Brasil. Quando ambos os países tomam decisões sobre os juros no mesmo dia, o evento é chamado de Super Quarta.

Para o economista-chefe da EQI Asset, Stephan Kautz, as decisões já foram orientadas tanto em comunicados passados ou pelos últimos dados divulgados, mas o que deve pesar, dessa vez, é a comunicação de cada autoridade.

Localmente, é amplamente aguardado mais uma vez que o Banco Central do Brasil promova outro corte da Selic, a taxa básica de juros, em 50 pontos-base, o que levará os juros ao patamar de 11,75% ao ano.

Ainda assim, os próximos passos do Copom devem depender de alguns pilares que precisam convergir para que a política monetária caminhe como o esperado, como o cenário exterior e o fiscal. Inclusive, o bom comportamento da inflação de serviços e a melhora do panorama externo recente levaram o mercado a especular sobre a possibilidade de um ritmo mais rápido de redução dos juros.

Já nos EUA, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) deve manter os juros inalterados pela terceira vez consecutiva, encerrando o ciclo de altas, mas com discurso hawkish. Acompanhe!

Super Quarta: Fed deve encerrar altas, mas com discurso duro

A decisão de política monetária nos Estados Unidos fica no foco dos mercados nesta semana, mais pela expectativa dos mercados sobre a estabilidade nas taxas de juros pela terceira vez consecutiva, firmando o fim do ciclo de altas no país, explica Kautz.

O mercado embarcou em uma precificação da curva de juros de corte rápido das taxas, a partir de março. Nós discordamos e projetamos início dos cortes por volta de junho. Isso porque a inflação está desacelerando, mas ainda longe da meta. A atividade econômica segue bastante forte e positiva, apesar de sua desaceleração. Há necessidade de convergência entre os dois fatores para um cenário benigno na visão do Fed”, diz.

Na terça-feira (12), o Departamento do Trabalho norte-americano divulgou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos teve alta de 0,1% em novembro na comparação mensal, após estabilidade (0%) em outubro. O núcleo do CPI, que fica no foco do Fed por desconsiderar preços mais voláteis, teve avanço de 4% na base anual.

O Federal Reserve busca uma meta de 2% na inflação e deve persistir em uma política monetária mais contracionista até alcançar este objetivo.

Por outro lado, o payroll, dado oficial do mercado de trabalho do país, veio acima das projeções de 180 mil novas vagas, em 199 mil. O resultado representou uma aceleração em relação ao mês anterior, quando o país divulgou 150 mil novas posições.

O Fed deve parar de subir juros, mas continuará com um discurso duro, de que pode voltar a elevar suas taxas a qualquer momento. A autoridade deve sinalizar que segue preocupada, a fim de evitar uma precificação muito acelerada desses cortes de juros. É um fim de ciclo, mas com discurso pouco relaxado. Veremos como a credibilidade será testada com essa decisão”, pondera Kautz.

Copom: próximos passos ficam no foco

A grande surpresa da reunião do Copom pode vir mais pelo lado da comunicação, do que pela decisão do corte de juros em si.

No Brasil, há expectativa – quase certa, com base nos últimos comunicados – de corte de 0,50 ponto percentual na taxa de juros pelo Copom, para 11,75% ao ano. Em agosto, o comitê iniciou o ciclo de corte das taxas no mesmo ritmo que vem comunicando desde então.

A grande dúvida, assim como nos EUA, é sobre o tom do comunicado: se o Banco Central deixará as possibilidades para as próximas reuniões em aberto, ou se voltará a falar em novos cortes de mesma magnitude, no plural, como tem feito até aqui. Feito isso, estarão indicados mais cortes de 50 pontos-base nos encontros de janeiro e março.

Nossa preferência é que os membros do Copom mantenham as mãos amarradas para as próximas duas reuniões, do início do ano, porém a probabilidade de que queiram ter maior grau de liberdade aumentou”, avalia o economista-chefe da EQI.

Esse movimento ganhou força ao final de novembro, após declarações do diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, serem lidas como mais suaves, em tom “dovish”. O dirigente afirmou que a autoridade tem tentado não focar nos dados de alta frequência, mas sim no nível dos juros ao fim do ciclo, e não no ritmo de flexibilização.

No entanto, há a percepção de especialistas de que o Copom deve perseverar em uma política monetária contracionista. A mediana das projeções dos agentes para a Selic no fim do atual ciclo de flexibilização, em 2024, aponta para 9,25% ao ano, segundo o mais recente Boletim Focus de segunda-feira (11).

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