Arte, arquitetura e natureza. A somatória de todas essas áreas foi a grande inspiração para a criação da coleção primavera verão 2025 / 26 da carioca Lenny Niemeyer, que há 34 anos tem ditado o que é de mais elegante na moda praia e resort.
Lenny encontrou a união destes três temas no Museu de Inhotim, em Brumadinho, e mergulhou, com sua filha Bel, e com a diretora de estilo, Telma Azevedo, nos jardins do museu criados por Burle Marx e na vegetação natural, na beleza das obras de arte e nas formas arquitetônicas das esculturas. A inspiração fluiu e nasceu uma linda coleção.
Estilo traz modernidade sem perder a elegância
Infelizmente, por questões mais pragmáticas como logistica e orçamento, não foi possível fechar o ciclo com esperavam: com o desfile de lançamento em Inhotim, em meio ao jardim e às artes. Seria necessário pagar direito autoral aos artistas das obras que fossem mostradas. Um dó, com certeza teria sido maravilhoso e Mas Lenny e sua equipe escolheram o Palácio Gustavo Capanema, no Rio, um edifício de arquitetura modernista, assinado belíssimo, que foi restaurado e entregue em maio deste ano. O desfile da Lenny Niemeyer foi o primeiro evento realizado no local. O Palácio Gustavo Capanema, originalmente abrigava o Ministério da Educação e Saúde. É considerado um marco da arquitetura moderna brasileira, e foi projetado por uma equipe composta por Lúcio Costa, Carlos Leão, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Ernâni Vasconcelos e Jorge Machado Moreira, com a consultoria do arquiteto franco-suíço Le Corbusier. A obra foi entregue, em 1947. Seu revestimento externo é decorado por azulejos de Cândido Portinari, que também assina painéis no terceiro andar, mesmo piso que abriga um terraço-jardim projetado por Roberto Burle Marx.
A cartela de cores passeia dos clássicos branco e preto passando pelo amarelo
Lenny ama botânica, arte e arquitetura, mas não queria falar apenas sobre botânica nesta coleção “não seria suficiente”. E ficou sentida de não ter dado certo fazer o desfile em Inhotim, mas a logística e o custo foram um grande impecilho. Por causa da arquitetura teve a ideia de fazer o desfile n Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro. "A escolha do lugar foi muito assertiva. O Palácio Gustavo Capanema integra arte, arquitetura e botânica, pilares da minha marca e também do Inhotim, inspiração do nosso desfile. Fizemos uma imersão na botânica do parque que se refletiu na passarela com novas formas, cores, shapes que refletissem uma natureza exuberante, porém com inspiração modernista. Uma botânica artsy!"
Bel e Lenny Niemeyer no desfile da Lenny Niemeyer no Rio de Janeiro
Harmonia
"Falar sobre Inhotim para mim é falar de uma flora que se mistura harmoniosamente com a arquitetura (muitas vezes geométrica e até brutalista) das galerias de arte. Em Inhotim, a botânica e a arte se tornam um só assunto e são indissolúveis. A própria sobreposição de jardins, concreto, imagens e sons foi a grande inspiração para o desfile (mais do que uma galeria expecífica), num caleidoscópio de sensações”, diz Telma Azevedo, diretora de Estilo da marca, que se impactou mais pelas galerias de Adriana Varejão 9que estava no desfile), Yayoi Kusama, a Através de Cildo Meireles, Tetéias de Lygia Pape e Vegetation Room de Cristina Iglesias.
O desfile foi no segundo andar. As estampas se dividem entre as inspirações na Botânica e nas obras de arte. Duas trazem a vegetação, e outras remetem a arte abstrata com suas cores e misturas contrastantes e marcantes. Eleger qual delas é mais bonita se torna uma missão impossível.
A cartela de cores passeia dos clássicos branco e preto passando pelo amarelo, lima, verde Tiffani, laranja, verde, ocre, pink e vermelho. E além de todos os tecidos tecnológicos e naturais que a marca usa com primor para sua moda praia, trouxe como novidade nesta coleção o couro de pirarucu e um tressê de látex com acabamento em couro natural.
As saídas vão desde as os modelos mais simples até aos mais sofisticados, que podem ser usados como look para um jantar em requintado restaurante na praia mais chique do mundo. Muitos plissados, tecidos fluidos, o conforto e praticidade da roupa em lycra e também tecido plano. Opções para todos os gostos.
O que foi mostrado foi um mix de peças que vão do elegante clássico a uma linha mais jovial, sem contudo perder o DNA e a essência da marca. Este trabalho coeso e harmonioso se deve a Bel Niemeyer, filha de Lenny, que há três anos passou a trabalhar com a mãe.
Para a empresária e estilista, todo processo de criação é bastante sofrido, mesmo com a ajuda da equipe. “Minha filha agora está trabalhando comigo e ajudando a jovializar a marca e é um apoio a mais que eu tenho. Jovializar não é necessariamente cavar os biquinis. Mantemos o estilo trazendo modernidade sem perder a elegância. Conseguimos jovializar de uma forma sutil. A Bel pensa muito igual a mim”, explica, dizendo que a elegância da mulher não está apenas no que ela veste, mas no jeito de ser e no conteúdo que a pessoa tem. É um conjunto de coisas.
*a jornalista viajou a convite da marca