O mês de setembro marca o início de uma nova temporada na moda. A primeira grande fashion week é a de Nova York. Os desfiles aconteceram entre os dias 11 e 16 de setembro e foram marcados pela presença de marcas consagradas, ascensão de outras mais jovens e ausência de grifes renomadas – a exemplo de Carolina Herrera. Dentre os destaques e tendências apresentadas nestes dias, pode-se citar as modelagens amplas e os tons sóbrios.
Khaite
Urbana
Khaite, marca fundada em 2016 por Catherine Holstein, apostou em modelagem amplas, mas sóbrias, com tons mais neutros (como o preto, off-white, azul-marinho e caramelo) e poucas estampas (a única aposta foi o poá, que apareceu em poucos looks).
As peças modernas e urbanas ganham destaque devido aos materiais e tecidos – em especial o couro, que foi bastante utilizado – e shapes, por vezes volumosos, especialmente nos ombros.
Tory Buch
Outra marca que investiu em uma pegada urbana, mas muito mais colorida e informal foi a Tory Burch. A composição dos looks desfilados pela marca buscou algo mais cotidiano, com muitas calças e saias abaixo dos joelhos com cintos à mostra. As jaquetas em diferentes comprimentos, cores e propostas deixaram as peças ainda mais casuais e descontraídas.
Sobriedade
Sem se desvincular da sua identidade, a Calvin Klein expôs, no Nova York Fashion Week, looks sóbrios, confortáveis, e despretensiosos. Apesar disso, é possível enxergar detalhes mais ousados na coleção, como a abundância de maxi blazers, aplicações volumosas, looks revestidos de franjas e uma calça aladim extremamente ampla.
Sobreposição
As peças da coleção de verão da Coach seguiram uma proposta moderna, com tons escuros e neutros e muita sobreposição. Looks com diversas camadas de roupas e acessórios e, por vezes, detalhes de transparência com estampas marcaram o lançamento.
Dentre as terceiras peças, além de jaquetas de couro e outros materiais, a grife utilizou casacos e blazers em tecidos retrôs, com tons neutros e estampa xadrez, e coletes também em couro.
Vale ressaltar ainda o novo shape cilíndrico de bolsas da marca que apareceu em diversas composições.
Franjas
Em Nova York, a coleção de Michael Kors apresentou estética mais boho, com muitas peças fluidas, sandálias baixas em couro, acessórios maximalistas e, claro, franjas. Nas passarelas, a grande maioria dos looks foi composta por bolsas de couro com franjas, seja dispostas por toda a extensão da peça ou posicionadas pontualmente como um grande tassel.
O paetê e a alfaiataria, apesar de terem sido usados, seguiram a proposta mais descontraída e jovial de toda a coleção, com movimento e caimento amplo.
PatBo
Brasileira
A marca brasileira Patbo, da mineira Patrícia Bonaldi, foi a única do país no calendário oficial do evento. Essa foi sua 10ª participação no Nova York Fashion Week. A coleção “Alma Latina” buscou referências em mulheres latinas icônicas, a exemplo de Carmen Miranda, Elza Soares e Frida Kahlo. Não por acaso, vimos muitas estampas vibrantes e floridas, muitos babados e volume.
Ralph Lauren
Marrom
Como boa parte das marcas que desfilaram no Nova York Fashion Week, a Ralph Lauren usou paleta de cores escuras nas peças. Dentre os tons de roxo, verde e azul, o marrom se destacou. Outras tantas peças foram produzidas em branco e off-white.
Apesar de algumas modelagens amplas, especialmente em blazers e trench coats, a maior parte das composições são acinturadas com cintos de couro.
As estampas não marcaram a coleção de verão 2026 da Ralph Lauren, apesar de terem aparecido em alguns looks. Uma delas, a mais dramática talvez, leva flores vermelhas sobre um fundo escuro, e compõe um vestido tão ou mais dramático que o tecido, com muitos babados e transparência.
Londres
Seguindo o calendário, outra grande metrópole, mas europeia, recebeu nomes importantes da moda. Entre os dias 18 e 22 de setembro, Londres recebeu a edição de Primavera Verão 2026 do London Fashion Week. O evento reuniu grandes e consagradas marcas do mundo da moda, além de talentos novos e promissores.
Coquette
Estilo marcado pelo romantismo, laços, babados e tons pastéis, o coquette se firmou como uma tendência nas passarelas do London Fashion Week. Uma dentre as diversas marcas que trouxe referências dessa estética é a Erdem. A marca inglesa criada pelo estilista canadense Erdem Moralioglu celebra, neste ano, seu 20º aniversário e, os desfiles na semana de moda londrina precisavam estar à altura da celebração.
O artesanato e os tons românticos marcaram os looks desfilados. Tecidos com renda vitoriana, acetinados e estruturados deram origem às peças clássicas que pareciam, de certa forma, estar ligadas a uma estética da realeza antiga, aquela que víamos nos filmes ou que associamos à Maria Antonieta, figura marcante e simbólica da tão falada “estética coquette”.
Uma das inspirações da grife britânica para a coleção de verão foi a médium francesa Helene Smith que dizia, justamente, ter vivido na corte de Maria Antonieta, rainha da França morta pela Revolução Francesa.
Outra marca que se apoiou na tendência do romantismo foi a irlandesa Simone Rocha. O nome da coleção, “Bittersweet”, ou, em portugues, “agridoce”,entretanto, já sugere que a grife apostou no contraste e na pitada subversiva que já se propõe a fazer normalmente.
Por isso, o público viu a mistura de rendas e sedas com tecidos de paetê (por vezes usados em croppeds). A marca também apostou em composições dúbias que mesclaram modelagens tradicionais – como vestidos estruturados, saias rodadas e ancas volumosas – com tecidos repletos de paetês prateados. Outros modelos, inclusive, aparecem revestidos com uma camada de tecido plastificado transparente, que desmantela qualquer romantismo óbvio.
Movimento
Seguindo uma linha completamente diferente, a Tove apresentou looks urbanos e modernos, com assimetria e modelagens amplas. Apesar de muita alfaiataria, a marca também apostou em vestidos fluidos e com muito movimento, drapeados e até texturas (com franjas curtas e mais felpudas).
Referências múltiplas
A coleção de verão desfilada pela Roksanda em Londres mistura uma série de tendências da moda e resulta em um conjunto meio gótico e subversivo. A alfaiataria aparece. As franjas, também. Diversos looks investem ainda em modelagens amplas, outros em transparência, fluidez, capas e golas gigantes, etc.
O conjunto de looks se inspira no trabalho da artista Barbara Hepworth e busca referências também em coleções passadas, afinal, a marca celebra seus 20 anos.
Retrô
A Burberry, última marca a desfilar na fashion week de Londres, nos levou de volta aos anos 1960. A coleção desfilada foi desenhada por Daniel Lee.
O cenário do desfile, que se assemelha a um deserto estadunidense, compôs bem a ideia do que existe no imaginário das pessoas sobre aquele universo. Os trench coats que são marca registrada da grife apareceram em estampas coloridas e divertidas e comprimentos variados. Por vezes, exibem detalhes de franjas e crochê.
O crochê, aliás, marcou também essa coleção, com minissaias, vestidos curtos, tops, cardigãs, cachecóis, tops e até mesmo barra de calças. Vale destacar ainda a paleta de cores vintage e alegre da Burberry, com tons de amarelo mostarda, verde e azul vibrantes, rosa pink e púrpura. n
*Estagiária sob supervisão da jornalista Isabela Teixeira da Costa