Entre os dias 23 e 29 de setembro, Milão, uma das capitais mundiais da moda, recebeu a Milão Fashion Week. Grandes marcas, em especial as tradicionais grifes italianas, desfilaram suas coleções de primavera/verão 2026 no evento.


O que mais chamou atenção na Fashion Week de setembro de 25 foram as mudanças de direção criativa em diversas marcas, assim como a aposta em novos modelos de desfiles, se é que podemos usar este termo. Milão parece ter sido um marco de uma “nova era” no universo da moda.

Bottega Veneta

Stefano RELLANDINI / AFP

Estreias

Uma das mais aguardadas estreias para o evento era a de Demna, à frente da Gucci. A ousadia da nova coleção veio não apenas pelas roupas, mas com a exibição das peças. Algumas horas antes da apresentação em Milão, a marca compartilhou um lookbook da coleção “La Famiglia”.


Cada look (são 37) é pensado para um arquétipo, um personagem que o estilista imagina compor a casa Gucci. O “nerd”, a “drama queen”, a “patrona”, a “condessa” e o “bastardo” são exemplos dos personagens elaborados por Demna.


Em sua apresentação na Fashion Week de Milão, o estilista apostou em um formato inovador de desfile. Os looks foram desfilados em um curta-metragem intitulado “The Tiger”, com direção de Spike Jonze e Halina Reijn. Demi Moore e Ed Harris fizeram parte do elenco da obra.


O tapete vermelho da cerimônia em que o filme foi exibido já exibiu boa parte da nova coleção (vestida pelos convidados). Livia Nunes, influenciadora e criadora de conteúdo de moda foi a representante brasileira dentre o seleto grupo que assistiu à exibição do curta em Milão.

Moschino

Stefano RELLANDINI / AFP

Novo legado

Outra estreia importante ocorreu na Versace. Dario Vitale assumiu o posto de diretor criativo depois da saída de Donatella Versace, figura marcante que passou 28 anos na direção criativa da marca, além de ser irmã do fundador, Gianni Versace.


A proposta do designer com a coleção de verão 2026 fugiu um pouco do extravagante e sexy que a Versace de Donatella costumava representar. Apesar de usar algumas vezes estampas que lembram o monograma tradicional da marca, Vitale trouxe mais sobreposições e um toque moderno para os looks da grife.


O mix de cores também chama a atenção. Os tons usados são abertos e alegres, a exemplo do vermelho, amarelo e azul, sempre vibrantes, que aparecem em alguns modelos. Essa paleta, aliás, também está inserida em imagens com pegada pop art que estampam peças.

Essência

Outra grande marca que estreou com um novo nome na direção criativa foi a Bottega Veneta. Agora, a grife italiana está sob comando de Louise Trotter, que tem passagem por marcas como Lacoste e Tommy Hilfiger.


Louise trabalhou, na nova coleção da Bottega, com uso de texturas, seja por meio de diferentes tecidos ou técnicas manuais. O tradicional trançado da marca, o intrecciato, por exemplo, foi revisitado.

Inclusive, ele, que aparece muito nas bolsas da grife, também deu um toque especial a casacos e calças.
Franjas, plumas e texturas em couro também marcaram a chegada de Trotter na Bottega. Vale ressaltar que além de modelos oversized e mais experimentais e artísticos, a marca investiu também na alfaiataria e em um visual clean e moderno, sempre com elegância.

Pela cidade

A marca americana Diesel também apostou em outro modelo de desfile. Ovos gigantes e transparentes foram espalhados por Milão com modelos em seu interior. Assim, qualquer pessoa que passasse pelos pontos da cidade em que os ovos estavam, poderiam ter contato com a moda de perto. Um aplicativo mostrou a localização de cada uma das cápsulas.


A marca apostou em looks com camadas e sobreposições, e em uma modelagem mais oversized, segundo a essência moderna e urbana que faz parte de sua história.

Tributo

Com a morte de Giorgio Armani em setembro de 2025, a Giorgio Armani e o Empório Armani (marca mais jovem e acessível do grupo) tiveram seus primeiros desfiles sem o fundador. Diferentemente de outras marcas, os tons neutros e silhuetas fluidas marcaram a coleção de verão de ambas as grifes.
A paleta de cores foi do off-white e do cáqui até o azul-marinho, sobretudo em tecidos brilhantes e esvoaçantes. Ao fim do desfile de Giorgio Armani, a plateia aplaudiu esta, que foi a última coleção que contou com o olhar desse ícone da moda italiana e mundial.

Modernidade

A nova coleção da Fendi apostou em muitas cores, com tons lúdicos e vibrantes; estampas florais; transparência; e sobreposição. Em um amplo sobretudo e em algumas bolsas, foi usado um trabalho de trançado que formam estampas geométricas coloridas, que sintetizam bem a alma da coleção. A alfaiataria não ficou de fora da coleção, e aparece em tecidos inusitados.


Vale ressaltar que a coleção foi assinada por Silvia Venturini Fendi, responsável pela linha de acessórios e masculina há mais de 30 anos e diretora-criativa interina da linha feminina. Ela anunciou na segunda-feira (29/10) que deixaria a direção criativa da grife romana. Até o momento em que esta matéria foi escrita, não há informações sobre seu sucessor no cargo.

Silhuetas

A coleção de verão da Prada surpreendeu. A mistura de tendências parece mesclar até mesmo épocas. Looks repletos de recortes e decotes são complementados com grandes luvas volumosas de cetim. Enquanto isso, vestidos com uma influência camponesa, de silhueta vintage aparecem em tecidos feitos com acabamento brilhante e tons vibrantes.


A transparência aparece, sobretudo, com as rendas utilizadas em saias. Em todos os looks, é sempre possível identificar ao menos um ponto de cor em algum dos elementos que o compõem, além, claro, de se destacar a mistura de tons em algumas composições.

Manual

A Moschino seguiu sua identidade com looks artísticos, brincalhões e por vezes non-sense. Os looks da coleção apresentam estampas pop, cores vibrantes, aplicações e acessórios nas mãos que chamam a atenção do público.


As bolsas em formatos inusitados não são uma novidade, mas a Moschino usa e abusa delas: em formato de bandeja de maçãs, com luz neon, de patchwork, em forma de baldinho de areia, de bambu, e até como uma miniatura de um corpo.


Há de se ressaltar ainda o trabalho manual. Crochê é uma das técnicas usadas, mas, sempre, trazendo a essência disruptiva da marca, utilizando chapas metálicas.

Bordados

Dolce e Gabbana investiu em bordados e transparência na sua recém-lançada coleção de verão. Explorando a sensualidade por meio do que seriam “pijamas emprestados do guarda-roupa dos homens”, a marca criou conjuntos sexy sem muito esforço.


A renda em preto aparece para nos lembrar da essência da marca. A grife ousa ao trazer os pijamas para quase todos os looks, misturando com casacos em couro, corsets rendados e transparentes, blazers de alfaiataria até pedrarias. 

*Estagiária sob supervisão da jornalista Isabela Teixeira da Costa

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