PATRIMÔNIO RELIGIOSO

Igreja em Itabirito pode desabar se obra não for autorizada pelo Iphan

Com R$ 5 milhões já garantidos para restaurar Igreja do Rosário, em Itabirito, padre alerta que templo pode desabar, caso Iphan não autorize início das obras

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Um grito de socorro para um bem histórico e patrimônio de Minas e do Brasil. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Itabirito, na Região Central de Minas, corre o risco de desabar, alerta o padre Miguel Ângelo Fiorillo, que está à frente do santuário há 40 anos. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1955, a igreja enfrenta graves problemas de estrutura desde 2010. Em agosto de 2022, parte do forro do altar-mor desabou e a situação só piora. Mas, para que qualquer intervenção seja feita, é preciso a liberação do Iphan.


O padre Miguel Ângelo enfatiza que já conseguiu o dinheiro para a reforma, mas não a liberação do órgão: "Temos de fazer com urgência uma obra entre a sacristia e o altar-mor. Conseguimos arrecadar R$ 5 milhões, mas o dinheiro só é liberado depois do posicionamento do Iphan. O processo está parado".


O pároco explica que no ano passado começou uma intervenção na igreja, mas o Iphan recebeu uma denúncia anônima, por carta, e embargou a obra. Conforme padre Miguel Ângelo, a denúncia foi feita em 12 de agosto e parte do forro do altar-mor caiu três dias depois. "Parei imediatamente. No entanto, o que fazia era uma reforma para corrigir uma situação perigosa e com orientação do Iphan, já que tinha um precedente de 2010, quando fizemos a mesma obra, uma cinta de concreto em toda a nave central. Uma intervenção aprovada, por escrito, em ofício. Era o mesmo método, que tinha fotografado e enviado para o Iphan conforme orientação."


À época, o padre Miguel “creditou” o desabamento do forro ao embargo da obra que estava sendo realizada no local. Em 18 de agosto, três dias após o desabamento, as obras na Igreja do Rosário foram alvo de operação da Polícia Federal (PF). Segundo a PF, o local apresentava sinais de estragos nas pinturas, nas paredes e no forro, além de peças sacras não terem sido encontradas. Disse ainda que a igreja teria passado por reformas que não respeitaram as diretrizes do Iphan. “Ocorreram remoções de forro sem o devido cuidado na restauração, com pinturas completamente danificadas, paredes e rebocos retirados, ausência de imagens sacras catalogadas”, disse a PF em nota, na ocasião.


A Igreja do Rosário é uma joia da história de Minas e do Brasil. A construção de sua capela primitiva é anterior a 1730, 1740, século 18.


Desespero

Agora, diante do embargo e do cenário que só deteriora a cada dia, padre Miguel Ângelo desabafa: "Fiquei muito preocupado. Então, depois do embargo, decidi procurar uma ajuda especializada, fiz um laudo com uma empresa, a W3, especialista em obras do século 18. Eles me disseram para agradecer a Deus porque a igreja está para cair, desabar. Ela nunca teve uma reforma, é tombada e nunca olharam para ela. Estou desesperado. Com o projeto da empresa, que custou R$ 267 mil, já apresentei ao Iphan e estou na espera da aprovação. Até ontem (quarta-feira), nada".


Sem tempo a perder, padre Miguel continuou a correr atrás de processos que possam destravar a intervenção: "Corri atrás de planilha de custo e chegamos ao valor de R$ 5 milhões, que já temos para dar prosseguimento à obra. Mas, desde o embargo, está tudo parado, do jeito que caiu está. Pedi audiência no Iphan e aguardo a marcação. O que fiz foi somente uma escora, como orientado pelo Iphan e, desde então, estamos pagando o andaime com recurso próprio. Temos dinheiro e não conseguimos começar a obra. Minha preocupação é que, com a demora, o preço do material e da mão de obra aumente".


Análise do Iphan

Em nota, a assessoria de imprensa do Iphan, explica o andamento em relação ao processo citado sobre análise de intervenção em bem tombado e informa que: "No dia 16 de dezembro de 2022, o Iphan recebeu a primeira versão do projeto de restauração arquitetônica da Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Itabirito, analisou o documento e comunicou aos interessados, no dia 28 de maio de 2023, sobre a necessidade de complementações, que foram apresentadas no dia 17 de outubro de 2023 e encontram-se em análise". "Sobre o projeto de acompanhamento arqueológico protocolado no dia 5 de outubro de 2023, o documento foi direcionado à área técnica e também está em análise."


"O Iphan destaca que, simultaneamente ao processo de análise de proposta arquitetônica, existe o processo de fiscalização correlato, identificado pelo número 01514.001347/2022-66, em razão dos danos provocados sobre trechos das sacristias e presbitério, que se encontra sob análise do Iphan", finaliza a nota.

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