“A arte nasceu dentro dela”. É assim que Júlia Rangel, a melhor amiga da jovem encontrada morta concretada em Belo Horizonte, a descreve. Clara Maria Venancio Rodrigues trabalhava em uma padaria no Bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha da capital mineira, mas tinha o sonho de viver da própria arte.

“Ela era talentosa. Tudo o que ela queria era ter a arte dela reconhecida”, conta Júlia, que a conheceu por volta dos 10 anos, na escola, e mantiveram a amizade desde então. Segundo a analista de suporte, ela desenhava desde criança e fazia grafite, biscuit e brincos. Júlia, inclusive, foi presenteada com as peças.

De acordo com a amiga, Clara tinha o interesse de trabalhar apenas com a arte que ela produzia, mas precisava de outro emprego para pagar as contas e acabou parando de comercializar.

“A forma de expressão dela era pela arte. A arte nasceu dentro dela”, conta. Conforme relatado, ela nunca fez nenhum curso e aprendeu a produzir as peças por conta própria. A amiga, que agora vive o luto, espera que a arte de Clara seja divulgada.

esculturas de biscuit que Clara Maria fazia Redes sociais
Clara Maria fazia brincos de biscuit e presenteou a amiga, Júlia Rangel, com alguns pares Arquivo pessoal
Clara Maria Venancio Rodrigues ao lado da melhor amiga Júlia Rangel, na infância Arquivo pessoal
Clara Maria Venancio Rodrigues posa em foto descontraída durante passeio de skate na capital Clara Maria Venancio Rodrigues/Instragram/Reprodução
Clara Maria Venancio Rodrigues durante passeio de skate em Belo Horizonte Clara Maria Venancio Rodrigues/Instragram/Reprodução
Clara Maria Venancio Rodrigues ao lado de amigos durante comemoração de aniversário de 21 anos Clara Maria Venancio Rodrigues/Instragram/Reprodução
Clara Maria Venancio Rodrigues, durante celebração de aniversário, em publicação feita no último dia 5 de fevereiro Instagram/Reprodução
Clara Maria Venâncio Rodrigues, de 21 anos, estava desaparecida desde o último domingo (9/3) Reprodução/Redes sociais

O crime

O corpo da jovem, de 21 anos, foi encontrado no fim da manhã dessa quarta-feira (12/3) no Bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte. O corpo foi encontrado coberto por uma camada de concreto nos fundos de uma casa.

A jovem desapareceu enquanto voltava para casa. A principal suspeita é de que ela foi morta depois de cobrar uma dívida de um ex-colega que trabalhou com ela. A família de Clara Maria é de Uberlândia, na região do Triângulo, e uma irmã veio para a capital para ajudar nas buscas enquanto ela estava desaparecida.

Até o momento, três pessoas foram presas suspeitas de envolvimento no homicídio. Todas foram ouvidas ainda pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), mais informações sobre a investigação ainda serão repassadas em coletiva de imprensa nesta quinta (13).

Com relação à forma que o corpo foi encontrado, os bombeiros informaram que a mistura de concreto não se encontrava completamente seca ou rígida, o que pode indicar que o procedimento para ocultar o corpo foi feito recentemente.

Outro indício que corrobora com a teoria é de que foram encontrados terra e entulho em cima do corpo, que teriam sido utilizados pelos suspeitos para tentar disfarçar o odor do corpo em decomposição.

Vizinhos da casa onde o corpo de Clara Maria Venancio Rodrigues foi encontrado relataram que os dois moradores, presos pelo assassinato da jovem, tinham uma rotina discreta. O mecânico Aguinaldo Rodrigues dos Santos, de 52 anos, que trabalha em uma oficina localizada a poucos metros da casa, contou que os suspeitos se mudaram para o imóvel há cerca de um mês e mal eram vistos na rua.

Luto

A padaria na qual a jovem trabalhava, Passeli Boulangerie, publicou uma nota de pesar nas rddes sociais nessa quarta. No post, a padaria se refere à jovem como "integrante da equipe Passeli Boulangerie" e externa "os mais profundos sentimentos e solidariedade aos familiares e amigos". A publicação tinha mais de 3 mil curtidas e mais de 300 comentários até a manhã desta quinta.

Dentre as considerações, internautas se questionam sobre o motivo da morte de uma "menina tão jovem". Outro usuário diz: "Sinto muito! Que a justiça seja feita! É inaceitável uma pessoa partir assim. Força pra vcs e familiares! Que Deus a receba de braços abertos!".

Amigos e colegas de trabalho de Clara também lamentaram o assassinato dela. Eles descreveram a jovem como uma pessoa amiga e dedicada ao trabalho. "Ela era uma menina meiga, super educada, sem nenhum atrito. Todo mundo com quem você fala está assim, realmente, com muito pesar", disse a empresária Patrícia Passeli, dona do estabelecimento.

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ligação do suspeito a fim de combinar o pagamento de uma dívida. Conforme Patrícia, funcionários comentaram que o homem devia R$ 400 à Clara. A reportagem da TV Alterosa conversou com funcionários da padaria. Segundo eles, o homem tinha problemas com drogas e álcool.

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