MEMÓRIAS

Mineira conta experiência de ter passado mais de 70 dias com papa Francisco

Sônia Gomes de Oliveira teve três oportunidades de conviver com Francisco. Da experiência, restaram carinho, respeito e mensagens inesquecíveis

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O papa Francisco teve um diferencial no seu pontificado: estender às mulheres a participação nas decisões da Igreja. O testemunho é da mineira Sônia Gomes de Oliveira, de Montes Claros, no Norte de Minas, que teve uma convivência de mais de 70 dias com o pontífice, em três ocasiões. 

Sônia é presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), organismo que representa os cristãos leigos na Igreja Católica do Brasil. A entidade tem a missão de integrar e articular os leigos em movimentos, pastorais e comunidades. À frente do CNLB, ela participou, em Roma, dos sínodos (encontros com lideranças católicas convocados pelo papa para discutir questões da igreja), em três ocasiões: fevereiro de 2023 (10 dias), outubro de 2023 (30 dias) e outubro de 2024 (32 dias).

A líder dos leigos na Igreja Católica lembra que o papa Francisco, que morreu na última segunda-feira (21/4), sempre disse que “era preciso desmasculinizar a Igreja”. “E desmasculinizar a Igreja seria torná-la mais próxima. Então, nesse sentido, ele fez isso justamente no sínodo, quando ele convocou mulheres para estarem ali, e depois nos dicastério (espécie de ministérios ou secretarias do Vaticano), quando ele começou a dar a nós poderes nos espaços de decisão, que antes eram apenas dos homens”, acrescenta Sônia Gomes

Ela também recorda que o papa pediu muito que na constituição dos seminários ocorresse sempre a presença de mulheres. “Porque só se forma um padre, quando ele tem essa convivência de entender o que é o ser feminino da Igreja e faz com que os padres deixem de ser autoritários. Ele nos apresentou um modelo muito bonito de alguém que valoriza todos na Igreja”, comenta. 

Sônia lembra que durante os encontros sinodais sempre cumprimentava e pedia a benção do santo padre. “Um dia que fui agradecê-lo, eu disse a ele: ‘Papa Francisco, obrigada. Pela primeira vez na história da Igreja, o senhor faz história ao convidar mulheres para participar do sínodo’. Ele olhou profundamente nos meus olhos e disse: ‘Porque eu sabia que vocês mulheres não iriam se acovardar’”, relata. 

Redes sociais

A mineira disse que as lembranças de sua convivência e o contato com o papa Francisco “são muitas”. Ela recorda do dia em que entregou ao pontífice, como presente, um quadro com a imagem de São Francisco de Assis, pintada pela artista plástica Márcia Prates, de Montes Claros. 

Na mesma data, a foto dela entregando o presente foi publicada no perfil oficial do papa, no X (antigo Twitter). “Aquilo me comoveu muito”, disse Sônia, destacando também as muitas mensagens que recebeu por causa da rede social do pontífice. 

O papa da humildade

Sônia Gomes registra que um dos aspectos que observou no papa Francisco durante os dias que se encontrou com ele foi a humildade. “Durante as reuniões, ele falava pouco e escutava mais. Então, isso me marcou muito. Sempre chegava com muita simplicidade, primeiro do que todo mundo”, descreve.

“Quando a gente chegava na sala Paulo VI (espaço do Vaticano, onde o papa recebe pessoas em audiências e encontros), ele já estava lá e fazia questão de reservar um tempo para escutar. Mesmo durante a sessão, ele atrasava o almoço, atrasava o café para poder dar tempo de entrarmos na fila e cumprimentá-lo, ou fazer algum comentário, conversar com ele”, conta. 

Sônia lembra ainda que, um dia, o papa contou que tinha almoçado com moradores em situação de rua e perguntou a um deles o que esperava da igreja. A resposta foi: “Eu espero que a Igreja nos ame”.

“Isso me marcou muito, porque, muitas vezes, a gente imagina uma Igreja rica e poderosa, uma Igreja de pompas. Mas o papa Francisco mostrava um outro lado: essa abertura para estar junto do pobre, para estar junto das pessoas mais humildes. Isso ficou muito forte para mim e, ao mesmo tempo, vem mostrando que o caminho é esse. Ao assumir o nome de Francisco, ele realmente assume a atitude de Francisco de Assis”, conclui.

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