A cada passo, uma descoberta. Em cada ângulo, nova surpresa. Andar pelo interior de Minas, ainda mais nas cidades de passado colonial, leva a momentos inesperados, paisagens de grande beleza, locais que certamente nem todo visitante pousa os olhos. Aconteceu assim em Bonfim, a 82 quilômetros de Belo Horizonte, onde um chafariz de pedra, do século 18, prendeu minha atenção por muito tempo. Fica diante da Capela dos Passos, construção restaurada e ponto final das procissões da Semana Santa.

Na conversa com antigos moradores, soube que o monumento se encontrava originalmente nas proximidades do Santuário Arquidiocesano Senhor Bom Jesus do Bonfim, joia barroca da cidade. Certo dia, não se sabe o porquê, foi retirado e colocado no final da Avenida Santos Dumont, mais conhecida pelo antigo nome (Rua Nova). Ali, tem pouca visibilidade.

Sem água e trato, o chafariz fica meio perdido, quando poderia se tornar um importante atrativo turístico. Talvez voltasse para o lugar original ou ganhasse mais destaque onde se encontra . Do jeito que está, reflete abandono.

Vendo o chafariz, que parece clamar por salvação e verte apenas lembranças de outros tempos, fiquei pensando se os gestores municipais conhecem realmente todos os seus bens culturais. Se têm noção exata do que as cidades guardam, esses tesouros que fortalecem a autoestima, fazem a população se orgulhar, valorizam o patrimônio local. Águas passadas, testemunhas de tantos fatos históricos, podem refrescar a memória, apontar caminhos, soluções, iniciativas. E irrigar novos tempos.

Bonfim deu um belo exemplo com o serviço de conservação dos cinco Passos (capelinhas). Erguidos a partir do final do século 18 e tombados pelo município em 1999, eles enriquecem as cerimônias da Paixão de Cristo. Durante o ano, moradores zelam pelas singelas construções, limpando, tirando poeira, enfim, contribuindo para um bem que não é apenas religioso, mas da comunidade.
E mais um detalhe importante: no final da Rua Nova, havia uma nascente. Com obras viárias, ela desapareceu do mapa. O chafariz, portanto, se torna um marco do ambiente e dos bens culturais.

Célula Mater

Vamos viajar no tempo para melhor compreensão da história do município, que tem construções dos séculos 18 e 19 e do início do 20. Em 14 de julho de 1832, foi criada a Paróquia Senhor do Bonfim. Sete anos depois, o arraial primitivo foi elevado à categoria de vila, com o nome de Vila do Senhor do Bonfim do Paraopeba. A Câmara Municipal foi instalada em 1842, ocorrendo a elevação a cidade em 7 de outubro de 1860.

O imenso município que fazia divisa com a então capital de Minas, Ouro Preto, teve sob sua administração várias localidades: Piedade do Paraopeba, Mateus Leme, Piedade dos Gerais, São João Acima ( atual Itaúna), São Gonçalo da Ponte (Belo Vale), Capela Nova do Desterro (Desterro de Entre Rios), São Sebastião do Itatiaiuçu (Itatiaiuçu), Rio do Peixe (Piracema), Nossa Senhora das Dores de Conquista (Itaguara), Boa Morte (Moeda), Santa Luzia do Rio Manso (Rio Manso), Santa Cruz das Águas Claras (Crucilândia) e Conceição do Itaguá (Brumadinho).

Na Casa de Cultura local, há um rico acervo cartorial documental que abrange os séculos 18, 19 e 20 (inventários, processos judiciais do vasto território ao qual Bonfim juridicamente administrou). Conforme estudos, Bonfim é a "célula mater" do médio Rio Paraopeba.

Quatro dias para festejar...

Está marcado para 24 de julho o retorno da imagem de Santana Mestra à comunidade rural de Santana de Patos, em Patos de Minas. Chamada carinhosamente pelos moradores de Senhora Santana, ela voltará para os tradicionais festejos dedicados à mãe da Virgem Maria e avó de Jesus. Segundo monsenhor Leandro Siqueira Silva, titular da Paróquia Senhora Santana e vigário geral da Diocese de Patos de Minas, aumenta a expectativa para saudar a padroeira, cujo dia de homenagens é 26 de julho. As celebrações irão até o domingo (27), incluindo-se aí o tríduo em honra a Santana.

...o retorno da padroeira

A imagem esculpida em madeira desapareceu do templo, distante 30 quilômetros da sede municipal, no início da década de 1980. A Coordenadoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Artístico/Ministério Público de Minas Gerais recebeu, na sua plataforma Sondar, a denúncia de que fora localizada num antiquário de BH. Investigações mostraram que a peça foi comprada em 27 de janeiro de 1984, no Rio de Janeiro. Passando atualmente pelo processo de restauração liderado por monsenhor Leandro Siqueira, a Igreja Matriz de onde a imagem foi levada segue o estilo artístico do Barroco mineiro.

Parede da memória

Nunca se falou tanto em conclave, Vaticano, sumo pontífice, reunião de cardeais e demais temas ligados à despedida de Francisco e escolha de Leão XIV, que ocupa agora o trono de São Pedro. Pois vamos lembrar aqui a Praça do Papa, no Bairro Mangabeiras, em BH, seis meses antes da histórica visita de João Paulo II, canonizado em 2014, e, portanto, São João Paulo II. Em janeiro daquele ano, o espaço público era apenas um gramado sem qualquer estrutura aos pés da Serra do Curral. Três anos depois, em 13 de março de 1983, foi inaugurada ali a Praça Israel Pinheiro, em homenagem ao ex-governador (1896-1973) mineiro. Mesmo com o nome do político nascido em Caeté, todo mundo chama o lugar de Praça do Papa.

Encontro regional 1

Começa na quinta-feira (22), em São João del-Rei, o Encontro Regional promovido pela Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais. Apresentando edições trimestrais itinerantes, o evento foca em formação e qualificação de pessoal nas áreas de cultura e turismo. Entre os objetivos da associação, que reúne 36 municípios, estão descentralizar e interiorizar suas ações e abrir novos horizontes para as prefeituras, de olho nas tendências mundiais de desenvolvimento do turismo local e regional. Um dos destaques do primeiro encontro, que termina na sexta-feira (23), está na oficina de sineiros (foto), bem cultural imaterial de São João del-Rei.

Encontro regional 2

Realizado na Rotunda de São João del-Rei, no Centro da cidade, o Encontro Regional terá sessão de abertura (9h), com a palavra do presidente da Associação das Cidades Históricas, Angelo Oswaldo, prefeito de Ouro Preto. Em seguida, o prefeito de Congonhas, Anderson Cabido, falará sobre “Gestão pública transformadora: Cultura e turismo como motores de desenvolvimento de uma cidade histórica”. Às 11h, será a vez do presidente da Fundação Clóvis Salgado, Sérgio Rodrigo Reis. Em sua palestra, ele aborda “As cidades históricas no Palácio das Artes e o Palácio das Cidades: Os desafios da gestão cultural e as oportunidades de negócios e parcerias”. Inscrições gratuitas pelo email: cidadeshistoricasdeminas@gmail.com

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Busca de recursos

Após oito anos em restauração, o Santuário Arquidiocesano da Santíssima Eucaristia, mais conhecido por Igreja da Boa Viagem, em BH, vai passar por novas intervenções, desta vez nos pináculos e duas torres. Serviço orçado em R$ 8 milhões. Para obter os recursos, a paróquia se mobiliza fazendo eventos, a exemplo do 8º Churrasco e 1º Arraiá dos Amigos da Boa Viagem, que será realizado no próximo sábado (24) no Condomínio do Recanto do Lazer, em Casa Branca, Brumadinho, na Região Metropolitana de BH. Venda de convites pelo telefone: (031) 3222-2361.

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