Fiéis se reúnem em BH para as celebrações de Corpus Christi
Tapetes devocionais tomam conta da Igreja de São José em um momento de fé e devoção no feriado desta quinta-feira (19/6)
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Siga noEm uma manifestação de fé e tradição, ruas de cidades mineiras estão cobertas de cores na manhã desta quinta-feira (19/6). Os tapetes devocionais tomam conta de diversos espaços para as procissões e celebrações da Festa de Corpus Christi. Na escadaria do Santuário Arquidiocesano São José, no Centro de Belo Horizonte, fiéis se reuniram em meio à ornamentação com serragem, e as missas já são realizadas desde às 7h.
Entre as estampas dos tapetes, a logomarca do Jubileu da Esperança, a hóstia, o cálice e as imagens de Nossa Senhora e de Jesus Cristo, como informa o coordenador do grupo, Renato Alves de Sousa. Realizada sempre em uma quinta-feira – referência ao dia da Semana Santa em que é revivida a última ceia de Jesus com seus discípulos, instituição da Eucaristia –, a Festa de Corpus Christi integra o calendário da Igreja desde o século 13.
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Durante a celebração, os cristãos católicos acompanham grandes procissões com o Santíssimo Sacramento, “a Eucaristia, para testemunhar, publicamente, a fé na presença de Jesus no pão e no vinho consagrados”, como explica a nota da Arquidiocese de BH. No Brasil e em outros países, é comum os fiéis enfeitarem as ruas com tapetes de serragem para a procissão com o Santíssimo.
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Reitor do Santuário Arquidiocesano São José, o padre José Luís Queimado celebrou a missa das 8h30. "Para todo católico, nos baseamos no que Jesus diz no Evangelho de João: 'eu sou o pão descido do céu. Quem come deste pão viverá eternamente'. Então, nós estamos nos alimentando deste pão. A Igreja, há quase 800 anos, promulgou essa festa para que nós expressássemos publicamente a nossa fé, saíssemos pelas ruas e disséssemos: 'aqui está o corpo de Jesus, a presença real de Jesus na eucaristia'", diz.
Em uma expressão da fé pública, continua o padre, as pessoas enfeitam ruas, as igrejas e suas escadarias, por onde passa o ostensório, o objeto bonito que mostra Jesus, como descreve. "É uma procissão belíssima, em cima desses tapetes, que preparamos com muita alegria", diz o religioso, que também fala sobre a importância da fé. "A fé ajuda as pessoas a saírem de um buraco, de onde muitas vezes não se vê saída. No fundo de um poço, nós não vemos escada, não vemos cordas, não vemos pessoas para nos ajudar. Então, a fé é como uma luz de esperança, que vai iluminando o caminho. Eu posso atravessar esse vale de lágrimas, e a pessoa precisa dizer: eu quero, eu creio. Fé quer dizer liberdade".
Moradora de Juiz de Fora, na Zona da Mata, a aposentada Maria Amélia Alves Moreira veio para BH participar da missa de Corpus Christi, para ela um compromisso. "Hoje é um dia muito importante, é acreditar que Jesus está vivo. Muitas vezes a gente fica esperando um milagre muito grande, e não observa as coisas pequenas. Já recebi muitas graças. A fé é acreditar em algo que você não vê, não pega, não sente, mas sabe que pode confiar", diz.
Metalúrgico aposentado, Paulo Nazareno de Carvalho, de 71 anos, esperava para acompanhar a missa das 10h. Ele é paroquiano no Santuário Arquidiocesano São José. Para Paulo, esse é um momento que convida a tentar melhorar na vida. "Do jeito que as pessoas andam, só Deus mesmo para ajudar. Sem fé a gente não consegue nada. Tudo que eu tenho consegui através da minha fé em Deus", conta, ele que tem a religiosidade como herança de família. "Desde pequeno minha tia levava a gente para a igreja, e isso continua até hoje".
O porteiro Maxson Willian Junior da Silva, de 34 anos, levou o pequeno Enzo Lucca, seu filho de três anos, para conhecer a igreja. É a primeira vez que ele vai à celebração de Corpus Christi no santuário, para ele uma experiência especial. Maxson diz que é uma pessoa de fé, mas estava afastado da igreja. "Eu estava desviado, mas agora voltei firme. Tenho batizado, crisma, primeira comunhão, e agora estou participando da eucaristia. Casei no religioso. Estava afastado mesmo. Para mim não há palavras. Esse é um momento único. De nos voltarmos para dentro de nós, de ter fé".
Mãe e filha, Adriane Carvalho Moraes Scarano, supervisora de atendimento, de 52 anos, e Roberta Moraes Scarano, de 26, estavam na igreja para agradecer, e não escondiam a emoção. Adriane acaba de passar por uma cirurgia para retirada de uma hérnia. Elas costumam participar de celebrações de Corpus Christi, mas na Igreja de São José para a ocasião é a primeira vez. "O tapete, a decoração... tudo lindo", diz Roberta. "Nós somos pessoas de fé. Acreditar em Deus é o que vale a pela. Quem crê nele tem tudo. Deus está à frente de tudo", reforça Adriane.
Cristo presente
O padre Amélio de Oliveira comandou a missa das 10h. Ele explica que Corpus Christi significa celebrar o corpo e o sangue de Cristo, o que remete à Quinta-feira Santa, quando Jesus instituiu a Santíssima Eucaristia, o sacerdócio e o mandamento do amor. "Na Eucaristia nós encontramos com Jesus vivo e presente em nosso meio, uma presença real. Como dizia Santo Afonso de Ligório, no Santíssimo Sacramento, Jesus nos espera noite e dia, a qualquer momento, para que nós possamos ir, conversar com ele, louvar, pedir a sua graça, sua bênção, sua proteção".
O religioso diz que a fé ajuda a caminhar com mais profundidade, a ter esperança diante das dificuldades, a entender que a vida na Terra é uma preparação para a vida eterna, o encontro com o Senhor. "A fé nos leva a doar nossa vida para as pessoas mais necessitadas, assim como Jesus fez. O sacramento da eucaristia é doação, é entrega, é amor pleno. Então, que a nossa vida também seja uma vida eucarística no sentido de doação e entrega aos mais necessitados".
Os irmãos Zenilca Borges, de 80, e Eduardo Borges, de 74, estavam de mãos dadas para celebrar a presença de Cristo. Moradora de Lavras, Zenilca veio à capital a passeio e aproveitou a oportunidade para acompanhar a missa. "É tempo de mostrar o quanto cremos no Cristo e na hóstia consagrada. Não o Cristo morto, mas o Cristo vivo, que está presente entre nós. Para mim a fé é entrega", conta a aposentada. Para Eduardo, o chamado de Corpus Christi é para analisar a própria vida e pedir perdão pelos erros. "Também pedir proteção para Jesus, e para que ele renasça no nosso coração".
Torcida de Deus
A programação religiosa na capital destaca ainda o maior evento católico de Minas Gerais, a 16ª Torcida de Deus, que completa 50 anos e será no Mineirão, na Região da Pampulha. A última edição ocorreu há uma década. O estádio recebe comunidades paroquiais da Arquidiocese de Belo Horizonte e caravanas do interior. O evento ocorre das 12h às 19h.
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A Torcida de Deus conta com apresentações artísticas e culturais, momentos de catequese e oração e a missa presidida pelo arcebispo dom Walmor Oliveira de Azevedo. Em seguida, haverá procissão com a Eucaristia (o Santíssimo Sacramento), dentro do campo do estádio, em um “tapete” especialmente preparado.
Veja a programação em BH:
1) Santuário Arquidiocesano São José, no Centro.
Missas às 7h, 8h30, 10h e 11h30
2) Torcida de Deus
- 12h – Abertura dos portões - Apresentação da Orquestra Jovem de Brumadinho
- 13h – Oração do Angelus, conduzida por seminaristas do Seminário Arquidiocesano Coração Eucarístico de Jesus
- 13h20 – Boas-vindas e sentido da Torcida de Deus, com o bispo auxiliar dom Nivaldo dos Santos
- 13h20 – Catequese sobre a Esperança, com o bispo auxiliar dom Edmar José
- 13h40 – Apresentação musical, com Thiago Arancam
- 14h30 – Catequese Mariana com apresentação musical, com dra. Filó e Allyson Castro
- 15h20 – Homenagem a Nossa Senhora , com participação da Comunidade dos Arturos
- 15h30 – Catequese sobre a Laudato Sì, com o bispo auxiliar dom Júlio César
- 15h40 – Apresentação música, cultura e arte, com Marcus Viana
- 17h – Catequese Igreja Sinodal, com o bispo auxiliar dom José Otacio
- 17h07 – Compromisso com a Sinodalidade – VII Assembleia do Povo de Deus, com o bispo auxiliar dom Joel Maria
- 17h30 – Celebração Eucarística e procissão com o Santíssimo – arcebispo Dom Walmor Oliveira de Azevedo
- 19h30 - Encerramento
*Com informações de Gustavo Werneck