Médica sofre agressão brutal em UBS de Juiz de Fora; categoria faz protesto
Profissional da saúde de 55 anos foi socorrida pelo Samu com traumatismo cranioencefálico, além de fraturas no nariz e no braço
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Siga noUma médica de 55 anos foi brutalmente agredida por uma paciente em um dos consultórios de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), em Juiz de Fora (MG), na Zona da Mata, na tarde desta quarta-feira (25/6). Na manhã desta quinta-feira (26/6), profissionais de saúde paralisaram as atividades e fizeram uma manifestação.
Conforme registrado no boletim de ocorrência, a responsável pelo ataque seria uma mulher de 35 anos que alegou ter recebido, no último domingo (23/6), uma receita sem data, o que a impediu de acessar a medicação. Exaltada, ela retornou à UBS, localizada no Bairro Furtado de Menezes, e agrediu a médica com chutes, socos e pontapés. A mulher ainda usou uma pedra para atacar a profissional.
Antes de fugir, a mulher quebrou a vidraça da recepção com um capacete. Ela ainda não foi localizada pela polícia. O atendimento na UBS foi imediatamente interrompido.
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Segundo o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que recebeu o chamado às 16h30, a vítima foi socorrida com hematomas no rosto e queixando-se de dor abdominal. Ela sofreu traumatismo cranioencefálico, além de fraturas no nariz e no braço, sendo encaminhada ao Hospital da Unimed, onde, até o fechamento desta edição, permanecia internada com quadro de saúde estável.
Profissionais de saúde pedem melhor condição de trabalho
Na manhã desta quinta-feira, médicos e outros profissionais de saúde fizeram um protesto em frente ao prédio da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), na Avenida Brasil, por melhores condições de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde da cidade.
A PJF confirma que mais de 20 unidades aderiram à paralisação parcial. No entanto, a maioria retomou o atendimento ao longo da tarde. Na UBS onde aconteceu a agressão, o atendimento só será retomado na próxima segunda-feira (30/6). "A medida é necessária para viabilizar o acolhimento da equipe profissional, que está passando por acompanhamento, e para a realização de reparos no ambiente interno da unidade", explica o Executivo.
Devido ao protesto em frente à sede da prefeitura, os manifestantes foram recebidos em uma reunião. A informação foi confirmada ao Estado de Minas pelo presidente do Sindicato dos Médicos de Juiz de Fora e da Zona da Mata, Gilson Salomão.
"Ficou determinado que os profissionais, vítimas de violência física ou verbal, devem sempre comunicar o ocorrido à chefia imediata, responsável por repassar o caso ao supervisor da unidade. O novo protocolo determina ainda a comunicação à Ouvidoria de Saúde, que seguirá com o processo", afirma. Nesse sentido, o paciente que tiver cometido a violência poderá ficar proibido de receber atendimento na referida UBS.
A categoria tem outro encontro marcado com representantes do Executivo para a próxima quinta-feira (3/7). O objetivo será, entre outros pontos, debater sobre a segurança nas unidades.
Em entrevista à TV Alterosa, a médica Rosângela Nascimento avalia que não há reposição adequada de profissionais diante do aumento de demanda. "No Pam Marechal (localizado no Centro da cidade), que oferece um atendimento secundário, já teve algo entre 100 e 200 médicos. Hoje, não tem nem 50", declara. "Nós, profissionais de saúde, somos tão reféns quanto a população. Então não cabe que a insatisfação das pessoas seja reverberada contra nós", acrescenta o também médico Lucas Pereira.
Em nota, a prefeitura disse que "os episódios recentes de agressão, ameaça e depredação registrados em unidades de saúde da cidade são absolutamente injustificáveis" (leia mais abaixo). Na semana passada, um homem arremessou um tijolo contra a vidraça da recepção de outra UBS, na Zona Norte da cidade, por insatisfação com o atendimento recebido.
"Não se constrói um SUS eficiente desta forma", diz sindicato
Em nota, o Sindicato dos Médicos de Juiz de Fora e da Zona da Mata qualificou a agressão sofrida pela profissional na quarta-feira como resultado do "descaso" da administração municipal. "Não se constrói um SUS eficiente e humanizado desta forma, em cima das ruínas de uma classe ameaçada", diz trecho do texto encaminhado à imprensa. "É de se destacar que o Sindicato dos Médicos incluiu em sua pauta de reivindicações de 2025 a questão da segurança nos locais de trabalho, não sendo este item específico da pauta, como todos os outros, atendido pela administração municipal", completa.
"É hora da classe médica e do gestor público pensarem, com empatia e responsabilidade, nesta situação. Nada garante que não se repetirá. O sindicato exige respeito e diálogo. Essas reivindicações são o mínimo que se pode esperar da parte do empregador", enfatiza a categoria em comunicado.
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Prefeitura diz que está "aberta ao diálogo"
Em comunicado, a prefeitura frisa que sempre está "aberta ao diálogo, reafirmando seu compromisso com a valorização dos profissionais de saúde e com a garantia de um serviço público de qualidade para toda a população". "Situações de violência nas unidades de saúde não podem ser naturalizadas nem toleradas", pontua.
"A Secretaria de Saúde reforça que repudia veementemente qualquer forma de violência contra os profissionais do SUS, que diariamente se dedicam ao cuidado da população. Atitudes como essa são inaceitáveis e ferem não apenas a integridade física e emocional dos trabalhadores, mas também o princípio fundamental do respeito mútuo que deve reger a relação entre usuários e profissionais da saúde", finaliza.