Na Praça do Barreiro, Cristo Redentor é testemunha da falta de segurança

Do alto de um morro com 1.040 metros de altura, uma imagem do Cristo Redentor observa Belo Horizonte. A estátua fica em uma praça de mesmo nome no Bairro Milionários, Região do Barreiro, e é o queridinho da comunidade. O ícone local se tornou um ponto de encontro para a comunidade e conta com arena, aparelhos da academia popular, pista de caminhada e ampla área de convivência. Apesar disso, moradores reclamam da limpeza e falta de segurança no local.

Ao chegar na Praça Cristo Redentor, a reportagem do Estado de Minas encontrou a equipe de limpeza da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) da Prefeitura de Belo Horizonte varrendo uma grande quantidade de lixo, composto principalmente por embalagens de comida e bebida.

Segundo um dos trabalhadores, a situação é recorrente, em especial às terças-feiras, uma vez que jovens se encontram na praça para fazer festas. “Fica um dia sem limpar para ver, fica igual chiqueiro. O povo bebe e fuma muito. Se chover, é pior, o serviço é dobrado. No carnaval estava mais limpo que agora”, afirma o gari.

Pedro Eustáquio Bittencourt, que mora no bairro há mais de 50 anos, contou que a praça melhorou muito depois da reforma ser finalizada em 2023, mas lamentou a falta de cuidado dos frequentadores da área. “Hoje, ela está muito melhor do que era, é uma praça boa, mas falta o povo se conscientizar de que tem que cuidar da praça e não estragar. É muito lixo”, avalia.

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Procurada pela reportagem, a PBH informou que a varrição é feita duas vezes na semana, às terças e sextas-feiras, e que a coleta domiciliar de resíduos é realizada três vezes por semana: terça, quinta e sábado. “A SLU solicita a colaboração de todos na manutenção da limpeza, não descartando lixo no local”, disse em nota.

Drogas e falta de segurança

Além do lixo, foi possível encontrar vestígios de substâncias ilícitas como lança-perfume e MD próximo aos bancos. Entre as reclamações dos moradores está a falta de segurança, influenciada em grande parte pelo consumo de drogas. “À noite vão chegando pessoas e o clima fica pesado. A gente percebe que as pessoas usam drogas”, diz Bittencourt.

Esta também é a percepção de Eduardo, de 42 anos. Como mora na esquina da praça, ele também reclama de música alta e de motociclistas que passam empinando as motos e fazendo barulho. Para ele, a praça deveria ser mais valorizada pela Prefeitura, uma vez que se trata de um ponto turístico, e uma maior presença das forças de segurança.

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“A praça é um lugar bacana, um ambiente bom, mas precisa de mais segurança, principalmente no fim de semana. Se você vier aqui à noite, vai ver muitas pessoas usando drogas e, às vezes, dá confusão”, relata.

Uma moradora que não quis se identificar afirmou que a presença de câmeras “olho vivo” não inibem os jovens de usarem drogas ou jogarem lixo “para todo lado”. "Esse povo não tem vergonha não, saem um pouco de perto para usar droga e depois volta para fazer bagunça”.

Em nota, a PBH declarou que a Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte (GCMBH) atua no patrulhamento preventivo, visando garantir a proteção e segurança da população. Para isso, ações de patrulhamento com rondas periódicas são realizadas 24 horas por dia em diversos pontos da cidade.

A Prefeitura reforçou, ainda, que a Praça Cristo Redentor já recebe rondas frequentes e é monitorada pelo COP-BH por meio de três câmeras instaladas em pontos estratégicos. A GCMBH informou que o patrulhamento na região será intensificado.

Feira regional

Em breve, a comunidade local terá mais uma atração na Praça Cristo Redentor. Um projeto aprovado pela Prefeitura de Belo Horizonte prevê a realização de uma Feira Regional aos domingos, com trinta barraquinhas. O foco é no comércio de artesanato, artes plásticas, plantas e flores, livros, periódicos, antiguidades, comidas e bebidas.

Em 2 de abril, foi divulgada a abertura do processo de inscrição para os interessados, que teve início no dia 10 do mesmo mês, seguindo até 26 de maio. Nesta fase, foram selecionados 12 comerciantes.

Moradora da região há 11 anos, Débora Camargos, de 26 anos, costuma ir à praça com os amigos e com o marido. Ela declarou que pretende visitar a feira quando for inaugurada. “Acho que a feira vai ser boa para a comunidade. O povo precisa se conscientizar e parar de jogar lixo, fora isso, aqui é bem seguro e bem iluminado. A prefeitura está cuidando bem da praça”, disse a jovem.

A história da praça

Construído em 1956, o Cristo Redentor do Barreiro mede 11,8 metros, com a cabeça medindo 1,8m e o restante do corpo 10 metros. Sua base ocupa uma área de 4m², e seu abraço, de ponta a ponta, mede 13,5 metros.

Com um corpo oco sustentado por quatro colunas, o monumento é um projeto do engenheiro Mozar Moreira da Silva, com cálculos estruturais executados pelo engenheiro Domingos Baré e a parte de alvenaria feita pelo mestre de obras Raimundo Ribeiro. Já as mãos e a cabeça foram esculpidas por João Scuotto.

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Entre 2022 e 2023, a Praça do Cristo passou por obras de reforma e a estátua foi restaurada e a pintura renovada. Os trabalhos duraram cerca de 10 meses, com investimento de R$ 1,1 milhão, provenientes de recursos próprios da prefeitura e também de verbas via Ministério do Turismo.

Os serviços incluíram a recuperação da calçada portuguesa do platô superior da praça, e dos bancos. Na ocasião, foram implantadas pista de caminhada, área para equipamentos de ginástica, espaço para brinquedos com piso emborrachado, paisagismo, bebedouro, lixeiras, rebaixos para acessibilidade, adequação da escada e área de apresentações.