MG: Justiça nega pedido de liberdade para suspeita de esquema de agiotagem
Mulher foi presa em 2024, junto com outros dois familiares. Família chegou a movimentar cerca de R$ 2 milhões em empréstimos com juros abusivos em Juiz de Fora
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Siga noUma mulher de 28 anos, presa em junho de 2024 suspeita de chefiar um esquema de agiotagem em Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira, teve o pedido de habeas corpus negado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
De acordo com o desembargador Paulo Calmon Nogueira da Gama, a liberdade da suspeita representa risco à sociedade e à investigação criminal, já que ela integra uma associação criminosa que vem atuando de forma incisiva, organizada e causando "desestabilização social”.
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A mulher solicitou ao TJMG liberdade provisória, dizendo que tem uma filha de 10 anos e que, por esse motivo, sua prisão preventiva não se justificava. Os argumentos foram vencidos no julgamento, onde o desembargador Paulo Calmon Nogueira da Gama considerou que a organização comandada pelo pai da acusada emprestava dinheiro em quantias acima do permitido, a juros exorbitantes, e cobrava os valores se utilizando de ameaças de morte e retirando bens das casas das vítimas de forma violenta.
Diante disso, o desembargador entendeu que a liberdade da mulher representa risco à sociedade e à investigação criminal. Ele também apontou haver indícios de que ela integra "uma intrincada associação criminosa, com atuação na região dos fatos, que vem operando de forma incisiva, organizada e causando desestabilização social".
Segundo o magistrado, o grupo criminoso se dedica principalmente à prática de usura pecuniária, realizando empréstimos com a cobrança de juros abusivos que chegavam a 60% ao mês.
Relembre o caso
Três pessoas foram presas suspeitas de comandar um esquema de agiotagem em Juiz de Fora no dia 11 de junho de 2024. Na época, as investigações apontaram que o grupo movimentou cerca de R$ 2 milhões em empréstimos com juros abusivos. Entre os presos estão três homens, de 54 e 31 anos, e uma mulher, de 28 anos, todos da mesma família.
As apurações começaram cinco meses antes durante diligências de combate à lavagem de dinheiro na cidade. A família, apesar de morar no Bairro São Geraldo, teria “clientes” em outra regiões e atuava no esquema desde de 2020.
De acordo com o delegado Márcio Rocha, da 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Juiz de Fora, as vítimas tinham “grande receio” dos investigados, devido às constantes ameaças, “Além de cobranças de juros exorbitantes, que chegavam a 60%, tornando a dívida impagável”, acrescentou o delegado.
Conforme a corporação, as transações, em sua maioria, eram feitas via aplicativo de mensagem. Em um dos áudios captados, a mulher de 28 anos ameaça uma vítima. "Dia 10 você vai tá morta. Se eu não te encontrar até lá, pode ser que você me mande o PIX, mas eu te encontrando antes você vai tá. Aí não vai ter como você me enviar o PIX, beleza?", diz a suspeita.
O medo gerado pelas intimidações dificultou a coleta de denúncias e informações. “Em um caso específico, o grupo invadiu o comércio de uma vítima e roubou os bens presentes no local”, disse o delegado.
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A operação resultou na apreensão de cinco veículos, pedido de bloqueio de contas bancárias, apreensão de dinheiro, arma de fogo, munições e documentos de contabilidade. Também foram resgatados documentos e cartões de banco de possíveis vítimas. Segundo o delegado Marcos Vignolo, na época, o patrimônio estimado da família era de R$ 10 milhões.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice