Minas ganha dois memoriais: um para homenagear os 250 anos da Polícia Militar, outro para lembrar os primórdios do Colégio Dom Bosco. O terceiro está a caminho
Ouro Preto – Teve banda de música, discursos, demonstração de zelo pelo patrimônio, muito respeito pela nossa história e reverência a personagens ilustres. Em clima de festa, foi celebrada a abertura de dois espaços, um ao lado do outro, num hotel recém-inaugurado no distrito de Cachoeira do Campo, na ex-capital do estado. Os novos equipamentos culturais – “Memorial Primórdios”, da Polícia Militar de Minas Gerais, e “Memorial dos Salesianos”, a cargo da Inspetoria São João Bosco/Salesianos – ficam num imóvel que integra o complexo arquitetônico do Vila Galé Collection Ouro Preto, resort com investimento de um grupo português.
No sábado passado (24/5), a PMMG comemorou seus 250 anos, escalada que começou nessas terras localizadas atualmente a poucos metros da Rodovia dos Inconfidentes e a 25 quilômetros da Praça Tiradentes, no Centro Histórico de OP. O ponto inicial da história da instituição se deu em 9 de junho de 1775, com a criação, pelo então governador Dom Antônio de Noronha, do Regimento Regular de Cavalaria de Minas.
À Força recém-criada, a qual pertenceu o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, protomártir da Independência e patrono cívico da nação e das polícias brasileiras, caberia cumprir missões de naturezas militar e policial, especialmente no combate ao contrabando do ouro. O espaço que serviu de quartel da cavalaria (1779) e mais tarde atendeu à Coudelaria Real (1819) expõe documentos, livros, esculturas, linha do tempo, objetos de época e outros.
SALESIANOS
Sobre a casa da década de 1940, onde fica também o Memorial Salesiano, o padre Moacir José Scari, diretor administrativo e financeiro da Inspetoria São João Bosco, explicou: “Abrigava mulheres que trabalhavam no colégio e moravam longe com suas famílias. Assim, elas pernoitavam aqui algumas vezes”. O colégio esteve em atividade durante 100 anos, de 1897 a 1997.
Com destaque para uma tela do fundador da congregação salesiana, Dom Bosco (1815-1888), o memorial apresenta aos visitantes retratos de mestres e ex-alunos, uma antiga carteira escola, painel sobre uma sala de aula, pinturas e objetos que recontam essa trajetória educacional. Antes do educandário, a estrutura gigantesca sediou a Colônia Agrícola Dom Pedro II, renomeada posteriormente Colônia Agrícola Cesário Alvim.
O prédio restaurado e adaptado para o resort ficará em poder do grupo hoteleiro português durante 50 anos, por força de um contrato renovável. Segundo anunciou o presidente do Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, está programada a abertura de um memorial sobre o cavalo da raça mangalarga marchador, o que remente ao Quartel da Cavalaria (século 18) e à Coudelaria Real (século 19). Ele ficará no Centro Equestre MTostes, um dos atrativos do resort.
Os locais se encontram abertos à visitação também para quem não está hospedado no resort. Entrada franca, com horários ainda sendo definidos.
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CATEDRAL DE PARACATU TEM RECURSO GARANTIDO...
Em setembro, o EM esteve em Paracatu e denunciou a situação de alto risco – para a população e o patrimônio – da Matriz Catedral Santo Antônio, tombada pelo Iphan. Em 2 de novembro, um pedaço de madeira despencou do teto, e o templo foi fechado. Agora, a prefeitura local divulga que firmou acordo com a Mitra Diocesana e o Ministério Público de Minas Gerais para destinar recursos à reforma emergencial do bem com mais de 290 anos. Serão investidos R$ 2,5 milhões nos próximos dois anos, sendo R$ 1,5 milhão em 2025, para obras emergenciais, e mais de R$ 1 milhão, em 2026, diz o prefeito de Paracatu, Igor Santos.
...MAS FALTA AGORA PARA IGREJA DO ROSÁRIO
Iniciativa muito bem-vinda, mas falta restaurar a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, de 1744, também alvo de denúncia aqui da coluna. Sob tombamentos federal e municipal, o templo em taipa guarda característica da área de transição entre Minas e Goiás. O problema atual reside na cobertura, o que levou à interdição do bem católico em dezembro de 2023. O projeto já foi aprovado na plataforma Semente, do MPMG.
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PAREDE DA MEMÓRIA
Quem passa na Praça Sete, bem no coração de Belo Horizonte, talvez nem imagine que os quarteirões fechados vieram 74 anos após a inauguração da capital (1897). No final de 1971, houve a requalificação urbana (foto) para ordenar o trânsito e favorecer os pedestres. Os quatro espaços fechados têm nomes indígenas: Krenak ou Crenaque (trecho da Rua dos Carijós, entre a praça e Rua São Paulo), Pataxó (Rua dos Carijós até a Rua Espírito Santo), Maxacali ou Machacali (Rua Rio de Janeiro até a Rua dos Tupinambás) e Xacriabá (Rua Rio de Janeiro até a Rua dos Tamoios). Inicialmente, a medida dividiu opiniões, mas prevaleceu o bom senso: seguiu, na época, uma tendência mundial, e estão lá até hoje.
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EXPEDIÇÃO 1
Em comemoração aos 200 anos da Expedição Langsdorff no Vale do Rio Taquaraçu, na Grande BH, um grupo de mineiros (foto), em caiaque e a cavalo, visitou cachoeiras, ranchos e outros locais por onde passou uma das mais importantes expedições científicas realizadas no Brasil no século 19. Comandada pelo médico e diplomata alemão (a serviço do império russo), Georg Heinrich von Langsdorff, o Barão de Langsdorff (1774-1852), a incursão pelo interior de Minas reuniu botânicos, zoólogos, etnógrafos e linguistas.
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EXPEDIÇÃO 2
Como desdobramento da expedição batizada “Taquaradorff”, os canoeiros vão cadastrar e implantar a Trilha Aquática do Rio Taquaraçu, que será norteada pelo turismo de base comunitária. Em pauta, levantamento das degradações ambientais, programas de educação ambiental e sensibilização dos proprietários rurais. Na comunidade de Taquaraçu de Baixo, em Santa Luzia, causou tristeza ver a situação do Teatro São Francisco (foto), um dos únicos do mundo erguidos no meio rural.
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“ESTRANHO FAMILIAR”
Durante muitos anos, o padre Marcelo Souza e Silva esteve à frente das obras de restauração do Santuário Arquidiocesano da Santíssima Eucaristia, mais conhecido como Igreja Boa Viagem, em BH. Agora em outras frentes de trabalho, o sacerdote lança hoje (2 de junho) o livro “Estranho familiar” (foto), compartilhando suas intuições, origens, ancestralidade e “explorando as complexidades e beleza das relações humanas que moldam quem somos”, conforme revela. Será às 19h30, na Igreja Boa Viagem (Rua Sergipe, 175), na capital.